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A Mesquita de Jesus Cristo, uma homenagem à tolerância religiosa

Mundo Islâmico -  Fonte: Terra Actualidad / EFE

Desde há séculos que vivemos em paz com os nossos irmãos cristãos…e agora sentimos que esta Mesquita simboliza essa fraternidade

é muito raro que uma Mesquita leve o nome de Jesus Cristo, mas na localidade jordana de Madaba a população demonstrou que ainda há espaço para a tolerância religiosa.

“Desde há séculos que vivemos em paz com os nossos irmãos cristãos e agora sentimos que esta Mesquita simboliza essa fraternidade”, disse o advogado muçulmano Abd Hourout, após cumprir com as orações vespertinas.

Madaba localiza-se a 30 quilómetros do sul da capital jordana, Amã. Nesta cidade, os cristãos representam 10 porcento da população, num país onde os seguidores desta crença são apenas 5 porcento.

Chama a Madaba “A cidade dos mosaicos” pela riqueza dos seus vestígios bizantinos. No solo da basílica ortodoxa de São Jorge, ainda há um mapa feito com peças de mosaico que descreve pormenorizadamente a Terra Santa durante o século VI.

Uma das Mesquitas recebeu há vários meses o nome de Jesus Cristo e, desde então, por uma ou outra razão, quer os líderes muçulmanos, quer os cristãos parecem satisfeitos com a experiência.

“Isto é uma mensagem para o mundo de que os muçulmanos consideram Jesus Cristo como mensageiro deles próprios, porque antecipou ao mundo a chegada do Profeta Muhammad (s.a.w.), explica à Efe o Imame da Mesquita, Belal Hanini.

“Também prova que o Islão é uma religião de tolerância, que não tem nada a ver com extremismos”, acrescenta Hanini.

E recorda que, há séculos, os seguidores do Islão e do Cristianismo vivem em paz e mantêm laços de fraternidade nesta região do reino hachemita, um firme partidário do diálogo entre os diferentes credos.

“O nosso Livro sagrado, o Alcorão, ordena-nos a não distinguirmos entre os Mensageiros. Consideramos Jesus (a.s.) como um irmão do nosso Mensageiro, o Profeta Muhammad (s.a.w.)”, sustem, por sua parte, o advogado Horout.

Este devoto muçulmano assinala, inclusive, as inscrições que estão fixadas nos muros interiores da Mesquita, atribuídas ao Alcorão, em honra de Jesus e de sua mãe, a Virgem Maria.

A Mesquita de Jesus Cristo foi construída pela família muçulmana Al Otaibi, que tem uma ampla história de ligação à área de Madaba e que também se tem destacado pelas suas boas relações com a comunidade cristã da zona da Jordânia.

“Queríamos fixar um exemplo que possa ser seguido em qualquer parte, a favor da coexistência entre as regiões”, disse Marwan al Oteibi. “Dar este nome ao nosso lugar sagrado também procura fazer com que todo o mundo compreenda que o Islão é uma religião de tolerância que desfruta da comunicação com os outros cultos”, insistiu.

A ideia de lhe colocar o nome de Jesus Cristo a esta Mesquita foi recebida com entusiasmo pelos líderes cristãos da Jordânia, que a consideram como um novo gesto de boa vontade por parte da maioria muçulmana.

“Como monoteísta, estamos satisfeitos por esta decisão tomada pelos nossos irmãos muçulmanos sobre Jesus Cristo e sua mãe. O sagrado Alcorão tem, inclusivamente, um “Surah” (capítulo) dedicado a ela,” disse à Efe o sacerdote Nabil Haddad, da Igreja Católica Grega.

“Nós”, acrescentou, “como seguidores de Jesus Cristo, ficamos comovidos com este passo, que foi recebido com enorme felicidade entre nós e vemos que a Jordânia é um modelo para a coexistência dos diferentes cultos.”

A decisão também recebeu o apoio do Ministério dos Assuntos Religiosos e Islâmicos.

Este gesto está de acordo com a decisão da Jordânia em fomentar o diálogo entre as religiões e as distintas civilizações”, afirmou Samir Qudah, responsável pela secção deste ministério encarregada de cuidar das Mesquitas.

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