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A História Profética: Ismael (paz esteja com ele)

O Profeta Muhammad (s.a.w.) foi descendente directo do Profeta Ismael (a.s.)

 

Coord. Por: M. Yiossuf Adamgy

08.Setembro.2016 /06.Zu-al-Hijjah.1437

 

 

Eram três pessoas benditas: Abraão (a.s.), a sua esposa Hagar (a.s.) e o seu filho Ismael (a.s.) nos seus braços, que viajavam para partes desconhecidas dos desertos da Arábia. Na realidade a viagem entranhava um mistério.

Uma manhã, Abraão e Hagar chegaram à presença de Sara… O pequeno Ismael gatinhava e sorria a todos. Abraão tinha um porte muito sério. Parecia que ia dizer algo importante. Mais tarde, deu a ordem de viajar. Não puderam dizer nem perguntar nada.

— Porquê? Para onde? — Perguntavam-se.

É óbvio que Abraão não fazia nada por si mesmo. Era uma Ordem Divina. Sara despediu-se …. O pequeno Ismael não compreendia nada ao despedir-se da primeira esposa do seu pai.

Passaram os dias e os meses. Os três benditos viajantes passaram por montanhas, dunas, desertos e rios. Por fim, chegaram aos desertos arábicos.

Abraão deixou Ismael sobre as areias do deserto. Olhou profundamente os olhos do seu filho. Ismael sorria apesar do calor abrasador, do Sol e das dunas abrasadoras. Abraão dificilmente podia suportar a dor de abandoná-los no deserto. Estava a ponto de romper a chorar. Olhou o seu filho pela última vez e depois, voltou-se e começou a andar.

Hagar estava confusa ao ver Abraão ir. «Onde podia ir? Junto a quem os deixava neste deserto? O que comeriam e beberiam? Quem os protegeria dos ataques dos animais selvagens?»

Hagar correu atrás de Abraão e perguntou:

— Onde vais, deixando-nos aqui?

A pergunta de Hagar desapareceu no vasto espaço do deserto. O Profeta Abraão (a.s.) andava sem olhar para trás. No seu interior desatava-se toda a classe de tempestades emocionais. Hagar continuou a correr atrás dele, deixando o seu filho atrás. Chamou-o outra vez:

— Senhor meu!

De repente calou-se. Compreendeu tudo. Era uma ordem de Deus. Quando Abraão ficou entre a ordem e os seus sentimentos, escolheu a ordem de Deus sem pensar nem um momento. Hagar perguntou outra vez:

— É uma ordem de Deus?

Sim, era uma ordem de Deus. Então, não restava mais alternativa que admiti-lo. Hagar compreendeu os senti-mentos de Abraão e disse para o consolar:

— No caso de ser uma ordem de Deus, sei que Ele está connosco. Podes ir tranquilo. Deus proteger-nos-á aqui!

Ismael olhou para trás, para o seu pai, até que desa-pareceu. Quando compreendeu que o seu pai se tinha ido, começou a chorar. A sua mãe chorava também assim como o seu pai atrás da duna. Os anjos não puderam suportá-lo mais e começaram a chorar. Todas as criaturas choravam pela triste cena… Os céus, a terra, as montanhas…

Abraão abriu as mãos e suplicou a Deus:

— Senhor Meu! Louvado sejas! Vês e ouves tudo no Universo! Deixei a minha família naquele vale árido em que não há nem uma folha verde, próximo da Tua Casa Sagrada. Estou seguro que és Aquele que os protegerá!

Ismael sorriu quando regressou a sua mãe. Hagar apertou o seu filho contra o seu peito. Caíram umas lágrimas sobre a cara luminosa de Ismael.

No deserto, a água é igual à vida e a falta de água é a morte segura. Passados uns dias, a água tinha termi-nado. Ismael começou a chorar de sede. Hagar levan-tou-se e começou a procurar água. Esperava encontrar um oásis no deserto. Viu uma duna mais à frente, a duna de Safa. Subiu a duna e olhou para o horizonte. Procurou uma pessoa, uma árvore ou um poço. Mas não havia nada no horizonte senão a nebulosa do calor. Desceu da duna de Safa e subiu à outra duna, a duna de Marwa. Olhou em seu redor mas os seus esforços para encontrar água foram vãos. Não havia nada senão vastos de areia.

