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Introdução II

Em seguida foi adoptado um determinado tipo de ligação (trompas, pendentes, arcos, nichos, alvéolos, muqarnas) para cúpulas de formas diferentes. Os Turcomenos (ou Turcomanos) cobriram as cúpulas em bolbo sobre tambores muito altos, frequentemente aos gomos, com arestas, ou nervuradas. As dos Safávidas imitavam as características coberturas das tendas Mongóis, acentuando-lhes o ápice (umbo). As cúpulas em bolbo da Índia, por vezes apoiadas tiveram uma extremidade saliente e uma cobertura decorativa, lembrando o conjunto a forma de um cálice de flores invertido. Após a conquista de Constantinopla (1453), os Otomanos elaboraram com uma excepcional perícia um harmonioso sistema de cúpulas: uma, vasta e baixa, ao centro, colocada sobre um anel sustentado por quatro grandes arcos, era ladeada por uma série descendente de meias cúpulas com àbside, ou de pequenas cúpulas dispostas a toda a volta.

O minarete da grande Mesquita de Samarra (Iraque), chamado malwiyya, em espiral. Com mais de 50 metros de altura, foi construído entre 848 4 852, ao lado da maior Mesquita do Mundo. O conjunto representa um dos mais completos monumentos arquitectónicos do período Abássida (750-1258). O desenho põe em evidência a forma em rampa helicoidal a que recorreram os primeiros Arquitectos Islâmicos quando quiseram edificar um elemento vertical: não uma construção esguia do tipo das torres, mas sim uma montanha maciça de tijolos, com escada exterior, que lembra os antigos zigurates babilónicos.

O iwan na arquitectura dos países Sassânidas (Iraque e Irão) era uma sala coberta com abóbada de berço, completamente aberta para um lado, no qual o Imperador administrava a justiça. Com a Introdução da mesquita e da Madrassa, constituída por um pátio quadrado com pórticos, começou a construir-se no centro de cada lado interno um átrio com iwan que passou a assumir cada vez mais a forma de um vasto e profundo portal, com a parte da frente rasgada num alto arco, inscrito num rectângulo, e o sofito ligado à parede do fundo por meio de muqarnas. O iwan principal estava voltado para Meca e era flanqueado por dois minaretes incorporados, na parte de trás, abria-se uma sala quadrada coberta por uma cúpula, que constituía a mesquita propriamente dita. As dinastias mongóis dos Timuridas e dos Moghul (Índia) adoptaram este elemento como portal de entrada, sobretudo sobre a fachada principal, mas também sobre todos os quatro lados dos mausoléus. Nos mausoléus Indianos de maior importância, os grandes iwans apostos sobre quatro fachadas são flanqueados por duas filas sobrepostas de pórticos.

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Introdução I

A característica fundamental da arquitectura Islâmica é a de estar ligada ao solo, por isso mesmo nunca sendo elevada, excepção feita do minarete. Esta excepção evita o sentido da solidez e do pleno, pelo que os pisos das construções são movimentados ou mesmo cheios de rendilhados, em qualquer caso ornamentados.

A construção foi encarada pelos Árabes como inserida no espaço circundante, onde também se encontravam dispostas as tendas dos beduínos. Com os Turcos e os mongóis, a importância do jardim em relação ao edifício que se erguia no meio dele era acentuada e o grande palácio era preferencialmente construído como um conjunto de pequenos pavilhões dentro de um jardim com uma planta rigorosamente estudada. Nada, fosse como fosse, que ultrapassasse a dimensão humana; e, salvo raras excepções, a grandiosidade e a ascensionalidade foram sempre excluídas.

Existe uma relação constante entre o meio ambiente natural e o ambiente arquitectado, que se inseria no habitat graças ao carácter marcadamente pictórico (alegre e aberto e não sólido e fechado), por vezes com a ajuda da ornamentação, que pode recobrir todas as superfícies, contribuindo par mascarar a estrutura do edifício sem nunca criar um ponto focal ou centro que chamasse as atenções. Esta tendência para evitar os elementos salientes determinou as ornamentações “de friso contínuo”, motivo basilar da arte Islâmica não só na arquitectura, como também em quase em todas as expressões.

