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Crise Mundial na Humanidade

Y. A., in Revista Al Furqán, nº. 180, de Março/Abril de 2011

Observamos uma crise mundial da humanidade no seu todo, que apesar dos enormes progressos materiais existentes, está desorientada, descontrolada, desequilibrada, egocêntrica e materialista; apenas interessada no ‘progresso’ (que não é nada mais do que um desenvolvimento verticalista e negativo) e profundamente ateísta (ou não se acredita em Deus ou não se pratica a crença em Deus, amando o próximo); o comum do irreverente (desrespeitoso), o irrisório (burla) do sagrado e a utilização da religião apenas como uma unidade política ou com-promissos sociais). Tudo isto é uma variação do ateísmo.

A actual civilização desenvolveu tecnologia suficiente para construir uma diversidade de formas e modos sobre o nosso planeta, incluindo até para o destruir. Mas descurou de estar em consonância com o desenvolvimento da natureza. Desenvolve conceitos específicos, mas esquece-se das leis universais… O equilíbrio entre as leis da física e os fenómenos biológicos é tão delicado que deve ser mantido de modo a não causar o caos total. Na frenética corrida para o caminho do desenvolvimento tecnológico está-se a quebrar esse equilíbrio de forma irreflectida… Além disso, o ser humano é condicionado para ser escravo deste desenvolvimento. Se a isto juntarmos a carência quer de valores espirituais, quer morais, o fomento do vício e da obtenção de riquezas fáceis, a ânsia desmedida de ‘poder ter’ e ‘ter poder’, que são a base da maioria das consciências individuais, assistimos à geração de uma consciência colectiva débil, que faz com que o desenvolvimento se oriente fundamentalmente para fins militares destrutivos e que depois se adapta, por razões económicas, numa situação de relativa paz a usos pacíficos.

A deterioração lenta e progressiva do meio ambiente, o uso irracional dos recursos naturais, a corrupção, o crime, a fome, a guerra, a intolerância, a falta de respeito pelo direito alheio, o ciúme, o egoísmo, a falta de princípios, o uso dos fortes contra os fracos, o assassinato de seres indefesos, a irresponsabilidade dos pais, as injustiças, a relação desproporcional de pessoas e nações a aumentar o seu poder à custa do sofrimento universal, a perseguição histórica entre opressores e oprimidos, que se complica, hoje, com a variação da perseguição ainda maior entre os próprios oprimidos, etc., etc.

Claro está que a humanidade pode escolher o seu progresso, dando-lhe orientação moral e social… No livro Preceitos de Ouro do Budismo Esotérico do Tibete, encontramos a seguinte mensagem: ‘Antes de dar o primeiro passo, aprende a distinguir o verdadeiro do falso, o sempre fugaz do sempre eterno. Aprende, sobretudo, a distinguir a sabedoria da cabeça (conhecimento) da sabedoria da alma (moral), a doutrina do olho da do coração. Na verdade, a ignorância assemelha-se a um vaso fechado e sem ar; a alma é um pássaro preso no seu interior. Não canta e não consegue mexer uma pena. Mudo e sem resposta, o pássaro está esgotado e morre. Mas mesmo a ignorância é melhor do que a sabedoria da cabeça, a menos que esta tenha também a sabedoria da alma para a iluminar e dirigir… Apesar de nos sentirmos poderosos e ainda que grandes nações se considerem intocáveis e invencíveis, deve-mos lembramo-nos que tudo tem o seu prémio, compensação e punição. Um átomo do bem que façamos será medido e pesado e um átomo do mal também o será, conforme menciona o Sagrado Alcorão. Até mesmo um átomo está sempre presente na mente de Deus, até os cabelos da nossa cabeça estão contados, como as Escrituras dizem. Estes são dias de julgamento e tudo acontece tão rápido que parece que os dias foram encurtados. Devemos orar, orar e meditar.

Muitos esquecem-se de se entregarem a Deus permanentemente. Por esta razão, antes de começar qualquer acção, o muçulmano menciona o nome de Deus, Clemente e Misericordioso, para pedir protecção, recordar a sua finalidade e garantir a inspiração da piedade. Mas também temos de trabalhar e tentar progredir, buscando inspiração em bases morais e espirituais. Jesus, um dos Profetas de Deus, paz esteja com ele, mencionou que não só de pão vive o homem. Mas mencionou o pão e na bela oração que nos ensinou, dirige-se ao Todo Poderoso e suplica-Lhe: ‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’.

Precisamos de trabalhar para esta vida, mas também para a outra e isso é maravilhosamente resumido num hadith (dito) do último Profeta de Deus, Muhammad, que a paz e as bênçãos estejam sempre com ele: Nós temos que trabalhar para esta vida, como se fossemos viver para sempre, mas ao mesmo tempo trabalhar para a outra vida como se fossemos morrer amanhã. Progresso e material de trabalho, mas por razões morais, a par de oração, através de oração, caridade e jejum. Como a mensagem bíblica diz: Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as outras coisas virão depois.

Se cada um mudasse de forma positiva, a humanidade resolveria os seus problemas.

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