Ismael chorava quando via que a sua mãe corria entre as dunas. Era muito difícil para um menino ficar sem água horas e horas. Mas era uma prova para Ismael. Deus queria que o Seu Mensageiro crescesse nas situa-ções mais difíceis. Sete vezes vagueou entre as duas dunas e por isso, os muçulmanos vão e vêm sete vezes quando realizam a Peregrinação para recordar os sentimentos de Hagar e compreender os sucessos desse dia.

Hagar estava muito cansada mas continuava a correr. Fazia um calor intenso. Ela chorava muito pelo seu filho, não por si mesma. Quem podia aguentar esta situação?

Os anjos começaram a chorar e suplicaram a Deus, o Misericordioso. Deus contemplava a cena também. Não há nada que permaneça em segredo para Ele.

A compaixão de todas as criaturas é uma gota no mar da Compaixão Divina. É óbvio que havia um segredo neste sucedido. Deus queria que os acontecimentos fos-sem bordados como uma epopeia nas páginas da história da humanidade. Queria que o ocorrido neste deserto, que estava muito longe da civilização, corresse de boca em boca, séculos e séculos. Queria que todo o mundo compreendesse o Milagre Divino. Era uma manifestação do poder de Deus. Quem é mais poderoso que Ele no Céu e na Terra? O mesmo Poder enviaria o Último Profeta, o Profeta dos Profetas (paz e bênçãos de Deus estejam com ele) no futuro.

O Todo-Poderoso enviou o anjo Gabriel à Terra. Quan-do o pequeno Ismael viu Gabriel, esqueceu-se da sede e começou a sorrir. Que belo era o anjo! Ismael chamava Gabriel com a mão; queria brincar com ele. Depois, co-meçou a golpear a terra com os seus pequenos pés.

De repente começou a brotar água de dentro das areias, da terra erma. Era um milagre! Não é Deus o Todo-Poderoso? Hagar tinha voltado junto a seu filho desesperançada, mas quando viu Ismael a brincar com a água, não soube o que fazer. A tristeza converteu-se em alegria, Abraão tinha confiado em Deus e mãe e filho beberam até se fartar. Cercaram a zona, sendo denominada, a partir desse momento, como o Poço de Zamzam.

Zamzam levou a vida à zona. Graças à água a erva começou a crescer na areia. Todo o vale se encheu de verdura. Dentro do deserto infernal nasceu um paraíso. Veio muita gente ver a água e a erva; construiu-se ali uma nova sociedade.

Passaram os anos, Ismael cresceu. Tinha treze ou catorze anos. Quando Abraão veio para visitá-los, viu a fecundidade que tinha trazido a água, e deu graças a Deus pelos seus benefícios abundantes. Abraão queria muito o seu filho Ismael, era um menino formoso. Toda a gente sabia que era um jovem decente e muito inteli-gente. Tinha boas qualidades porque era filho de um Profeta.

O nosso querido Profeta, o Profeta dos Profetas, o último Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: «Se Deus quer alguém, põe-no à prova. As provas dos Profetas são as mais difíceis».

Agora, Deus preparava uma nova prova para Abraão e seu filho Ismael.

Um dia, pela manhã, Abraão e Ismael davam um passeio. Abraão ia dizer algo muito importante. Contar-lhe-ia o que tinha sonhado na noite anterior. Tinha uma expressão muito séria. Olhou nos olhos de Ismael e disse:

— Filho meu! Sonhei que tentava sacrificar-te, o que opinas acerca disto?

Que decência tinha o Profeta Abraão! Consultava o seu filho! Ismael sabia que o sonho dos Profetas era um tipo de Revelação. Olhou a cara do seu pai e disse:

— Meu Pai! Faz o que te for ordenado por Deus! Verás, por Deus, que sou paciente entre os pacientes.

Que prova tão difícil! Que obediência tão forte! Era a manifestação da confiança em Deus. Era o preço de ser o Pai dos Profetas.

Pai e filho despediram-se para se verem depois. Não puderam fazer nada senão aceitar a ordem. Quando Is-mael ia para o lugar da referência, Satanás apareceu-lhe:

— Estás louco? O teu pai vai sacrificar-te!

