Por: M. Yiossuf Adamgy
O Islão é uma religião de paz e coexistência, no que respeita a uma ampla oportunidade de liberdade de expressão. Os Muçulmanos podem nele expressar as suas opiniões mesmo que elas sejam diferentes umas das outras.
A tomada de decisão no Islão é conseguida através de um consenso em todos os assuntos importantes, a superioridade do Islão sobre as outras religiões reside no facto de dar a maior importância à opinião do povo.
O facto está claramente ilustrado no Alcorão e nos Ahadice. O verso Alcorânico “Cujos assuntos são uma matéria de discussão” (42:38) prova que o Islão é baseado na democracia.
O Islão introduziu a decisão colectiva na sociedade Islâmica, (ijma’) ou consenso. O consenso tem sido a mais importante validação de várias decisões dentro do Islão há séculos.
O Profeta Muhammad (s.a.w) disse: “O meu povo não concordará com um erro”. A obrigação da autoridade de ijma’ (consenso) é baseada neste ditado (hadice). Este ditado prova que o mundo Muçulmano adoptaria este conceito de consenso.
O mecanismo do consenso também abre a possibilidade de deliberação pública e de debate, e assim, vários pontos de vista em desenvolvimento, tanto individual como colectivamente, têm oportunidade de serem ouvidos por pessoas que, eventualmente, chegarão a um consenso. Quando a decisão por maioria é alcançada, todos os membros da sociedade Muçulmana e não Muçulmana – devem tentar implementá-la. O iniciado aderente ou quem quer que seja que concorde com o ponto de vista da minoria deve aceitar a decisão da maioria e tentar implementá-la como um consenso.
O próprio Profeta Muhammad (s.a.w.) instituiu uma tradição ao não apontar o seu sucessor em vida e deixou isso para o povo decidir quanto ao seu líder. Os primeiros quatro Califas – Abu Bakr, Umar, Usman e Ali, (que Deus esteja satisfeito com eles) conhecidos como “Os Califas Iluminados” foram a escolha do povo.
O rei Umar-bin Abdul Aziz também se qualifica para ser colocado entre os Califas Iluminados, porque ele recusou publicidade ao aceitar o reinado com base na sua nomeação feita pelo seu pai. Ele aceitou o reinado apenas quando o povo o elegeu.
O Islão não está contra a “mudança” mas com certeza é contra a “coacção”. Os Governos estabelecidos não devem ser substituídos recorrendo a métodos erróneos, mas sim indo ao povo e fazê-lo compreender os benefícios do sistema dominante.
No Islão, as pessoas deverão votar contra o sistema político se não estiverem satisfeitas com ele.
No que respeita à democracia no Mundo Muçulmano da actualidade, Amir Butler escreveu:
“No imediato pós 11 de Setembro de 2001, Carly Fiorina, chefe executivo da Hewlett-Packatd, ao dirigir uma conferência sobre informação tecnológica no Minesota, falou de uma civilização cuja língua se tornou a língua da maioria do mundo, e cujos exércitos multiculturais encorajaram à paz e prosperidade, cujo comércio se estendia das Américas à China e que comandadas pela invenção deu à humanidade a álgebra e os algorítmos”.
“Essa civilização – disse ela à sua audiência – foi a civilização Islâmica até ao século XVII. Tratava-se de uma civilização que estava muito longe de ser corrupta; os regimes despóticos que governam as sociedades Islâmicas de hoje são uma civilização de sociedades que mergulhou numa estagnação intelectual e de subdesenvolvimento”.
Depois de liderar o mundo durante mil anos, na arte e nas ciências, o mundo Muçulmano dá por si a definhar no fundo das tabelas mundiais de literacia. Apesar do Profeta Muhammad (s.a.w.) ter deixado o povo escolher o seu sucessor, aqueles que, actualmente, governam sobre os Muçulmanos, ou são presidentes vitalícios ou monarcas.
O sistema de governo consultivo usado pelo Profeta Muhammad (s.a.w.) e seus sucessores foi hoje, infelizmente, substituído por sistemas de autoritarismo quase fascista que caracteriza a maioria dos países do mundo Muçulmano de hoje.