Posted on

Ka’aba

Foi a primeira Casa construída para adoração pública em Meca. É um local que permanece como benção e guia para a humanidade. Nela há sinais claros: a Casa de Abraão. Quem nela entrar estará seguro – (Alcorão, 3:96-97)

O lugar mais sagrado do Islão, apelidada de Casa de Deus.

O lugar com mais significado para os Muçulmanos. Um dos pilares do Islão é fazer a peregrinação a esta casa sagrada.

Posted on

Introdução VI

A Madrassa tinha-se desenvolvido na Pérsia como escola do Alcorão e, numa primeira época, consistia apenas num grupo de salas agregadas à mesquita. Em seguida, torna-se numa construção separada que adopta o sistema do pátio com quatro pórticos, ao centro dos quais se abriam portais com iwan, ligados entre si por saletes e quatro escolas teológicas provenientes das diversas interpretações do Alcorão em matéria legal: Hanafita, Hanbalita, Shafiita e Malikita. Foi nesta disposição que também se inspiraram os construtores de mesquitas, nas quais, no entanto, se dá particular relevo ao iwan que conduzia à sala de Oração, coberta por uma grande cúpula.
Os ribat, ou conventos fortificados, eram edifícios ligados às obrigações da guerra santa, usados tanto para o retiro e a oração, como para a defesa dos ataques dos inimigos. A sua planta, semelhante à da Madrassa, era quadrada. Constituídos por torres de vigia com quatro ângulos, dispunham de quatros para habitação, armazéns para armas e mantimentos e de uma Mesquita ao longo do lado interior da muralha que estava virada para Meca.
O mausoléu funerário foi introduzido no Mundo Islâmico pelos Seldjúquidas. Originalmente, teve duas formas, desenvolvidas no Khorasan: a torre sepulcral de planta redonda, poligonal ou em estela, de forma muito esguia e coberta por uma cúpula, ma maior parte das vezes, escondida do exterior por um tecto cónico; e a kubba, sala quadrada coberta por uma cúpula. Os Mongóis do período de Tamerlão (Timuridas) e os da Índia (Moghul) adoptaram um iwan pouco profundo como portal de entrada e foi frequente disporem-no sobre todos os quatro lados do edifício. Da época do Imperador Moghul Akbar em diante, nos mausoléus mais imponentes, os iwan das fachadas eram flanqueados por dois níveis de pequenos nichos com loggia. Nos ângulos destes mausoléus, surgem muitas vezes quatro minaretes, relevando ser frequente a kubba e a Mesquita de planta central inspirarem-se num mesmo esquema.

A Mesquita Azul em Isfahan. A tipologia da construção religiosa, originalmente constituída por um pátio com um lado coberto, evolui na Pérsia com pátio central em cujos lados se abriam pórticos de dois pisos e, ao centro, o grande iwan (habitualmente, de entrada, dois de acesso às salas e o que fica virado para a qibla para entrar na sala das orações).

Deve, por fim, recordar-se o aspecto das edificações civis, quanto mais não seja pela importância que vieram a ter no Mundo Europeu. A casa de habitação Islâmica variou, como é evidente, em conformidade com as épocas e as regiões.
Nas ricas residências das dinastias Omeiade e Abássida subsistiram elementos deveras reconhecíveis do período Sassânida, os quais, por sua vez repetem a estrutura dos grandes palácios partas. A adopção do iwan constitui um elemento significativo de tal descendência. Sabe-se que a residência senhorial Omeiade previa a existência de três salas abertas para um dos lados do pátio. As casas Abássidas, pelo menos em determinadas zonas, eram muito mais amplas, com vários pátios interiores para os quais abriam numerosíssimas salas, sendo uma delas um grande salão. O encontro da arquitectura Islâmica com a Espanhola produziu vários tipos de habitações, onde a única nota recorrente é a presença do pátio interior, que tão vulgar se viria a tornar, até à época moderna, na América Central.
É um caso à parte a construção civil Turca, na qual, para enfrentar os terramotos, predominavam as estruturas lineares, em especial nas partes superiores dos edifícios. Tal predomínio é testemunhado com segurança pelo menos desde o século XVIII, quando a madeira tinha vasta utilização também no interior das partes em alvenaria, especialmente nos sofitos e no revestimento das paredes.