Quando Ismael viu Satanás, começou a apedrejá-lo e Satanás fugiu dali. Mais tarde, apareceu-lhe outra vez e disse o mesmo. Ismael apedrejou-o de novo. Desde este dia, quando os muçulmanos realizam a Peregrinação a Meca, apedrejam Satanás de maneira figurada. Ele não pode vencer Ismael, foi derrotado e foi embora. Não era possível vencer um Mensageiro de Deus!

Mais tarde, Ismael tinha-se posto contra o solo para o sacrifício. Toda a natureza os olhava; todas as criaturas tinham vontade de saber o que se passaria pouco depois. Viam a manifestação de uma obediência total. Era uma prova muito difícil para ambos. Quando Abraão aproximou a faca ao pescoço de Ismael, ouviu uma voz celestial: «Abraão! Isto prova que tens confiança e fé em Deus! Submeteste-te à Ordem Divina! Sacrifica este carneiro em lugar de Ismael!»

Abraão, Ismael, os anjos no céu e as criaturas na Ter-ra suspiraram de alívio, profundamente. Tinha terminado a Prova Divina e tinha sido superada. Era um dia festivo para todo o Universo. Este dia foi nomeado como a Festa do Sacrifício para os Muçulmanos. Neste dia, os muçulmanos sacrificam cordeiros e carneiros recordando a história do Profeta Abraão e seu filho Ismael.

Passaram os anos, Ismael cresceu e fez-se adulto, casou e teve filhos. A população dos arredores de Zamzam foi aumentando. O povo de Ismael venerava Deus ajudado pelas palavras que tinham aprendido dele.

Um dia, Abraão e Ismael saíram para dar um passeio. Abraão sorria. Deus tinha-lhes mandado construir a Caaba, a Casa Sagrada. Os dois Profetas começaram a trabalhar sem perder tempo. Construíram a Caaba sobre a base que tinha escavado Adão.

A Caaba, coração do mundo. A Caaba, a pupila do Universo. A Caaba, o lugar sagrado onde os anjos no céu e os muçulmanos no mundo realizam a circunvalação (tawaf) ao seu redor.

Os dois Profetas suplicaram a Deus quando construíram a Caaba: «Senhor Meu! Aceita-o de nós! Tu és Quem tudo ouve, Quem tudo sabe! Senhor Meu! Faz-nos dos que se submetem a Ti e faz de nossos descendentes uma comunidade muçulmana que se submeta à Tua Divindade, sendo os representantes mais notáveis da obediência ao teu Poder! Envia-lhes um Profeta que lhes leia os Teus versículos! Para que lhes ensine o oculto, os chame ao recto caminho, à pureza! Tu és a única fonte de sabedoria!»

Deus aceitou as suas súplicas e o Profeta Muhammad (s.a.w.) foi descendente directo do Profeta Ismael (a.s.). Ele foi o Grande Profeta e os seus crentes, o povo da Umma, são os crentes mais fiéis.

Um dia o Nosso Querido Profeta Muhammad (s.a.w.) dirigia umas palavras aos seus discípulos. Quando lhe calhou a vez de falar do Profeta Abraão (a.s.) disse: «Eu sou a súplica do meu pai Abraão; sou o filho de dois sacrifícios».

O primeiro sacrifício era o do Profeta Ismael e o segundo era o do seu pai Abdullah.

Tinham terminado a construção da Caaba. Abraão pensou pôr um sinal no princípio do tawaf. Podia ser um sinal em forma de rocha mas seria diferente das demais rochas da construção. Ismael procurou uma rocha dife-rente nas montanhas mas não pode encontrá-la. Quando regressou, viu uma rocha negra levada pelo seu cansado pai:

— O que é isso?

Hajar al-Aswad, a rocha negra, a rocha sagrada.

— Onde a encontraste?

— Os anjos trouxeram-na do Éden.

Colocaram a Hajar al-Aswad no seu lugar especial, num muro da Caaba.

