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Quem São os Muçulmanos?

Y. A., in Revista Al Furqán, nº. 180, de Março/Abril de 2011

O Islão foi sempre uma mensagem universal para todos os povos

A palavra árabe “muçlim” significa aquele que estiver em estado de Islão (quer dizer, com livre submissão e entrega à vontade de Deus – Allah em árabe -)”. A mensagem do islão é universal e qualquer um que o aceite converte-se em muçulmano. Algumas pessoas acreditam erradamente que o islão é uma religião só para os árabes. Mas nada está mais longe da verdade. De facto, mais de 80% dos muçulmanos do mundo não são árabes. Se bem que a maioria dos árabes são muçulmanos, há árabes cristãos e de outras religiões. Dando uma vista de olhos pelos diversos povos que vivem no mundo muçulmano, é muito fácil reparar que os muçulmanos pertencem a distintas raças, etnias, culturas e nacionalidades. O Islão foi sempre uma mensagem universal para todos os povos. Isso pode verificar-se no facto de que alguns dos primeiros companheiros do Profeta Muhammad (saw) não só serem árabes, mas também persas, africanos, romanos bizantinos e doutras raças.

Ser muçulmano implica uma aceitação total e uma obediência activa aos ensinamentos e leis revelados por Allah. O muçulmano é uma pessoa que aceita livremente basear as suas crenças, valores e fé, na vontade de Deus Todo-Poderoso. No passado (mesmo não se usando demasiado hoje em dia) usava-se a palavra “maometanos” para se referir aos muçulmanos. Esta palavra é errada e é o resultado de uma distorção deliberada ou de uma mera ignorância. Uma das razões deste erro conceptual é que, durante séculos, se ensinou aos europeus que os muçulmanos adoravam o Profeta Muhammad (saw), da mesma maneira que os cristãos adoram Jesus (a.s.). Isto é totalmente falso, pois não é considerado muçulmano quem adora, fora de Allah, uma deidade ou pessoa, seja quem for.

No Islão, apesar de a imprensa internacional (e certos meios nacionais) manterem uma desinformação orquestrada e apresentarem o Islão como uma religião totalmente diferente e violenta, a doutrina é basicamente paz, justiça, concórdia, amplitude e amor. E, fora disso, não discrimina os ensinamentos doutras religiões. Inclui pessoas de todas as raças, idades, sexos, condições económicas ou sociais, lugares de nascimento etc. E não faz nenhuma diferença nem discriminação entre eles.

A atitude do crente: Ser muçulmano significa “ser submisso a Allah” e crer na unicidade de Allah (que Ele é o Único Criador, Preservador, Sustentador, etc.). Esta crença – chamada ‘o monoteísmo no Senhorio e Domínio’ (Tawhid), por si só não é suficiente para se ser crente. Os idólatras contemporâneos do Profeta sabiam e acreditavam que só Allah podia fazer tudo isto, e, todavia, isso não os fazia muçulmanos. O monoteísmo do Senhorio e o Domínio vê-se complementado pelo monoteísmo na adoração, quer dizer, só Allah tem o direito legítimo de ser adorado. Quando a fé penetra no coração, a pessoa experimenta um sentimento de gratidão a Deus, que é a essência da adoração (Ibada). O sentido de gratidão é tão importante que quem não acredita em Deus é chamado kafir, que quer dizer “quem nega a verdade”, “aquele que é ingrato” e também “quem é rebelde contra Aquele que o criou”.

“Ele é Deus, não há outra divindade salvo Ele, Conhecedor do oculto e do manifesto. Ele é Todo-Misericordioso e Todo-Compassivo. Ele é Deus, não há outra divindade salvo Ele Soberano, Santíssimo, Pacificador, Doador de segurança, Criador, Poderoso, Justo e Majestoso. Glorificado seja Allah, Ele está por cima do que lhe é atribuído. Ele é Allah, Criador, Iniciador, Informador. Seus são os nomes (e atributos) mais sublimes. Tudo quanto existe nos Céus e na Terra glorifica-O. Ele é Todo-Poderoso e totalmente sábio.’ (Alcorão 59:22-24).

Numa forma que resume o comportamento dos muçulmanos, o Profeta Muhammad (saw) disse: ‘O meu Senhor (Allah) deu-me nove indicações: permanecer devoto a Allah tanto em privado como em público; falar com justiça, quando estiver irritado e quando estiver contente; mostrar moderação, quer na pobreza, quer na riqueza; voltar a es-tabelecer amizade com aqueles que a tiverem rompido connosco, perdoar aquele que nos rejeita, e dispor o que for correcto”.