A Mesquita Azul, ou Ahmedié Cami em Istambul (Turquia), erigida por Mehmed Aga, para o Sultão Ahmed, entre 1609 e 1617. Típico exemplar da arquitectura Otomana, apresenta todos os elementos tradicionais: o característico jogo das cúpulas e semi-cúpulas e o uso de torrinhas angulares estabilizadores; o grande pátio de entrada, a fonte. A Mesquita erguia-se no centro de um conjunto com escola, mercado, hospital, etc.

A fonte do Sultão Ahmed III, construída em 1728, em Istambul (Turquia), perto da entrada do Serralho. De evolução em evolução, os motivos peculiares da arquitectura Islâmica modificaram-se mas não se transformaram: também aqui, como no tumulo do sheik Abdulalah muito mais antigo, se encontra uma sala cúbica sobrepujada por uma coluna, que coroa em tecto (neste caso, de chumbo) de abas muito inclinadas; apenas foram acrescentadas as quatro torrinhas angulares à Indiana. A fonte é um dos exemplos mais representativos do chamado período das túlipas.

Posted on

Introdução V

Á sua esquerda – Varadim aéreo do ultimo piso (cerca de 1638). Como já foi observado o exemplo precedente, este esquema de torres reúne o estilo Islâmico Persa com a tipologia arquitectónica Hindu, revela uma ulterior evolução da cúpula, tornada numa espécie de corola invertida, de linhas delicadas e muito elegantes. Também os arcos polilobados (na realidade pseudo-arcos), nos pisos superiores são típicos do estilo Moghul (1526-1858).

A principio, a Mesquita era simplesmente um espaço fechado por um muro, por vezes com o lado voltado para Meca dotado de um pórtico. Quando a primeira dinastia Árabe dos Omeiades (661-750) transferiu a capital para Damasco, os Árabes entraram em contacto com a civilização Bizantina, da qual adoptaram os modelos da Basílica, adaptando-se às suas próprias necessidades. Para alargarem o espaço útil, aumentaram a planta longitudinal da igreja de três naves, multiplicando o número destas ultimas até obterem um edifício quadrado. O seu interior transformou-se numa selva de colunas, sobre as quais se apoiam os arcos que sustentavam um tecto plano, com uma pequena cúpula sobre o mihrab. É esta disposição que caracteriza o primeiro tipo de Mesquita: pátio quadrado, com pórticos, e uma sala de Oração com naves.

Quando a capital se fixou em Bagdade, entrando em contacto com o Mundo Persa, a Mesquita derivou dos edifícios Sassânidas, de planta quadrato-cruciforme com pátio central e um iwan em cada lado, talvez inspirado no esquema da Madrassa, que já tinha surgido na Pérsia.
Um outro tipo de Mesquita nasceu com os Turcos e os Mongóis, que convertendo-se ao Islamismo e tornando-se sedentários, transformaram a sua tenda de feltro numa construção de tijolos, dando origem a ulterior desenvolvimento da Mesquita de cúpula sobre planta central, que encontrou a prova na adaptação das grandes construções Bizantinas, após a conquista Turca de Constantinopla, em 1453.
Estes os três esquemas principais do edifício sagrado que em todos os casos deve cumprir a tarefa de organizar uma multidão em fileiras ordenadas, e todas voltadas para a Meca.
O único elemento não prescrito, o minarete (de minar, farol), talvez tenha mesmo derivado das torres de sinalização e vigia. A origem do minarete, todavia, deve recuar, segundo os estudiosos, às torres sepulcrais de Palmira, aos obeliscos Egípcios, às massebah (a estrela fúnebre ou comemorativa dos povos Semitas) e, segundo alguns, mas com escassa credibilidade, até aos campanários Cristãos.

O túmulo de Itimad Al-Dawla, em Agra (Índia), construído em 1862. é o edifício Indiano em que a pedra arenosa vermelha é substituída pelo mármore, finalmente trabalhado. O motivo da sala cúbica sobrepujada por uma cúpula encontra aqui uma posterior transformação, enquanto surgem torres nos quatro ângulos (as chattri), tipicamente Hindus. O esquema clássico é assim renovado.

