Especial Hajj – A minha experiência da Hajj (2005/1425)
Perguntas postas a M. Yiossuf Adamgy (a respeito da Peregrinação a Meca)
Todos os anos, durante a Hajj (Peregrinação a Meca [ár. Makkah]), milhões de crentes vão a Meca.
Homens e mulheres vestem simples panos compridos sem costuras. As vestes são um símbolo. A pessoa que as veste concorda em não danificar plantas ou animais, nem ofender os seus parceiros peregrinos. Sem discussões, sem violência. Concordamos em manter a paz. As vestes são também um grande nivelador. Quem pode diferenciar os ricos dos pobres? Milhões deslocam-se a Makkah. Aqui, eu junto-me às pessoas de todo o mundo, todos estes seres humanos juntos pelo apelo de uma ideia, pela Unidade de Deus. Deixamos a nossa vida diária para trás e viemos a um lugar que quase não pertence a este mundo, um lugar cheio da presença quase tangível de Deus.
Para preservar esta santidade e proteger os peregrinos, o território sagrado em volta de Makkah é interdito a todos, excepto aos Muçulmanos.
Este local fica situado nas montanhas da Arábia Saudita, a 50 milhas do Mar Vermelho, uma cidade moderna de 1.2 milhões de pessoas. Andar em volta da Ka’bah em Meca é como andar à volta do mundo. Eu dou um passo fora da porta e num espaço de 14 metros estou na “Indonésia”. Ao fundo da rua e passadas duas lojas eu estou em “África”. O “Paquistão” fica mesmo ali ao virar da esquina e em seguida estou no “Bangladesh”.
Uma vasta maioria de 1 bilião e meio de Muçulmanos do mundo – 80 por cento – vivem agora fora do Médio Oriente. Há cerca de sete milhões que vivem nos Estados Unidos. Cinco milhões na França… Na Inglaterra…
Os deveres da Hajj são símbolos da história e obrigações do Islão. Antes de orar, os Muçulmanos lavam-se, representando um ritual de purificação. O deambular à volta da Ka’bah – o bloco de pedra negra na Grande Mesquita – é uma expressão do nosso desejo de colocar Deus no centro das nossas vidas.
Os peregrinos também fazem uma jornada a Mina e à planície de Arafat, a 13 milhas de Meca. Fazendo, por vezes, o nosso caminho a pé, trocamos as ruas das cidades e os seus edifícios por tendas e carpetes na areia da planície árida, abandonando os nossos confor-tos habituais, regressando ao essencial. Na planície de Arafat cumprimos a obrigação central da Peregrinação. Não há cerimónia. Nós caminhamos, oramos, meditamos. O espírito da Hajj penetra no coração e nos pensamentos de cada um de nós. Isto é um ensaio para o Dia do Julgamento. Como daremos conta dos nossos actos? Injuriei eu alguém? Sou suficientemente grato pelas simples dádivas da vida, água, comida, amigos, família e ar que respiro?
… Antes de deixar Meca, nós visitamos a Ka’bah uma última vez, fazendo o “Tawaf” de Despedida. Para a maioria de nós, esta será a nossa última visão do santuário, onde os Profetas da Antiguidade (paz esteja com eles) pisaram o seu Solo Sagrado. E que Deus nos deu agora a oportunidade de o fazer.
Há um velho provérbio que diz: antes de visitares Makkah, ela chama-te. Quando tu a deixas para trás, ela chama-te para sempre.