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Introdução IV

Á sua esquerda – Tumulo de Ismail, o Sâmanida, em Bukhara, edificado por volta de 943. É aqui evidente o esquema da sala cúbica coberta por uma cúpula. Os tijolos estão dispostos por forma a constituírem uma rica ornamentação que faz lembrar o entrançado vime (pode ver-se o desenho ao lado). A fila superior de nichos é também predominantemente decorativa. Trata-se de um dos primeiros exemplos da ornamentatividade parietal que virá revestir os monumentos Persas de cores resplandecentes.

A religião Islâmica, ao alargar os seus vínculos a todos os aspectos da vida, tinha, por isso mesmo, um carácter social. Isto provocou um certo mecenato, uma vez que um rico ou poderoso, embora mandando construir para a sua própria glória, prestava um serviço ao povo. As escolas, os hospitais e os caravansarais tinham uma função exclusivamente pública; até ao mesmo determinados grandes túmulos foram rodeados de jardins públicos e constituíam locais de acesso livre para as reuniões.
A arquitectura religiosa exprime-se, no Islão, em cinco edifícios principais: a Mesquita, o Minarete, a Madrassa, os conventos fortificados e o mausoléu funerário, que descreveremos em detalhe.
O Muçulmano pode orar onde desejar, em casa, no local de trabalho, em campo aberto. No entanto, foi sempre dada grande importância à oração em comum e a Mesquita (termo derivado da palavra árabe masjid, local onde as pessoas se prostram) destina-se a cumprir essa função. O momento da oração em comum – seguida de uma prédica – é ao meio-dia das sextas-feiras, razão pela qual as Mesquitas mais amplas, ou seja, próprias para este acto de culto, são chamadas de Mesquitas da Sexta-Feira (masjid-i-giami), ou também, sobretudo no Ocidente Islâmico, Grande Mesquita. Por outro lado, as Mesquitas eram utilizadas para diversos outros fins: administração da justiça, ensino, como abrigo para sábios em peregrinação, refugio para os perseguidos. Em muitos casos, de facto, sobretudo nas aldeias, elas eram coligidas a hospícios, cozinhas públicas e hospitais.

O Gur-Emir, ou Sepulcro de Tamerlão, em Samarkanda. O conjunto inteiro foi erguido em dois anos (1404-1405). Dois profundos iwan precedem uma vasta sala de planta cruciforme, com exterior octogonal sobrepujada por uma bela cúpula sobre um tambor, com uma magnífica em cerâmica; após a queda dos dois minaretes que a ladeavam, a sua verticalidade ficou ainda mais realçada.

Antes da Oração, o Muçulmano deve purificar-se com uma série de abluções, pelo que em todas as Mesquitas existe uma fonte, frequentemente ao centro do pátio que antecede a “sala de Oração” (haram). O fiel, por seu turno, durante a Oração, deve virar-se para Meca, pois a parede do fundo da Mesquita está virada para a cidade Santa (Meca), e esta direcção (qibla) e indicada por um pequeno nicho (mihrab), derivados dos nichos Bizantinos, o qual, com o correr dos séculos, se torna na parte mais preciosamente ornamentada do edifício. Junto ao mihrab, à direita, surge o púlpito (minbar), que pode ser de mármore, de alvenaria ou de madeira, segundo um esquema que permanecerá imutável: uma escadaria com os lados ricamente trabalhados ou esculpidos leva a um estrado descoberto ou encimado por um baldaquino de tecto cónico, ou ainda coberto por uma cúpula. Sobre o minbar, um Muçulmano (em regra, qualquer um, mas por norma um doutor em teologia ou uma personagem importante) pronuncia o sermão de sexta-feira ou arenga aos fiéis.
Nas grandes Mesquitas, diante do mihrab, pode encontrar-se um pequeno palco elevado (dikka), de onde aquele que dirige a oração colectiva está bem à vista de todos. Em certas Mesquitas, ao lado do mihrab situa-se um recinto (maqsura) em que o príncipe tomava lugar, a fim de se furtar aos olhares dos importunos e também para se defender de atentados.

A grande Mesquita de Isfahan (Irão). É a mais antiga Mesquita a apresentar um iwan ao centro de um dos lados do pátio. Aqui, vê-se o iwan do lado Sul, o principal, que dá acesso à sala do mihrab, coberta com uma grande cúpula. Iniciado na época Seldjúquida (séculos XI-XII), o conjunto arquitectónico só foi terminado com ricas ornamentações do século XV. O esquema dos quatro iwan talvez provenha da casa Persa que antecedeu a invasão Mongol.

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