Posted on

Introdução VI

A Madrassa tinha-se desenvolvido na Pérsia como escola do Alcorão e, numa primeira época, consistia apenas num grupo de salas agregadas à mesquita. Em seguida, torna-se numa construção separada que adopta o sistema do pátio com quatro pórticos, ao centro dos quais se abriam portais com iwan, ligados entre si por saletes e quatro escolas teológicas provenientes das diversas interpretações do Alcorão em matéria legal: Hanafita, Hanbalita, Shafiita e Malikita. Foi nesta disposição que também se inspiraram os construtores de mesquitas, nas quais, no entanto, se dá particular relevo ao iwan que conduzia à sala de Oração, coberta por uma grande cúpula.
Os ribat, ou conventos fortificados, eram edifícios ligados às obrigações da guerra santa, usados tanto para o retiro e a oração, como para a defesa dos ataques dos inimigos. A sua planta, semelhante à da Madrassa, era quadrada. Constituídos por torres de vigia com quatro ângulos, dispunham de quatros para habitação, armazéns para armas e mantimentos e de uma Mesquita ao longo do lado interior da muralha que estava virada para Meca.
O mausoléu funerário foi introduzido no Mundo Islâmico pelos Seldjúquidas. Originalmente, teve duas formas, desenvolvidas no Khorasan: a torre sepulcral de planta redonda, poligonal ou em estela, de forma muito esguia e coberta por uma cúpula, ma maior parte das vezes, escondida do exterior por um tecto cónico; e a kubba, sala quadrada coberta por uma cúpula. Os Mongóis do período de Tamerlão (Timuridas) e os da Índia (Moghul) adoptaram um iwan pouco profundo como portal de entrada e foi frequente disporem-no sobre todos os quatro lados do edifício. Da época do Imperador Moghul Akbar em diante, nos mausoléus mais imponentes, os iwan das fachadas eram flanqueados por dois níveis de pequenos nichos com loggia. Nos ângulos destes mausoléus, surgem muitas vezes quatro minaretes, relevando ser frequente a kubba e a Mesquita de planta central inspirarem-se num mesmo esquema.

A Mesquita Azul em Isfahan. A tipologia da construção religiosa, originalmente constituída por um pátio com um lado coberto, evolui na Pérsia com pátio central em cujos lados se abriam pórticos de dois pisos e, ao centro, o grande iwan (habitualmente, de entrada, dois de acesso às salas e o que fica virado para a qibla para entrar na sala das orações).

Deve, por fim, recordar-se o aspecto das edificações civis, quanto mais não seja pela importância que vieram a ter no Mundo Europeu. A casa de habitação Islâmica variou, como é evidente, em conformidade com as épocas e as regiões.
Nas ricas residências das dinastias Omeiade e Abássida subsistiram elementos deveras reconhecíveis do período Sassânida, os quais, por sua vez repetem a estrutura dos grandes palácios partas. A adopção do iwan constitui um elemento significativo de tal descendência. Sabe-se que a residência senhorial Omeiade previa a existência de três salas abertas para um dos lados do pátio. As casas Abássidas, pelo menos em determinadas zonas, eram muito mais amplas, com vários pátios interiores para os quais abriam numerosíssimas salas, sendo uma delas um grande salão. O encontro da arquitectura Islâmica com a Espanhola produziu vários tipos de habitações, onde a única nota recorrente é a presença do pátio interior, que tão vulgar se viria a tornar, até à época moderna, na América Central.
É um caso à parte a construção civil Turca, na qual, para enfrentar os terramotos, predominavam as estruturas lineares, em especial nas partes superiores dos edifícios. Tal predomínio é testemunhado com segurança pelo menos desde o século XVIII, quando a madeira tinha vasta utilização também no interior das partes em alvenaria, especialmente nos sofitos e no revestimento das paredes.

A Mesquita Azul, ou Ahmedié Cami em Istambul (Turquia), erigida por Mehmed Aga, para o Sultão Ahmed, entre 1609 e 1617. Típico exemplar da arquitectura Otomana, apresenta todos os elementos tradicionais: o característico jogo das cúpulas e semi-cúpulas e o uso de torrinhas angulares estabilizadores; o grande pátio de entrada, a fonte. A Mesquita erguia-se no centro de um conjunto com escola, mercado, hospital, etc.

A fonte do Sultão Ahmed III, construída em 1728, em Istambul (Turquia), perto da entrada do Serralho. De evolução em evolução, os motivos peculiares da arquitectura Islâmica modificaram-se mas não se transformaram: também aqui, como no tumulo do sheik Abdulalah muito mais antigo, se encontra uma sala cúbica sobrepujada por uma coluna, que coroa em tecto (neste caso, de chumbo) de abas muito inclinadas; apenas foram acrescentadas as quatro torrinhas angulares à Indiana. A fonte é um dos exemplos mais representativos do chamado período das túlipas.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.