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Alexandria, Capital da Cultura Islâmica 2008

Reportagem coordenada por: M. Yiossuf Adamgy (24/12/2008)

A Alexandria celebra este ano o título de “capital da cultura islâmica”, outorgado pela ISESCO, a Organização Islâmica para a Educação, Ciência e Cultura. Como parte desta celebração, são muitas as actividades que foram organizadas nesta cidade que chegou a ser capital do Egipto por mais de 1000 anos. Uma capital onde podiam ouvir-se até cinco idiomas: árabe, francês, inglês, grego e arménio (ou italiano, etc). A Alexandria era uma rica combinação, onde o Oriente e o Ocidente permaneciam em harmonia.

A conferência “Alexandria e a Cultura Islâmica” será, quiçá, a actividade mais destacada no momento. Conta com a participação de membros da mencionada ISESCO, bem como da Comissão Nacional de Educação, Ciência e Cultura do Egipto e outros académicos oriundos de fora do país. Esta conferência foi dirigida aos meios de comunicação e às associações e teve como objectivo principal educar e formar para a importância de continuar com o diálogo – entre civilizações e culturas – como componente central nos conteúdos comunicativos.

Entre os temas, estiveram o histórico carácter cosmopolita da comunidade alexandrina antes da chegada do período islâmico, a co-existência entre diferentes religiões, os intelectuais alexandrinos na idade islâmica – arquitectura e arte em geral – bem como um interessante ponto sobre as contribuições desta cidade para com o Islão. Aqui, convergem duas ideias: a Alexandria europeia e a Alexandria árabe. Sobre este dilema, falou o prestigiado Professor Dr. Mohamed Rafeek Khalil. Na apresentação do seu projecto sobre “O aspecto islâmico árabe vs. o aspecto europeu na cultura alexandrina,” concluiu dizendo que, apesar de Alexandria sempre ter sido uma cidade cosmopolita com uma identidade mediterrânea, nada pode negar o papel crucial das suas raízes históricas que se tornam mais e mais profundas ao largo dos séculos.

Os alicerces da Alexandria cosmopolita.

Hoje em dia, Alexandria conserva, não obstante o espírito das civilizações que encontraram nesta cidade, um lugar idílico para o seu desenvolvimento e força: a porta do Mediterrâneo. Com um porto marítimo de grande importância estratégica que unia as ricas civilizações gregas e romanas com África, foi ponto de desembarque das riquezas provenientes do Ocidente e também de piratas.

Alexandria é a segunda maior cidade do Egipto e conta com uma costa invejável, que muitos quiseram ter. A brisa do Mar Mediterrâneo penetra pelas suas ruas, envelhecendo fachadas, varrendo as ruas poeirentas e amolecendo os terríveis engarrafamentos de uma cidade ocupada e agitada.

A verdadeira Alexandria não é a que todos vemos. Para poder visitar a antiga cidade histórica, aquela fundada por Alexandre, o Grande, teríamos de submergir no mar. Já não há vestígios, embora, possamos ver milhares de ruínas, ptolemaicas, romanas, bizantinas e da era islâmica.

A multiculturalidade mistura-se com a multitude de religiões que aqui convivem, podendo encontrar-se igrejas católicas, anglicanas, protestantes, bem como ortodoxas – e ainda mais.

Encontramos também mesquitas tão conhecidas como a Abou El Abbas El Morsy, um sheikh que, chegado de Murcia, permaneceu mais de 30 anos em Alexandria e construiu esta mesquita. Para além das catacumbas greco-romanas, o anfiteatro romano ou o Pilar de Pompeia, conta com numerosos museus e com uma das maiores sinagogas do mundo.

Os parques e praias são mais um ponto a favor para motivar a vinda dos visitantes. Os turistas, claro está, não podem deixar de visitar a mítica Biblioteca de Alexandria.

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