Desde este dia, os muçulmanos vêm visitar a Meca, realizar o tawaf em redor da Caaba, beijar Hajar al-Aswad. Para além disso, caminham entre as dunas de Safa e Marwa recordando a história de Hagar. Depois, apedrejam Satanás como o Profeta Ismael fez. Ofere-cem sacrifícios, cordeiros e carneiros, para manifes-tar a obediência a Deus. Durante as rezas, voltam os seus rostos para a Caaba e, deste modo, rezam.

Dois anjos falavam, entre eles, no Céu. Falavam do senhor do Universo. O senhor dos senhores estava a ponto de nascer, em Meca, próximo da Caaba, nos arredores do poço de Zamzam. Outro Zamzam que daria vida às almas desertas estava a ponto de nascer. Um dos anjos disse ao outro: «Entendeste o mistério da vinda de Ismael a Meca? O mistério do sacrifício? O mistério da construção da Caaba? Tudo era para ele! Para Muhammad (p.e.c.e.) — o último Profeta de Deus!».

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Como o passado prova que o Islão pode ser parte da identidade Europeia?

24 de Agosto 2016, por Konstantin Manyakin

In: http://www.thenewfederalist.eu/how-the-past-proves-that-islam-can-be-part-of-european-identity

Tradução de: M. Yiossuf Adamgy

 

Apesar das alegações de crescimento das manchetes e de muitos políticos de direita em toda a UE argu-mentando que o Islão não pertence à Europa, não é tão estrangeiro quanto parece, uma vez que as comunidades muçulmanas já existiam na Europa durante vários séculos. Bósnios, Albaneses, e alguns Gregos e Eslavos Búlgaros, são nativos Europeus Muçulmanos cujos antepassados, através da inter-acção com as civilizações Árabes e Turco-Otomanas, se converteram ao Islão. O Islão também foi reconhecido no Império Austro-Húngaro. Mesmo Adolf Hitler tentou encontrar simpatizantes da ideologia racista Nazi entre os muçulmanos bósnios. Hoje em dia, as Mesquitas de comunidades de imigrantes na Europa Ocidental já converteram dezenas de milhares de pessoas de ascendência nativa.

Como o Islão, o Cristianismo também é de origem do Médio Oriente. Mesmo quando o Imperador Constantino, o primeiro a assinar o “tratado de Milão”, que reconheceu o estatuto social dos cristãos no Império Romano, este édito marcou o Cristianismo como uma seita de fé judaica, praticada pelos hebreus israelitas.

Como o Cristianismo e o Budismo, o Islão é uma religião universal e não é uma nação ou cultura, como os nacionalistas afirmam. Qualquer um pode converter-se a ele, não importa o seu passado ou origem, independentemente da afiliação religiosa dos muçulmanos na Europa e da sua cor da pele. A única questão que deve ser levantada e respondida é – por que é que grupos de extrema-direita e outros movimentos de islamofobia tratam os muçulmanos como estrangeiros?

Em primeiro lugar, antes da imigração massiva da África e da Ásia para a Europa Ocidental durante o século XX, a população religiosa no continente era predominantemente Cristã e, ao mesmo tempo, um número crescente de pessoas aderiram aos pontos de vista ateus ou agnósticos.

Em segundo lugar, até ao final do século, imigrantes e cidadãos de ascendência Turca, Árabe e do Paquistão / Bangladesh, eram socialmente, culturalmente e economicamente segregados em ‘guetos Europeus devido à exploração e ao racismo das massas’.

Em paralelo, os governos europeus não poderiam lidar com o elevado desemprego e os baixos resultados educacionais entre os jovens de origem estrangeira. Além disso, com as políticas de reconhecimento que permitiram que centros islâmicos fossem financiados a partir do estrangeiro, as comunidades muçulmanas tornaram-se ainda mais culturalmente alienadas sob a influência estrangeira. Portanto, as crianças muçulmanas que vivem na França ou na Alemanha são obrigadas a seguir os costumes e tradições de origem dos pais, em vez de se tornarem cidadãos alemães ou franceses integrados, praticando a fé islâmica. Tais condições só violam a universalidade do Islão e impedem-nos de se adaptar em sociedades da Europa Ocidental. Além disso, por causa dos valores patriarcais praticados nestas comunidades imigrantes isoladas, muitos acreditam erroneamente que o Islão suprime os direitos das mulheres.

