Coord. por: M. Yiossuf M. Adamgy
(in Revista Al Furqán, nº. 184, de Novembro/Dezembro.2011)
‘Toda a alma provará o gosto da morte, e vos provaremos com o mal e com o bem, e a Nós retornareis’. – (Alcorão, 21:35)
Todos nós termos a certeza de que esta vida tem um fim, o que leva muitas pessoas a colocarem a si mesmas a seguinte questão: o que acontece após a morte?
Introdução
Muhammad (s. a. w. = paz e bênçãos de Deus estejam com ele), o último Profeta do Islão, que passou para a vida no Além em 632 d.C., disse o seguinte:
Gabriel visitou-me e disse-me:
‘Ó Muhammad, vives e no futuro morrerás, amas e no futuro partirás, pelo que aquilo que fazes nesta vida serás retribuído (…)’. – (Silsilah As-Sahiha).
Todos nós temos a certeza de que esta vida findará, o que leva muitas pessoas a questionarem-se sobre o que ocorrerá após a morte.
De um ponto de vista fisiológico, todos nós sabemos, como é evidente, o que acontece. Segue-se uma série de consequências naturais: o coração deixa de bater, os pulmões suspendem a respiração e cada célula do corpo, privada de sangue oxigenado, deixará de funcionar, a seguir a funcionar, durante breves instantes, de maneira anaeróbica, o que gerará o ácido láctico, a causa do ‘rigor mortis’, o endurecimento dos músculos do cadáver.
Portanto, quando as células começam a descompor-se, a rigidez muscular desaparece, a pele muda de cor e o cadáver é devorado por parasitas, permanecendo apenas os ossos e os dentes.
Mas não podemos testemunhar o que acontece à alma após a morte e quanto a isso os cientistas não podem apresentar respostas porque, até mesmo quando se trata de pessoas vivas, a alma não pode ser objecto de observação empírica, pois, isto está além das nossas capacidades. Então, é nestes momentos que devemos relembrar os conceitos da vida após a morte – a ressurreição e o Dia do Juízo Final – bem como estar cientes da existência de Um Criador Omnipotente, dos seus anjos, da sua predestinação, sendo que tudo isto faz parte da fé no que é invisível. A única maneira do ser humano ter alguns conhecimentos sobre estas questões passa pela revelação divina: ‘Ele possui as chaves do invisível, coisa que ninguém, além d’Ele, possui; e Ele sabe o que há na terra e no mar; e não cai uma folha (da árvore) sem que Ele disso tenha ciência; não há um só grão, no seio da terra, ou nada verde, ou seco, que não esteja registrado no Livro lúcido’. – (Alcorão 6:59).
Na Tora, nos Salmos e no Evangelho – as escrituras reveladas aos primeiros Profetas – é sempre mencionada a existência da vida após a morte, e é no Sagrado Alcorão, a última revelação de Deus aos seres humanos, através do seu Profeta Muhammad (s.a.w.), que podemos descobrir mais pormenores sobre a vida no Além. Para o crente, o que acontece à alma após a morte é evidente, e isso com quase tantos detalhes como aqueles que os cientistas sabem quanto ao que acontece ao corpo: ‘Não existem seres alguns que andem sobre a terra, nem aves que voem, que não constituam nações semelhantes a vós. Nada omitimos no Livro; então, serão congregados perante o seu Senhor’. – (Alcorão 6:38).
Além da pergunta ‘o que ocorre após a morte?’, é inevitável colocarmos a pergunta ‘por que razão estamos nós aqui?’, ou seja, ‘qual a finalidade da nossa vida?’, e, se respondêssemos apenas que estamos aqui para viver a vida, a pergunta relativa ao que acontece após a morte seria desprovida de sentido, pois, só é possível chegar a uma compreensão mais acurada se tivermos em consideração de que tem de existir, necessariamente, uma inteligência superior, que concebeu e criou este mundo, um Criador, que nos julga em conformidade com o que fazemos nesta vida. E é aí, então, que estas perguntas ganham a sua verdadeira dimensão: ‘Pensais, porventura, que vos criamos por diversão e que jamais retornareis a Nós? Exaltado seja Deus, Verdadeiro, Soberano! Não há outra divindade além d’Ele, Senhor do honorável Trono!’ – (Alcorão 23:115-116).
Como se isto não bastasse, toda as pessoas dotadas de inteligência observam que este mundo está repleto de injustiças e de opressão, regido pela lei do mais forte e, muitas vezes, dos corruptos, e é por essa razão que não podemos alcançar a plena felicidade nesta vida, quer isso se deva a uma carência em termos de conforto material, de amor ou de demais experiências almejadas; assim sendo, é evidente que esta vida não é apenas para ser vivida. Inclusivamente, algumas pessoas angustiadas pelos assuntos mundanos têm pouca fé ou, melhor dizendo, têm uma fé equivocada quanto à vida após à morte, algumas delas chegando até a suicidar-se. Afinal, pensam ‘O que tem a perder aquele que é rejeitado, mal-amado, infeliz, desesperado?’ No Alcorão lê-se textualmente: ‘Diz-lhes: E quem pode desesperar-se da misericórdia do seu Senhor, senão os desviados?’ – (Alcorão,15:56).
Então, como podemos nós acreditar que a morte é apenas o término da existência física e deste mundo, e que esta vida não passa de um produto cego da sua própria evolução? Como é evidente, na morte, e na vida, há muito mais do que isto.