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A Europa também é o Islão

Tariq Ramadan

“A Alhambra demonstra que a Europa também é o Islão”.

Foi intenção de Tariq Ramadan, intelectual Muçulmano de nacionalidade Suiça e origem Egípcia, manifestar-se a respeito de recentes declarações de Bento XVI, o qual considera que o Cristianismo é a religião sobre a qual se fundou o conceito de Europa. “Nada está mais longe” – diz o pensador – “porque a presença d’Alhambra demonstra que a Europa também é o Islão”.

Ramadan faz menção ao que Al-Andalus significou para a criação da ideia Europeia e lembrou ao Papa que “não se pode usar o passado para o sectarismo”. “O Papa receia que se reconstrua um passado de pluralidade, que se recorde que o Islão pertence à História da Europa, que se fale do pluralismo do passado”, esclareceu Tariq. O intelectual, nesse território entre fé e cultura, considera que “existe uma religião do silêncio, que é aquela que se encontra a meio caminho entre Oriente e Ocidente. A religião é um meio – acrescenta ele – que pode ser utilizado para a paz e também de uma forma dogmática por alguns Estados, como é o caso dos Estados Unidos da América, que usam a religião para o mal”. O Islão não é culpado pelo integrismo, senão pelas suas “más interpretações. A democracia é boa, mas também é empregue quando é mal utilizada para invadir um país”, realçou.

IMIGRAÇÃO

Relativamente ao problema da imigração, o intelectual considera que a chegada massiva de Muçulmanos aos países Europeus deu origem a “uma grande crise de identidade”. Usando a Grã-Bretanha como exemplo, verifica-se o seguinte: “Um país onde existem cidadãos provenientes de diferentes partes do Mundo, de diferentes religiões, e que agora se questionam sobre o que é ser Britânico e onde está o Britânico”. Caminha-se para a mestiçagem e, o problema, é que se tem medo, “mas não há que culpar o Islão, porque os Muçulmanos são cumpridores da Lei; há que culpar, sim, a actual situação sócio-económica”.

“Numa cidade como Bruxelas – comentou – 30% da população é Muçulmana e, dentro de alguns anos, a cifra atingirá os 50%, e esse é um fenómeno imparável, a globalização”.

Tariq Ramadan defende que o problema não é que esta imigração seja de origem Muçulmana, a religião das pessoas que emigram, mas sim a integração na sociedade que a acolhe. Contudo, estima compreender a “percepção psicológica para com os Muçulmanos com todos os ataques terroristas do fundamentalismo”.

Ramadan recebe críticas tanto de Muçulmanos, como de Ocidentais, “os Islamistas Europeus atacam-me por criticar as suas interpretações do Alcorão e, enquanto Ocidental, sou criticado pelos políticos e poderes que defendem a invasão do Iraque”.

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