Originalmente, o minarete era construído entre o muro que rodeava o pátio, na maioria dos casos ao centro do lado Norte, e tinha planta quadrada, por vezes com um remate redondo. As suas paredes eram decoradas com motivos em relevo e dotadas de janelas. Com os Seldjúquidas (séc. XI), surge o minarete cilíndrico, coberto de cerâmica, com remate de vários feitios, cónico sobretudo na Turquia e com baldaquino no Irão. Primeiramente, surge isolado, depois surgem aos pares, cada um deles colocado aos lados do iwan principal ou da entrada monumental (minarete Persa, em tubo de órgão). Com os Moghul na Índia e os Otomanos na Turquia, os minaretes aumentaram para quatro, situado nos ângulos do edifício ou do espaço sobre o qual ele se ergue; em casos muito raros, ascendem a seis. Na Turquia, o minarete adquire uma característica forma alongada, com um tecto cónico e esguio (minarete em agulha), muitas vezes com três ordens de estreitos varandins, enquanto que na Índia é mais atarracado e sempre coroado com uma cúpula sobre uma pequena varanda poligonal. No Egipto, por sua vez, o estilo mameluco empregou um único minarete (muitas vezes, ao lado direito da entrada), com base quadrada, parte central octogonal, parte terminal cilíndrica e um longo remate final.

A Mesquita do Xá, em Isfahan (Irão). Erguida por Abbas, o grande, entre 1611 e 1616, com ulteriores completamentos a partir de 1683. É um dos mais grandiosos edifícios do género (o portal de acesso tem uma altura de 27 metros e 40). A esplêndida ornamentação de cerâmica colabora no aligeiramento da grande massa arquitectónica.

Posted on

Introdução IV

Á sua esquerda – Tumulo de Ismail, o Sâmanida, em Bukhara, edificado por volta de 943. É aqui evidente o esquema da sala cúbica coberta por uma cúpula. Os tijolos estão dispostos por forma a constituírem uma rica ornamentação que faz lembrar o entrançado vime (pode ver-se o desenho ao lado). A fila superior de nichos é também predominantemente decorativa. Trata-se de um dos primeiros exemplos da ornamentatividade parietal que virá revestir os monumentos Persas de cores resplandecentes.

A religião Islâmica, ao alargar os seus vínculos a todos os aspectos da vida, tinha, por isso mesmo, um carácter social. Isto provocou um certo mecenato, uma vez que um rico ou poderoso, embora mandando construir para a sua própria glória, prestava um serviço ao povo. As escolas, os hospitais e os caravansarais tinham uma função exclusivamente pública; até ao mesmo determinados grandes túmulos foram rodeados de jardins públicos e constituíam locais de acesso livre para as reuniões.
A arquitectura religiosa exprime-se, no Islão, em cinco edifícios principais: a Mesquita, o Minarete, a Madrassa, os conventos fortificados e o mausoléu funerário, que descreveremos em detalhe.
O Muçulmano pode orar onde desejar, em casa, no local de trabalho, em campo aberto. No entanto, foi sempre dada grande importância à oração em comum e a Mesquita (termo derivado da palavra árabe masjid, local onde as pessoas se prostram) destina-se a cumprir essa função. O momento da oração em comum – seguida de uma prédica – é ao meio-dia das sextas-feiras, razão pela qual as Mesquitas mais amplas, ou seja, próprias para este acto de culto, são chamadas de Mesquitas da Sexta-Feira (masjid-i-giami), ou também, sobretudo no Ocidente Islâmico, Grande Mesquita. Por outro lado, as Mesquitas eram utilizadas para diversos outros fins: administração da justiça, ensino, como abrigo para sábios em peregrinação, refugio para os perseguidos. Em muitos casos, de facto, sobretudo nas aldeias, elas eram coligidas a hospícios, cozinhas públicas e hospitais.

O Gur-Emir, ou Sepulcro de Tamerlão, em Samarkanda. O conjunto inteiro foi erguido em dois anos (1404-1405). Dois profundos iwan precedem uma vasta sala de planta cruciforme, com exterior octogonal sobrepujada por uma bela cúpula sobre um tambor, com uma magnífica em cerâmica; após a queda dos dois minaretes que a ladeavam, a sua verticalidade ficou ainda mais realçada.