O Próximo: O Profeta disse: “Não é crente aquele que come até se saciar, enquanto o seu próximo tem fome”. “Não é crente aquele cujo próximo não estiver a salvo da sua mão e da sua língua”. E “não é crente aquele que não desejar para o seu irmão o que desejar para si próprio”.

De facto, de acordo com o Sagrado Alcorão e com as Tradições proféticas, o muçulmano deve cumprir com a sua responsabilidade moral, não só com os seus pais, parentes e vizinhos, mas com toda a Humanidade, com os animais, inclusive com todo o ecossistema. Por exemplo, não é permitido caçar pássaros nem outros animais pelo mero prazer de caçar, ou fazê-los sofrer por diversão, como as corridas de touros.

Da mesma forma, é proibido cortar árvores e plantas de fruto, a menos que exista para isso uma necessidade imperiosa.

Deste modo e baseando-se nestas características, o Islão cria um sistema moral elevado, graças ao qual a Humanidade poderá atingir todo o seu potencial. O islão purifica a alma do egoísmo individualista, da tirania, da vaidade e da indisciplina. Cria homens e mulheres piedosos e devotos a Deus, leais aos seus ideais, cultos, cheios de bondade, generosidade e disciplina e que não se comprometem nem com a falsidade nem com a corrupção.

O ser humano em geral e, por conseguinte, o muçulmano, não é perfeito nem infalível, e por isso comete enganos e pecados; mas, apesar disso, o muçulmano deve combater o seu ego para se afastar de todo o mau. Quando é vencido pelos desejos e comete um pecado, não deve perder a esperança na misericórdia de Deus, mas, pelo contrário, deve voltar-se para Deus arrependido; deve culpar-se pela desobediência que cometeu e purificar a sua alma, para não cair no pecado novamente.

O arrependimento sincero tem três características:

  1. Fugir do pecado. Lamentar-se de o ter cometido. Ter a firme determinação de não voltar a cometê-lo no futuro.
  2. Quando um muçulmano se arrepende sinceramente, Deus aceita o seu arrependimento e perdoa o seu pecado. Diz o Alcorão: ‘Crentes! Voltem-se para Allah com sincero arrependimento! Talvez o vosso Senhor apague as vossas más obras e vos introduza em jardins por cujo solo fluem regatos’. (66:8).

No Ocidente, insiste-se que a mulher muçulmana é uma escrava do marido. Nada mais afastado da realidade. O homem muçulmano deve proteger, manter, amar, respeitar, comprazer, cuidar, etc., a mulher e os filhos, e depois, uma vez que o muçulmano cumpre com os seus deveres, tem o direito de pedir à esposa que o sirva, atenda e respeite. Como diz uma canção brasileira, ‘Todo homem que sabe o que quer / sabe dar e querer da mulher’.

Quanto ao terrorismo, a sua definição é clara: ataque violento e desenfreado contra civis inocentes, desarmados e que não participam da guerra, com o objectivo de lhes causar dano e de infundir o terror na população. O Islão condena isto energicamente. O Sagrado Alcorão é claro ao afirmar: “Quem assassinar um inocente é como se assassinasse toda a Humanidade e quem salvar um inocente é como se salvasse toda a Humanidade”.

O Islão é tolerância, paz e amor e proíbe a agressão, mas permite que nos defendamos. Os terroristas no Islão são uma pequena fracção da amostra, menos do 0,1%, se bem que constituem uma minoria ruidosa que recebe maior cobertura mediática.

Isto é assim porque no Ocidente também há pessoas que procuram a confrontação, incluindo políticos, líderes religiosos, donos de meios publicitários, etc., que são também fanáticos por natureza, embora se definam como antifanáticos. Todos complementam-se para potenciar o choque de civilizações. remodelação apartamento

Como a matéria e a antimatéria, ou como uma mão com a outra mão para aplaudir, têm que existir ambas; os fanáticos do Oriente e do Ocidente precisam uns dos outros para sobreviver.

O Islão verdadeiro, ao qual pertencem 99,9% dos muçulmanos, almeja a paz e a tolerância, ainda que algumas mentes fanáticas e anquilosadas do Ocidente não o compreendam ou não queiram entende-lo.

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