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Os Muçulmanos e o Natal

Por: Yiossuf Adamgy

Os Muçulmanos não celebram o Natal, mas respeitam e honram Jesus (paz esteja com ele)

Prezados Irmãos, Assalamu Alaikum.

Não obstante nós, Muçulmanos, não celebrarmos o Natal, respeitamos e honramos a personalidade em cujo nome esta festividade é observada. Por isso, desejamos Boas Festas aos Cristãos. Nós acreditamos que Jesus (paz esteja com ele) foi um grande Profeta de Deus. Cada Muçulmano honra-o, respeita-o e ama …

Pois o Alcorão Sagrado (Versão Portuguesa de M. Yiossuf Adamgy, certificada por Cheikh Munir e Moulana Rizwan, editada pela Al Furqán), diz em:

2:136: “Dize (ó Muhammad): Cremos em Deus (ár. Allah), no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacob, e às Tribos, e no que foi dado a Moisés e a Jesus, e no que foi dado aos Profetas pelo seu Senhor: Não fazemos diferenças entre nenhum deles, e somos submissos a Ele (Allah)”.

Aqui temos o Credo do Islão: acreditar (l) num Único Deus Universal; (2) na Mensagem recebida através de Muhammad e nos Sinais (versículos) interpretados na base de responsabilidade pessoal; (3) na Mensagem entregue pelos outros Mensageiros no passado. Esses são mencionados em três grupos: (a) Abraão, Ismael, Isaac, Jacob e as Tribos: destes apenas Abraão teve aparentemente, um Livro (87:19) e os outros seguiram a sua tradição; (b) Moisés e Jesus, cada um deles deixou uma Escritura; estas escrituras ainda existem apesar de não estarem na sua forma primitiva; (c) e outras escrituras, Profetas, ou Mensageiros de Allah, não mencionados especificamente no Alcorão (11:78). Não fazemos diferença entre nenhum desses. A Mensagem deles (essencialmente) era uma, e isso é a base do Islão.

2:137: “Se eles crerem como vós credes, estarão decerto no Caminho recto; mas se se afastarem, são eles que estarão em cisma; mas Allah dar-te-á forças contra eles 136 e Ele é o Exorável, o Sábio”.

Estamos, assim, na verdadeira linha daqueles que seguem a única e indivisível Mensagem de Allah, onde quer que tenha sido entregue. Se os outros restringiram-na ou corromperam-na, foram eles que deixaram a fé e criaram a divisão ou cisma. Mas Allah vê e sabe tudo. E Ele protegerá os Seus, e o Seu apoio será infinitamente mais precioso do que aquele que os homens possam dar.

3:42: “E (lembra-te) quando os anjos disseram: ‘Ó Maria! Na verdade, Allah escolheu-te e purificou-te e escolheu-te acima das mulheres de todas as nações'”.

Maria (ár. Mariam), mãe de Jesus (ár. Issa), foi única entre as mulheres, pois que deu à luz um filho mediante um milagre especial, sem a intervenção das habituais necessidades físicas para tal. Evidentemente que este facto não significa que Maria fosse um ser sobre-humano, ou que o seu filho fosse um ser sobre-humano. Eia tinha tanta necessidade de rezar a Allah, como qualquer outro mortal. O dogma Cristão, em todas as suas seitas à excepção da Unitarista, afirma que Jesus era Deus, e filho de Deus. A adoração de Maria tornou-se prática comum na Igreja Católica Romana, que apelida Maria de “Mãe de Deus”. Ao que parece, tal facto foi sancionado pelo Concílio de Éfeso em 431 D.C., um século antes do nascimento de Muhammad, nascimento esse que veio arrebatar as corrupções da Igreja de Cristo.

3:43: “Ó Maria! Sê obediente ao teu Senhor, prostra-te e curva-te com os que se curvam (na adoração)”.

3:44: “Esta é parte das informações das coisas ocultas, que Nós te revelamos (ó Muhammad). Tu não estavas presente com eles quando atiravam as suas canas, para saber qual deles seria encarregado de cuidar de Maria, e nem estavas presente com eles quando disputavam (a questão)”.

“Coisas ocultas”: pertence a uma esfera para além da própria percepção humana e, consequentemente, seria despropositado disputar ou especular sobre essas coisas.

Literalmente, “aqlam” = “canas”. Para o costume árabe de tirar a sorte com flechas. As Escrituras Cristãs apócrifas mencionam a discórdia que teve lugar entre os sacerdotes, em relação à honra que era o facto de ficar com Maria a seu cargo. Estas mesmas Escrituras referem, ainda, como tal disputa foi decidida mediante lançamentos de varas e canas em favor de Zacarias.