Antes da Oração, o Muçulmano deve purificar-se com uma série de abluções, pelo que em todas as Mesquitas existe uma fonte, frequentemente ao centro do pátio que antecede a “sala de Oração” (haram). O fiel, por seu turno, durante a Oração, deve virar-se para Meca, pois a parede do fundo da Mesquita está virada para a cidade Santa (Meca), e esta direcção (qibla) e indicada por um pequeno nicho (mihrab), derivados dos nichos Bizantinos, o qual, com o correr dos séculos, se torna na parte mais preciosamente ornamentada do edifício. Junto ao mihrab, à direita, surge o púlpito (minbar), que pode ser de mármore, de alvenaria ou de madeira, segundo um esquema que permanecerá imutável: uma escadaria com os lados ricamente trabalhados ou esculpidos leva a um estrado descoberto ou encimado por um baldaquino de tecto cónico, ou ainda coberto por uma cúpula. Sobre o minbar, um Muçulmano (em regra, qualquer um, mas por norma um doutor em teologia ou uma personagem importante) pronuncia o sermão de sexta-feira ou arenga aos fiéis.
Nas grandes Mesquitas, diante do mihrab, pode encontrar-se um pequeno palco elevado (dikka), de onde aquele que dirige a oração colectiva está bem à vista de todos. Em certas Mesquitas, ao lado do mihrab situa-se um recinto (maqsura) em que o príncipe tomava lugar, a fim de se furtar aos olhares dos importunos e também para se defender de atentados.

A grande Mesquita de Isfahan (Irão). É a mais antiga Mesquita a apresentar um iwan ao centro de um dos lados do pátio. Aqui, vê-se o iwan do lado Sul, o principal, que dá acesso à sala do mihrab, coberta com uma grande cúpula. Iniciado na época Seldjúquida (séculos XI-XII), o conjunto arquitectónico só foi terminado com ricas ornamentações do século XV. O esquema dos quatro iwan talvez provenha da casa Persa que antecedeu a invasão Mongol.

Posted on

Introdução III

Um motivo arquitectónico tipicamente Islâmico é o das muqarnas (do Grego koronis, cornija), que originalmente serviam para ligar a calote da cúpula ao quadrado que a sustentava, através de nichos angulares, ou de aberturas.
Estas foram depois transformadas numa série de nichos com alvéolos e estalactites, obtendo-se um efeito muito decorativo. O motivo das muqarnas veio a ser usado num sentido exclusivamente ornamental, e já não funcional, também nos capiteis e nas bases das colunas, nos intradorsos dos arcos e até (virado) no exterior das cúpulas. Na Síria e no Egipto, era construído em pedra e na Pérsia em barro. Pouco difundido no Ocidente Islâmico, no Oriente teve uma larga difusão.
Estes elementos de base foram depois variados, em conformidade com as zonas e as tradições, sobretudo no que respeita aos materiais utilizados: tijolos secos ao Sol (Iraque), pedra em bruto ou aparelhada (Índia, Turquia, Síria, Egipto), tijolo cozido (Ásia Central, Marrocos), madeira (Índia, Indochina) e cerâmica (Irão). Também as ornamentações assumiram formas diferentes, conforme as zonas: desde superfícies de tijolos varialvelmente dispostas, de maneira a imitarem entrelaçados de vimes ou a formarem desenhos geométricos e inscrições (Norte da Ásia), à cobertura em mosaico ou ladrilho de cerâmica (Irão), ou ainda em lâminas de vidro (Turquia), da pedra aparelhada e esculpida (Egipto) aos mármores com embutidos de mármore ou de pedras (Índia).

O grande Minarete de Deli (Índia), mandado erguer pelo conquistador Qutb Al-Din, ao lado da Mesquita Quwwat Al-Islam, hoje destruída. O enorme minarete começou a ser construído a partir de 1199. um belo exemplo do estilo Indo-Islâmico, deriva da sobreposição de três torres funerárias seldjúquidas, com varandins muito salientes que se apoiam sobre muqarnas; os últimos pisos foram acrescentados posteriormente. As faixas do minarete aparecem-nos ricamente decoradas com arabescos de motivos florais e caligráficos, frases do Alcorão e ornatos Indianos.

O tipo de organização social Islâmica deu lugar a uma série de edifícios com carácter fixo. No que toca à arquitectura civil, os palácios dos soberanos foram construídos inicialmente, na época Omeiade, no deserto, segundo uma planta com pátio interior. Com os Abássidas, vieram a ser construídos nas cidades e foram muitas vezes agregados às Mesquitas, mantendo, geralmente, a planta com pátio interior. A partir da época Safávida, foram constituídos por uma série de pequenos pavilhões, inseridos num jardim. Outros edifícios civis são os locais de acolhimento para repouso, ou caravansarais (han ou khan), construídos nos locais de paragem e muitas vezes fortificados, os banhos (hamman), os hospitais públicos (maristan) e os bazares ou mercados cobertos (suq), que eram conjuntos delimitados, contendo também as lojas dos mercadores e que fechavam durante a noite. As casas de habitação, eram, pelo contrário, diferentes segundo a localidade, condições climáticas e tradições locais.