Em comparação, em algumas sociedades islâmicas como o Irão e a Turquia, um grande esforço é feito para manter a taxa de alfabetização alta entre a população feminina e proibir a poligamia. Depois da Primavera Árabe, países como Egipto e Tunísia tentam alcançar a igualdade de género, como costumava ser no Ocidente cristão durante os séculos XIX e XX.

Por outro lado, a exclusão social em curso com más condições económicas nas cidades europeias, austeridade e desemprego de longa duração são os principais catalisadores da radicalização religiosa, não só entre os jovens de origem imigrante, mas também entre os muçulmanos convertidos de ascendência nativa.

Se o objectivo dos governos da Europa Ocidental é transformar ‘o Islão na Europa “em” Islão da Europa “e trazer a Bósnia, o Kosovo e a Albânia para a UE, as políticas de integração devem, cultural e linguisticamente, absorver centros islâmicos, escolas e mesquitas.

Por exemplo, quando uma pessoa alemã escolhe converter-se ao Islão, ele/ela têm que aprender os ensinamentos religiosos no idioma alemão em vez de turco ou curdo, e não devem abandonar seus/suas tradições e valores culturais. Financiar mesquitas europeias por parte da UE e governos locais pode diminuir a influência do Estado Islâmico, localizado no Médio Oriente, diminuir a oportunidade de radicalização entre os jovens e, por fim, convidar bósnios, albaneses e kosovares como pessoas culturalmente Europeias, para a união. A língua árabe pode ser usada com a finalidade de compreender o significado do Alcorão, que foi originalmente escrito no dialeto local da península Arábica, mas não para demonstrar as comunidades muçulmanas europeias como culturalmente estrangeiras.

Uma abordagem alternativa para fazer com que o Islão seja parte integrante da identidade europeia é possível, a longo prazo, como a história da fé Cristã provou isso. Nos primeiros séculos, quando o Cristianismo foi quase indistinguível do Judaísmo original, os seguidores gentios de messias Yeshua ha-Notzri (ou Jesus de Nazaré) tiveram que estrictamente praticar e aprender os costumes culturais, tradições e língua dos hebreus do Médio Oriente, conhecido hoje como povo judeu.

Apesar do número de seguidores de Cristo ter crescido rapidamente no Império Romano, ao longo de décadas, os cristãos gentios, eventualmente em menor número, tornaram-se mais dominante do que judeus cristãos originais. As igrejas foram perdendo os laços com o Médio Oriente e com as diásporas judaicas e, eventualmente, as reformas sociais e religiosas do imperador Constantino o Grande, no século IV finalizaram o processo. A assimilação cultural e linguística do cristianismo ou “seita judaica” na civilização romana/europeia foi concluída, apesar da fé Cristã ainda hoje abraçar valores religiosos judaico-abraâmicos.

Se o Islão Europeu segue um processo muito similar, então os ensinamentos religiosos do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) tornar-se-ão uma parte espiritual da UE. Mesquitas europeizadas podem tornar- -se uma arquitectura notável de arte europeia e da história, da mesma forma como as Catedrais cristãs.

Talvez as mulheres muçulmanas europeias que também seguem valores sociais europeus, possam demonstrar-se como um excelente exemplo do Islão reformista, de igualdade de género e sucesso na educação, carreira e conquistas no desporto, política e ciência para congéneres que vivem em países muçulmanos fora da UE.

Em paralelo, há uma forte razão para evitar conflitos religiosos entre Muçulmanos e Cristãos, já que ambos acreditam no mesmo Deus (em árabe conhecido como Allah) e aderem aos mesmos Profetas, especialmente Jesus (conhecido como Issa no Islão), que é muito notável em ambas as confissões.

Finalmente, é importante ter em mente que a radicalização islâmica é tão hostil quanto o extremismo cristão, grupos de extrema-direita e movimentos ultra-esquerdistas, que diariamente abusam da democracia, direitos civis, liberdade de discurso e de expres-são na União Europeia e noutros países ocidentais. E os muçulmanos moderados, juntamente com outras confis-sões e grupos de direitos   cívicos, podem expressar a solidariedade em conjunto para proteger a democracia e a segurança europeia.