Antes de darmos uma vista de olhos pelos edifícios mais significativos, examinaremos dois elementos de construção: o arco e a cúpula; e ainda dois elementos construtivo-decorativos: o iwan e as muqarnas, que as construções Islâmicas, tanto religiosas como civis tinham em comum.

Um nicho com a característica decoração de muqarnas (estalactites). Exemplo do tipo Sírio construído no período Fatimida (969-1171). Além dos primeiros exemplos de pedra e mármore, houve muqarnas de estuque, madeira e cerâmica, com variações de “alvéolos” e rica decoração, sobretudo no Irão, onde este tipo de “nichozinho” surge recoberto de uma rica superfície de esmalte.

No que respeita ao arco, nenhum outro estilo dispõe de uma variedade tão extensa de tipos de e de formas. Ao princípio, foi utilizado o arco de volta perfeita sobre colunas, segundo a tipologia Bizantina, mas muito rapidamente surge a criação do arco quebrado, já presente na arquitectura Sassânida, que se articulou em numerosas variantes. Cem anos depois das primeiras experiências, o arco Islâmico, livremente apoiado sobre as colunas, pilastras ou paredes, tinha assumido uma vasta gama de formas que o libertavam das rígidas esquematizações de outros estilos.

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Palácio de Alhambra

O maravilhoso Palácio de Alhambra, situado numa encosta em Granada, é o Palácio da Andaluzia mais bem conservado. Embora tivesse sido começado em 1230, só dois séculos depois ficou concluído.

Por cima da janela de arcos do quarto da Rainha (à sua esquerda), folhas de estuque estilizadas entrelaçam-se com caracteres Muçulmanos. No pátio dos Leões (à sua direita), colunas rodeiam uma fonte guardada por leões.

  

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A Mesquita de Córdova

Durante os trinta e três anos do seu Reinado, Abd-Al-Rehman fez de Córdova a sua Capital. Em 785, planeou a construção da Mesquita, que se tornou (dois séculos mais tarde e com várias implicações) uma das obra-primas da arquitectura Islâmica clássica.

Na sua primeira versão, este edifício quadrado de 70 metros de lado (que abrange cerca de 500 metros quadrados) era constituído por um átrio oblongo (segundo a tradição Islâmica), antecedido por um pátio, também mais largo do que comprido. A sala hipóstila tinha onze naves com arcadas perpendiculares ao Qibla (lugar para onde os muçulmanos se viram quando fazem as oracões). O espaço divide-se em doze vãos assentes em 110 colunas, provenientes de edifícios visigóticos ou de outros mais antigos. Tal como em Damasco, a reutilização de materiais de construção ajudou a ditar a edificação desta Mesquita, na qual as colunas de mármore e os capitéis foram recuperados de antigas cidades devastadas durante as grandes invasões. A fachada do pátio, sustentada por pilares maciços, abria-se em vãos, permitindo que a luz entrasse na sala de Oração, coberta por um tecto de madeira.

Nos reinados de Hisahm (788-796) e de Al-Hakam (796-822), a Mesquita de Córdova não sofreu alterações. Só com a chegada do Amir Abd Al-Rehman II (822-852) é que as primeiras obras de ampliação fizeram subir para 200 o número de colunas da sala hipóstila. Durante o período de construção, entre 832 e 848, a superfície duplicou e o Qibla foi deslocado para Sudeste, pois o edifício tinha de estar virado para Kaaba, mas o número de naves não se alterou.

Oitenta anos depois, Abd Al-Rehman III (912-961), que se autoproclamou Califa em 929, levou a cabo uma segunda ronda de ampliações. Mandou ampliar o átrio para Sudeste e colocar um minarete quadrado, com 34 metros de altura, no extremo do pátio. Alguns anos depois, Al-Hakam (961-976) fez outras alterações, conferindo ao monumento o seu aspecto definitivo. O recinto de Oração deixou de ser oblongo para se projectar no sentido do comprimento, ainda com 79 metros de largura, mas com 115 metros de comprimento e 320 colunas.

