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Introdução III

Um motivo arquitectónico tipicamente Islâmico é o das muqarnas (do Grego koronis, cornija), que originalmente serviam para ligar a calote da cúpula ao quadrado que a sustentava, através de nichos angulares, ou de aberturas.
Estas foram depois transformadas numa série de nichos com alvéolos e estalactites, obtendo-se um efeito muito decorativo. O motivo das muqarnas veio a ser usado num sentido exclusivamente ornamental, e já não funcional, também nos capiteis e nas bases das colunas, nos intradorsos dos arcos e até (virado) no exterior das cúpulas. Na Síria e no Egipto, era construído em pedra e na Pérsia em barro. Pouco difundido no Ocidente Islâmico, no Oriente teve uma larga difusão.
Estes elementos de base foram depois variados, em conformidade com as zonas e as tradições, sobretudo no que respeita aos materiais utilizados: tijolos secos ao Sol (Iraque), pedra em bruto ou aparelhada (Índia, Turquia, Síria, Egipto), tijolo cozido (Ásia Central, Marrocos), madeira (Índia, Indochina) e cerâmica (Irão). Também as ornamentações assumiram formas diferentes, conforme as zonas: desde superfícies de tijolos varialvelmente dispostas, de maneira a imitarem entrelaçados de vimes ou a formarem desenhos geométricos e inscrições (Norte da Ásia), à cobertura em mosaico ou ladrilho de cerâmica (Irão), ou ainda em lâminas de vidro (Turquia), da pedra aparelhada e esculpida (Egipto) aos mármores com embutidos de mármore ou de pedras (Índia).

O grande Minarete de Deli (Índia), mandado erguer pelo conquistador Qutb Al-Din, ao lado da Mesquita Quwwat Al-Islam, hoje destruída. O enorme minarete começou a ser construído a partir de 1199. um belo exemplo do estilo Indo-Islâmico, deriva da sobreposição de três torres funerárias seldjúquidas, com varandins muito salientes que se apoiam sobre muqarnas; os últimos pisos foram acrescentados posteriormente. As faixas do minarete aparecem-nos ricamente decoradas com arabescos de motivos florais e caligráficos, frases do Alcorão e ornatos Indianos.

O tipo de organização social Islâmica deu lugar a uma série de edifícios com carácter fixo. No que toca à arquitectura civil, os palácios dos soberanos foram construídos inicialmente, na época Omeiade, no deserto, segundo uma planta com pátio interior. Com os Abássidas, vieram a ser construídos nas cidades e foram muitas vezes agregados às Mesquitas, mantendo, geralmente, a planta com pátio interior. A partir da época Safávida, foram constituídos por uma série de pequenos pavilhões, inseridos num jardim. Outros edifícios civis são os locais de acolhimento para repouso, ou caravansarais (han ou khan), construídos nos locais de paragem e muitas vezes fortificados, os banhos (hamman), os hospitais públicos (maristan) e os bazares ou mercados cobertos (suq), que eram conjuntos delimitados, contendo também as lojas dos mercadores e que fechavam durante a noite. As casas de habitação, eram, pelo contrário, diferentes segundo a localidade, condições climáticas e tradições locais.

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Introdução II

Em seguida foi adoptado um determinado tipo de ligação (trompas, pendentes, arcos, nichos, alvéolos, muqarnas) para cúpulas de formas diferentes. Os Turcomenos (ou Turcomanos) cobriram as cúpulas em bolbo sobre tambores muito altos, frequentemente aos gomos, com arestas, ou nervuradas. As dos Safávidas imitavam as características coberturas das tendas Mongóis, acentuando-lhes o ápice (umbo). As cúpulas em bolbo da Índia, por vezes apoiadas tiveram uma extremidade saliente e uma cobertura decorativa, lembrando o conjunto a forma de um cálice de flores invertido. Após a conquista de Constantinopla (1453), os Otomanos elaboraram com uma excepcional perícia um harmonioso sistema de cúpulas: uma, vasta e baixa, ao centro, colocada sobre um anel sustentado por quatro grandes arcos, era ladeada por uma série descendente de meias cúpulas com àbside, ou de pequenas cúpulas dispostas a toda a volta.

O minarete da grande Mesquita de Samarra (Iraque), chamado malwiyya, em espiral. Com mais de 50 metros de altura, foi construído entre 848 4 852, ao lado da maior Mesquita do Mundo. O conjunto representa um dos mais completos monumentos arquitectónicos do período Abássida (750-1258). O desenho põe em evidência a forma em rampa helicoidal a que recorreram os primeiros Arquitectos Islâmicos quando quiseram edificar um elemento vertical: não uma construção esguia do tipo das torres, mas sim uma montanha maciça de tijolos, com escada exterior, que lembra os antigos zigurates babilónicos.

