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Choque ou coexistência pacífica?

Será que o Islão e o Ocidente estarão para se guerrearem? é possível para os habitantes da nossa aldeia global viverem pacificamente juntos e colherem os frutos da ciência e da tecnologia cujo estado de avanço está sempre a aumentar? Ou estarão as suas diferenças religiosas, culturais e civilizacionais predestinadas a criar conflitos e guerras entre eles? O assunto é tão importante que importa aos intelectuais e homens de estado, sobretudo Muçulmanos, prestarem-lhe uma séria atenção. Muitos intelectuais ocidentais estão muito preocupados com esta questão. Mas de forma nenhuma se encontram em acordo quanto à resposta.

Uma visão é a de que o choque entre a civilização ocidental e outras é inevitável, estando já em curso. Outra visão é a de que o verdadeiro choque encontra-se no seio da própria cultura ocidental. Uma terceira visão é a de que as pessoas de todo o mundo se direccionam para um libera- lismo político ocidental e para o capitalismo económico, e que estes sistemas constituem o ponto final da história em relação a estes assuntos.

Uma quarta visão é a de que a coexistência pacífica entre pessoas de diferentes culturas e civilizações é possível desde que elas adoptem uma democracia pluralista secular.

Qual é a posição Islâmica sobre este assunto importante e urgente?

Trata-se de uma posição inequívoca a favor da coexistência pacífica. Mas para se viver pacíficamente com os ou- tros é por vezes necessário estar completamente preparado para a guerra com eles.

Vejamos, pois, quais as razões para a coexistência pacífica:

  1. Racionalismo é uma parte inseparável da religião Islâmica, e esse racionalismo inclui o ingrediente importante de julgar as acções pelas suas consequências. Mas é naturalmente um racionalismo guiado por outros valores islâmicos. A acção preferível é aquela que resulta no maior bem, ou a menos má. Os principais bens a ser alcançados no Islão por exemplo, são bens que seriam aceites, em geral, pela maior parte das pessoas. Estes são: bem estar Espiritual e mental, uma vida humana, riqueza humana e honra. Julgada por este padrão racional e esses valores, a coexistência pacífica e a cooperação é definitivamente preferível a guerras e a choques em circunstâncias normais.
  2. Enquanto algumas religiões, ideologias seculares e teorias psicológicas ensinam que o ser humano nasce maldoso; enquanto outras ensinam que nasceu neutral entre o bem e o mal e é a sociedade que o dirige para uma via ou para a outra; enquanto outras acreditam ainda que não existe tal coisa como a natureza humana; enquanto algumas são descaradamen- te racistas e outras discriminatórias em alguns pontos, a posição Islâmica, pelas palavras do Profeta Muhammad (s.a.w.), é a de que toda a criança nasce boa. Quaisquer que sejam as crenças presentes ou o meio cultural dele ou dela, qualquer ser humano é um Muçulmano potencial. Ao olhar para pessoas de outras crenças e culturas, os Muçulmanos não se devem esquecer de ver a natureza original que reside por detrás da fachada dessas culturas.
  3. Portanto, o melhor favor que um Muçulmano pode fazer a um não Muçulmano é ama- velmente convidá-lo para o Islão; é persuadi-lo a ele ou a ela a regressar à sua origem natural. Mas ao fazer tal é necessário que o Muçulmano tenha em mente certos factos, e atenda a certos princípios, entre os quais está o facto de que uma vez que a fé é um assunto do coração, ninguém pode ser forçado a aceitá-la. Isto é compreendido no versículo em que se lê, “convida para o caminho do teu Senhor com sabedoria, e boa apelação, e discute com eles na melhor das formas”. Como pode isto ser alcançado senão numa atmosfera pacífica?
  4. Deus diz ao seu Profeta que por muito motivado que esteja em que as pessoas aceitem a fé, a maior parte delas não o fará. Ao mesmo tempo, Ele diz ao Profeta que ele é enviado como uma misericórdia para elas, e que a sua maior tarefa é nunca se fartar de as convidar para a verdade.
  5. A coexistência pacífica entre pessoas pertencentes a diferentes religiões e civilizações facilita-lhes o intercâmbio de benefícios materiais e intelectuais. Ajuda-as também a cooperar na resolução de problemas que se lhes deparam como habitantes de uma aldeia global: a droga, as doenças, a poluição, etc. Mas este quadro ideal de coexistência pacífica e cooperação não se pode alcançar se o Ocidente viver no medo constante de que a sua hegemonia será perdida, e por isso fizer o possível por privar os outros de se desenvolverem.
  6. Nenhuma pessoa racional que tenha uma ideia da quantidade de armas disponíveis no mundo e da extensão dos estragos que elas podem causar hesitará em ser contra todos os tipos de guerras, locais ou à escala mundial. Para evitar as guerras devemos contudo tentar erradicar tantas das suas causas quantas pudermos. Temos, pois, de lutar pela justiça e contra todas as formas de tratamentos injustos e agressões.
  7. Os Muçulmanos deveriam ter um importante papel nisto porque estão qualificados para isso. O Islão é uma religião que não compromete valores morais como a verdade e a justiça. Os crentes no Islão são impelidos a ser aliados uns dos outros independentemente da raça ou tempo ou lugar.
  8. Os Muçulmanos, a meu ver, apostam especialmente na paz. Se a paz prevalecer, o Islão terá uma maior oportunidade para ser ouvido e aceite no Ocidente, e em todo o lado. Muita gente no Ocidente e noutras partes do mundo estão a voltar à religião de tal modo que o que se chama “fundamentalismo” tornou-se um fenómeno universal. As pessoas descobriram que a ciência, por muito respeitada e valorizada que seja, não pode substituir a religião.
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