3:45: “E (lembra-te) quando os anjos disseram: “Ó Maria! Na verdade, Allah dá-te boas novas de uma Palavra Sua: o seu nome será Messias, 386Jesus, filho de Maria, ilustre neste mundo e no outro, e um dos mais próximos de Allah”;

Messias = “Massih”, em Hebraico e Arábico. Cristo: do Grego “Christos” = ungido: os reis e os sacerdotes foram ungidos de forma a simbolizar a consagração aos seus ofícios. “Muqarrabin”: mais próximos de Allah, cf. Alcorão, 56:11.

3:46: “Ele falará às pessoas no berço e na maturidade. E pertencerá ao número de justos”.

O ministério de Jesus (paz esteja com ele) perdurou apenas cerca de três anos, desde os seus 30 até aos 33 anos de idade, quando, aos olhos dos seus inimigos, ele foi crucificado. No entanto, o Evangelho de Lucas (ÏI, 46) descreve Jesus discutindo com os doutores do Templo, aos doze anos de idade, e até mais novo, quando era criança, ele era “fortalecido em espírito, cheio de sabedoria” (Lucas, 11.40). Alguns Evangelhos apócrifos descrevem-no pregando desde a sua infância.

3:47: “Ela disse: “Ó meu Senhor! como poderei ter um filho se nenhum homem me tocou?” Ele disse: “Assim é: Allah cria o que deseja; quando Ele ordena uma coisa, apenas diz: “Sê”, e ela acontece””.

Ela foi abordada por anjos que lhe anunciaram a mensagem de Allah. Em resposta, ela fala como que para Allah. Como réplica, aparentemente um anjo transmitiu-lhe, de novo, a mensagem de Allah.

3:48: “E Ele ensinar-lhe-á o Livro (a escrita), a Sabedoria, a Tora e o Evangelho”,

3:49: “E (fará dele) um Mensageiro para os Filhos de Israel (dizendo-lhes): ‘Na verdade, eu vim para vós com um Sinal do vosso Senhor, em que eu faço para vós, de um pedaço de barro, a figura de um pássaro; assopro-a, e ele transforma-se num pássaro (vivo) com a permissão de Allah; e curo o cego de nascença, o leproso, e faço ressuscitar os mortos com a permissão de Allah; e digo-vos o que comeis e o que armazenais em vossas casas. Na verdade, nisso está um Sinal para vós, se sois crentes”;

Este milagre dos pássaros de barro encontra-se narrado em alguns dos Evangelhos apócrifos. Os milagres referentes à cura de cegos, de leprosos, e ressuscitar os mortos estão patentes nos Evangelhos Canónicos. O Evangelho original (ver Alcorão, 3:48), nada tem a ver com as diferentes histórias escritas mais tarde pelos discípulos. A verdadeira Mensagem foi, porém, transmitida, directamente, por Jesus.

3:50: “E venho confirmar o que existia antes de num na Tora, e tornar legal parte do que vos estava proibido; e vim para vós com um Sinal do vosso Senhor. Portanto, temei a Allah e obedecei-me”.

3:51: “Na verdade, Allah é o meu Senhor e o vosso Senhor; então adorai-O. Este é o caminho recto.”

3:54: “E (os judeus) planearam (contra Jesus); e Allah planeou (contra eles): 393 E Allah é o melhor Planejador”.

O termo arábico “makara” tem um sentido negativo e positivo, no tocante à realização de um plano intrincado que possua algum propósito secreto. Os inimigos de Allah fazem-no constantemente. Mas Allah – em cujas mãos se encontra todo o bem – tem também os Seus planos, contra os quais os planos diabólicos nada podem fazer.

3:55. “(Lembra-te) quando Allah disse: “Ó Jesus! Na verdade, tomar-te-ei, e elevar-te-ei até Mim, e purificar-te-ei desses que descrêem (blasfemam); e colocarei os que te seguem acima dos descrentes, até ao Dia da Ressurreição: Então todos voltareis junto de Mim, e julgarei entre vós as questões pelas quais divergis”.

Ler esta passagem conjuntamente com 4:157, onde se afirma que:” Visto que eles não o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado”. A culpa de Jesus permaneceu, mas Jesus foi levado até Allah.

Jesus foi acusado por Judeus de blasfémia por reivindicar ser Deus, ou filho de Deus. Os Cristãos (exceptuando algumas seitas primitivas que foram aniquiladas pela perseguição, e a moderna seita Unitarista), adoptaram a substância da reivindicação, e transformaram na pedra fundamental da sua fé. Allah liberta Jesus de tal acusação ou reivindicação.

“Os que te seguem” refere-se a ambos: aos Muçulmanos (enquanto eles seguirem, verdadeiramente, os ensinamentos básicos de Jesus) e aos Cristãos (que reivindicam segui-lo).