O iwan na arquitectura dos países Sassânidas (Iraque e Irão) era uma sala coberta com abóbada de berço, completamente aberta para um lado, no qual o Imperador administrava a justiça. Com a Introdução da mesquita e da Madrassa, constituída por um pátio quadrado com pórticos, começou a construir-se no centro de cada lado interno um átrio com iwan que passou a assumir cada vez mais a forma de um vasto e profundo portal, com a parte da frente rasgada num alto arco, inscrito num rectângulo, e o sofito ligado à parede do fundo por meio de muqarnas. O iwan principal estava voltado para Meca e era flanqueado por dois minaretes incorporados, na parte de trás, abria-se uma sala quadrada coberta por uma cúpula, que constituía a mesquita propriamente dita. As dinastias mongóis dos Timuridas e dos Moghul (Índia) adoptaram este elemento como portal de entrada, sobretudo sobre a fachada principal, mas também sobre todos os quatro lados dos mausoléus. Nos mausoléus Indianos de maior importância, os grandes iwans apostos sobre quatro fachadas são flanqueados por duas filas sobrepostas de pórticos.

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Introdução I

A característica fundamental da arquitectura Islâmica é a de estar ligada ao solo, por isso mesmo nunca sendo elevada, excepção feita do minarete. Esta excepção evita o sentido da solidez e do pleno, pelo que os pisos das construções são movimentados ou mesmo cheios de rendilhados, em qualquer caso ornamentados.

A construção foi encarada pelos Árabes como inserida no espaço circundante, onde também se encontravam dispostas as tendas dos beduínos. Com os Turcos e os mongóis, a importância do jardim em relação ao edifício que se erguia no meio dele era acentuada e o grande palácio era preferencialmente construído como um conjunto de pequenos pavilhões dentro de um jardim com uma planta rigorosamente estudada. Nada, fosse como fosse, que ultrapassasse a dimensão humana; e, salvo raras excepções, a grandiosidade e a ascensionalidade foram sempre excluídas.

Existe uma relação constante entre o meio ambiente natural e o ambiente arquitectado, que se inseria no habitat graças ao carácter marcadamente pictórico (alegre e aberto e não sólido e fechado), por vezes com a ajuda da ornamentação, que pode recobrir todas as superfícies, contribuindo par mascarar a estrutura do edifício sem nunca criar um ponto focal ou centro que chamasse as atenções. Esta tendência para evitar os elementos salientes determinou as ornamentações “de friso contínuo”, motivo basilar da arte Islâmica não só na arquitectura, como também em quase em todas as expressões.

Antes de darmos uma vista de olhos pelos edifícios mais significativos, examinaremos dois elementos de construção: o arco e a cúpula; e ainda dois elementos construtivo-decorativos: o iwan e as muqarnas, que as construções Islâmicas, tanto religiosas como civis tinham em comum.

Um nicho com a característica decoração de muqarnas (estalactites). Exemplo do tipo Sírio construído no período Fatimida (969-1171). Além dos primeiros exemplos de pedra e mármore, houve muqarnas de estuque, madeira e cerâmica, com variações de “alvéolos” e rica decoração, sobretudo no Irão, onde este tipo de “nichozinho” surge recoberto de uma rica superfície de esmalte.

No que respeita ao arco, nenhum outro estilo dispõe de uma variedade tão extensa de tipos de e de formas. Ao princípio, foi utilizado o arco de volta perfeita sobre colunas, segundo a tipologia Bizantina, mas muito rapidamente surge a criação do arco quebrado, já presente na arquitectura Sassânida, que se articulou em numerosas variantes. Cem anos depois das primeiras experiências, o arco Islâmico, livremente apoiado sobre as colunas, pilastras ou paredes, tinha assumido uma vasta gama de formas que o libertavam das rígidas esquematizações de outros estilos.

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Cerâmica

A arte Islâmica e consequentemente os Muçulmanos utilizam muito a cor na Arquitectura, as suas obras arquitéctonicas, tanto no exterior como no interior, são geralmente de tons brilhantes e de um “jogo” intenso de formas. Os Azulejos vidrados são geralmente o recurso mais utilizado. Esta arte atingiu o seu apogeu na época de Tamerlão e na dos seus descendentes, nas Cidades da Ásia Central e do Afeganistão. No entanto esta Arte “rejuvenesceu” nos Impérios Sefévida e Otomano.