Estes trinta e dois vãos e o “mihrab” (lugar de onde o se profere as palestras), em forma de sala octogonal antecedida por três cúpulas com abóbodas de nervuras intersectadas, que por sua vez eram bordejadas por arcadas multilobadas, devolveram à Mesquita de Córdova o seu aspecto original.

Decoração Sumptuosa e Exuberante

A decoração da Mesquita de Córdova foi obra do Califa Al-Hakam II, sobretudo na zona do Mihrab e do maqsura que o rodeavam. Em muitos aspectos, a decoração deste recinto de Oração arrastou as tradições de jerusalém e de Damasco; há uma continuidade que é visível no estilo Omíada. No entatno, importa recordar que 150 anos separaram as duas criacões do Próximo Oriente e a obra Andaluza na sua versão final.

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Haram Al-Sharif – Jerusálem, Palestina

O terceiro lugar mais sagrado do Islão, o octógono da Cúpula do Rochedo, com a mesquita Al-Aqsa à direita (direita do mapa), no mesmo eixo norte-sul.
Para os muçulmanos todo este espaço é haram, ou seja, local sagrado de Oração.
A primeira Qibla (lugar para onde os muçulmanos se viram quando fazem as oracões), a Qibla foi depois mudada em 630 para Kaaba (Meca, Arábia Saudita) no tempo do Profeta Muhammad, paz esteja com ele.
Jerusalém é também sagrada para os Judeus e Cristãos.

A Cúpula do Rochedo

No sítio do templo de Salomão, onde Cristo pregara e onde Muhammad (P.E.C.E.) fora elevado ao céu na sua “viagem nocturna”, Abd Al-Malik mandou construir um edifício que projectasse a espiritualidade do Islão.
A cúpula do rochedo foi construída enter 687 e 692.
O seu projecto foi confiado a um arquitecto de formação bizantina, o local ficou ao cuidado dos mestres construtores Sírios; e os mosaicistas de Constatinopla encarregaram-se da decoração. Esta equipa concebeu um edifício, no centro do Monte do Templo, que se insere na linha de mais pura tradição dos santuários Cristãos e cujo formato octogonal criava um ponto central.

O pórtico interiror é de formato circular e possui apenas quatro pilares entre os quais se erguem três colunas que sustentam quatro arcos de cada lado. Deste modo, há doze colunas que, com os pilares, sustentam dezasseis arcos que evvolvem o rochedo sagrado. Por cima desta arcada ergue-se o tambor, alto e cilínddrico, sobre o qual assenta a cúpula. Muitos foram os especialistas que estudaram esta estrutura notável constituída por elementos circulares e octogonais, com espaços redondos, anelares, pilares e colunas alternadas.

K.A.C. Creswell e M.Echochard analisaram as formas geométricas que integram a composição dessa planta central elaborada com requinte. Constataram que as arcadas concêntricas formam um Círculo exterior, com um raio de 26,87 metros ou diàmetro de 53,74 metros, no qual se inserem dois quadrados dispostos em àngulos de 45 graus em relação um ao outro. Os pontos de intersecção destes dois quadrados descrevem um círculo interior, com um raio de 20,56 metros ou 41,12 metros de diàmetro, que contorna a arcada octogonal. Ao unirem-se uns aos outros, tanto na vertical como na horizontal, os oito pontos de intersecção dos dois quadrados entrelaçados formam nova intersecções que descrevem um círculo correspondente ao contorno da arcada interior, com 11,13 metros de raio oi 22,26 metros se diàmetro. Deste modo, a partir do círculo externo principal nascem logicamente dois outros círculos menores que caracterizam toda a construção. Estas estruturas geométricas, nas quais o plano deriva naturalmente de um único tema, são vulgares no Mundo antigo e também em Bizàncio.

A cúpula do rochedo, domina o Monte do Templo. A planta octogonal central tem 54 metros de diàmetro e a cúpula eleva-se a 36 metros de altura. As fachadas do octógono viradas para os quatro pontos cardeais possuem portas com alpendres. A dominar o rochedo sagradao e sustentada por um tambor, ergue-se a cúpula, cuja forma sublime, que sugere o arco em ferradura, se eleva bem alto. Em cada parede do octógano hà duas colunas entre os pilares angulares. Assim, o pórtico inclui oito pilares e dezasseis colunas.