Todas as controvérsias existentes a respeito do Dogma e da Fé desaparecerão quando nos apresentarmos perante Allah. Ele julgar-nos-á não só pelo que nós dizemos professar mas, também, pelo que somos.

3:56: “Quanto a esses que descrêem, Eu castigá-los-ei com severa punição neste mundo e no outro; e eles não terão quem os ajude”.

3:57: “Quanto a esses que crêem, e praticam boas acções (Allah) pagar-lhes-á as suas recompensas (por completo); e Allah não ama os injustos”.

3:58: “Isto que te recitamos são os versículos e a sábia Mensagem”.

3:59: “Na verdade, o caso de Jesus, perante Allah, é como o caso de Adão;Ele criou-o do pó, e depois disse-lhe: “Sê”, e ele foi”.

Após a descrição da elevada posição que Jesus ocupa como Profeta, nós repudiamos o dogma de que ele era Allah, ou filho de Allah, ou algo mais do que um homem. Se se afirma que ele nasceu sem um pai humano, Adão também assim nasceu. Na verdade, Adão nasceu sem pai e sem mãe humanos. Quanto aos nossos corpos físicos, eles nada mais são do que mero pó. Aos olhos de Allah, Jesus era tão pó, quanto o tinha sido Adão, ou é a própria humanidade. A grandeza de Jesus provém da ordem Divina: “Sê”, pois que após tal, ele foi – mais do que pó – um grande dirigente e mestre espiritual.

3:60: “(Tal é) a verdade (vinda) do teu Senhor, (ó Muhammad); não sejas, pois, desses que duvidam”.

A verdade não provém, necessariamente, dos sacerdotes, ou das superstições dos povos. Ela vem de Allah; e onde há uma revelação directa, não há lugar para qualquer dúvida.

3:61: “Se alguém disputar contigo sobre esta questão, depois do conhecimento que te foi dado, dizei-lhes: “Vinde, juntemos os nossos filhos e os vossos filhos, as nossas mulheres e as vossas mulheres, e nós mesmos e vós mesmos; então, humildemente, rezemos e invoquemos a maldição de Allah sobre os mentirosos!””

No ano das Deputações, no 10°. da Hégira, chegou uma embaixada Cristã proveniente de Najran (perto de Yaman, aproximadamente 150 milhas a norte de Sana’a). Eles ficaram muito impressionados ao ouvirem esta passagem do Alcorão, na qual se explica a verdadeira posição de Jesus, e empenharam-se em relações tributárias com o Novo Estado Muçulmano. Mas hábitos e costumes inveterados impediram-nos de aceitar o Islão, no seu todo. O sagrado Profeta Muhammad (paz esteja com ele.), firme na sua fé, propôs um “Mubahalah”, ou seja, um encontro solene, para o qual ambas as partes deveriam convocar não apenas os seus homens mas, também, as suas mulheres e filhos; rezariam humildemente a Allah, e invocariam a maldição de Allah para aqueles que mentissem. Os que possuíssem uma fé pura e sincera não hesitariam em fazê-lo. Os Cristãos declinaram tal proposta, e, por isso, foram convidados a retirarem-se dentro de um espírito de tolerância, com promessa de protecção por parte do Estado, em troca do tributo, “a paga da boa ordem”, como era denominada no “A’ini Akbari”.

3:62: “Esta é, na verdade, a narrativa autêntica; e não há divindade além de Allah; e Allah – Ele é, na verdade, o Poderoso, o Sábio”.

Por conseguinte, Jesus não é mais do que um homem. Vai contra a lógica e contra a revelação chamar-lhe de Allah, ou filho de Allah. Ele é tido como filho de Maria, de forma a dar mais ênfase a tal facto. Jesus não teve pai humano, uma vez que o seu nascimento foi milagroso. Mas não foi tal facto que o ascendeu a uma posição espiritual elevada, como Profeta, mas sim porque Allah o chamou para tal ofício. A glorificação é devida a Allah. Quem pela Sua palavra lhe deu a força espiritual “enfortaleceu-o com o espírito santo”. Os milagres que preenchem a sua história relatam não somente o seu nascimento, a sua vida e a sua morte, mas, igualmente, a história da sua mãe Maria e do seu percursor João (ár.Yahya a.s.). Estes foram os “Sinais Claros” que ele trouxe. Foram aqueles que o interpretaram mal, que obscureceram os seus Sinais claros e o rodearam de mistérios da sua própria invenção.

3:63: “Mas se eles virarem as costas, Allah sabe certamente quem são os corruptores”.

Muçulmanos e Cristãos diferem na sua Teologia (pontos de vista sobre Deus) e na sua Cristologia (pontos de vista sobre Cristo), mas ambos acreditam no mesmo Deus e no mesmo Jesus. Deverá, pois, haver melhor compreensão e melhores relações entre eles.

Wassalam.

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