No Norte de África a tradição manteve-se, mas não menos bela.

Os principais estilos desta arte são: Caligráfico, Geométrico, Floral, e Arabesco, as duas formas mais utilizadas são em mosaico, onde pedaços de azulejos diferentes são cortados para formarem um desenho, e como azulejos inteiros, cujo colorido e desenho formam um padrão mais amplo.

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Introdução

O Charme dos Caracteres Árabes

A caligrafia árabe foi considerada, desde a aurora do Islão, como uma arte estética de grande importância porque ela reflecte o espírito da civilização árabe-islâmica. Ao formar os caracteres da escrita à sua maneira, com muito gosto e finura, a caligrafia provou que as letras se podiam transformar nas suas mãos num instrumento dócil capaz de fazer resplandecer a beleza e extrema delicadeza dos caracteres árabes.

Isso permitia-lhes criar uma multitude de obras de arte que, até agora, enfeitiçam os espíritos e cativam a imaginação.

Eis o que diz a este propósito o Dr. Zaki Mohamed Hassan: “As cinzeladuras caligráficas estão entre as mais belas obras artísticas. Em pouco tempo, a caligrafia árabe progrediu muito e tornou-se um esplêndido meio de ornamentação. É muito raro encontrar um monumento histórico sem o ver coberto de inúmeros versos escritos de maneira maravilhosa, o que lhe dá muito esplendor e faz sobressair o seu valor”.

A caligrafia árabe penetrou todos os domínios. Pode-se vê-la incrustada sobre a madeira, o vidro, o marfim, o ouro, a prata, o cobre, o dinheiro, assim como sobre a pedra, o mármore, as tapeçarias, os tecidos, os trabalhos de artesanato e, bem entendido, os manuscritos. Está presente em toda a parte pois sem ela, não importa que obra perde muito da sua graça e da sua beleza. “Os caracteres árabes, como notou um especialista, fazem parte integrante de duas artes importantes de que se orgulha a civilização árabo-islâmica: o arabesco e a arte de formar as letras”. É portanto uma simbiose de múltiplos elementos. Isto, naturalmente, contribui para fazer sobressair o seu esplendor estético.

Para atingir o ideal, o calígrafo inspirou-se na arquitectura árabe, nos valores espirituais do Islão e nas formas abstractas que são muito apreciadas no mundo islâmico. Estas formas, no entanto, são o símbolo de uma espiritualidade avançada e de um sentido da estética refinado.

Os caracteres árabes são de uma maleabilidade incomparável. Podem ser talhados de diferentes maneiras para tomar, finalmente, a forma de um monumento, de uma flor, de um vaso, de um pássaro, de um qualquer animal. Isto confere-lhe, praticamente, uma riqueza ornamental ilimitada. Assim, o “Thoulth” reflecte o brotar da alma e arrojar-se em direcção ao infinito. O “Nouskh” distingue-se pela sua elegância e a sua provocação do sentimento estético, enquanto que o “Koufi” significa estabilidade e constância. Os especialistas concordam em dizer que os caracteres são tão delicados e tão maleáveis que podem, de facto, tomar toda a espécie de formas geométricas e artísticas. Para se convencer disso, basta ver uma exposição de caligrafia árabe. Maravilhamo-nos com a riqueza e a variedade dos símbolos que ela exprime. Tão depressa se trata de uma flor de pétalas abertas como de uma árvore que se ergue majestosamente no firmamento; tão depressa se trata de uma pomba branca que estende as suas asas como de um leão cujos olhos refulgem de furor.

É por isso que toda a obra artística recorre à caligrafia árabe. Esta enche o vazio, embeleza os detalhes e dá ao conjunto um aspecto majestoso e imponente.

Este génio plástico que encerra a caligrafia árabe inspirou muitos homens que se entregam às artes plásticas. Servem-se deles para dar mais lustro às suas pinturas e às suas esculturas.

Assim foi criada uma “associação dos calígrafos árabes” para que este génio que é uma dádiva do nosso património conserve os seus traços essenciais e claridade da sua beleza.

Actualmente a caligrafia árabe tem o direito de cidade. Ela impõe-se na imprensa, nos meios de informação, nos diversos organismos do Estado, nas escolas, universidades, mesquitas, igrejas. A sua presença é sinal de bom gosto e de refinamento artístico.