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Ora Assim vai o mundo: Farsa na Líbia

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Serviço Secreto Britânico Dirigiu os Terroristas no Cerco à Trípoli, Capital da Líbia – link http://www.anovaordemmundial.com/2011/08/servico-secreto-britanico-dirigiu-os.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+UmaNovaOrdemMundial+%28Uma+Nova+Ordem+Mundial%29

24 Agosto 2011 AM PDT – Mesmo enquanto a mídia corporativa continua a retratar o ataque rebelde em Trípoli como uma espécie de revolta popular, agora é admitido que a inteligência britânica desempenhou um papel fundamental na direção do cerco, e com isso continuaram a sua longa relação com os terroristas da Al-Qaeda.

“Os agentes do MI6 (serviço secreto britânico), com base no reduto rebelde de Benghazi, aperfeiçoaram os planos de batalha elaborados pela transição pelo Conselho Nacional de Transição da Líbia (dos “rebeldes”, quer dizer terroristas), que foram definidos há 10 semanas”, relata o Telegraph de Londres.

“Os constantemente atualizados conselhos táticos fornecidos por especialistas britânicos para os líderes rebeldes focavam na necessidade de desencadear um novo levante dentro de Trípoli, que poderia ser usado como uma justificativa para avançar o combate na cidade.”

O ataque orquestrado pelo MI6 em Trípoli foi precedido por um bombardeio executado por aviões de caça da RAF (força aérea britânica) no fim de semana, que teve como alvo as principais instalações de comunicações de Kaddafi.

Como Webster Tarpley relatou, a OTAN em seguida enviou terroristas para liderar o massacre ao estilo de Mumbai que causou mais de 1.000 mortes.

Forças Especiais britânicas estavam em solo na Líbia antes mesmo da resolução da “zona sem vôo” da ONU ter sido anunciada no início deste ano. Agentes da SAS (Serviço Aéreo Especial britânico) que estavam dirigindo os rebeldes aterrissaram na Líbia no final de Fevereiro, juntamente com membros das forças especiais francesas e americanas. Os ocidentais foram mais tarde pegos no flagra em um vídeo confraternizando com os rebeldes por uma equipe de filmagem da Al-Jazeera.

Isto de modo algum seria a primeira vez que a inteligência britânica trabalhou diretamente com os terroristas da Al-Qaeda, em uma tentativa para derrubar o coronel Kaddafi.

Como você pode conferir nesta matéria do jornal britânico The Guardian, especialistas em inteligência francesa revelaram como o MI6 pagou 100 mil dólares para uma célula da Al-Qaeda da Líbia, o Grupo Combatente Islâmico, para a assassinar Kaddafi.

Em torno da mesma época, a inteligência britânica também frustrou um mandado de prisão da Interpol para Osama Bin Laden emitido por Kaddafi, em uma tentativa de proteger o grupo Al-Qaeda, que estava sendo pago pelo MI6 para matar o líder líbio. O Grupo Combatente Islâmico foi liderado na época por Anas al-Liby, um dos tenentes de confiança de Bin Laden.

O Grupo de Combate Islâmico Líbio (LIFG) é uma das principais facções da Al-Qaeda que agora comanda as forças rebeldes. Como relata o Asian Tribune: “O Grupo de Combate Islâmico Líbio (LIFG) deve emergir para se tornar o verdadeiro poder por trás de qualquer administração pós-Kaddafi na Líbia”.

Assim, tendo treinado, financiado e equipado os terroristas da Al-Qaeda, a Grã-Bretanha e os EUA, ao mesmo tempo em que afirmam estar lutando uma “guerra ao terror” de várias gerações, estão agora a oferecer um lar para os mesmos militantes da Al-Qaeda que mataram soldados dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

Fontes:

  • Infowars: MI6 Directed Rebel Terrorists In Tripoli Siege
  • The Telegraph: Libya: secret role played by Britain creating path to the fall of Tripoli
  • The Guardian: Al-Jazeera footage captures ‘western troops on the ground’ in Libya
  • The Guardian: MI6 ‘halted bid to arrest bin Laden’
  • Asian Tribune: Gaddafi under siege: Two CIA-backed groups, an al-Qaeda-linked LIFG on top of power stakes
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Carta de uma sobrevivente do massacre da Noruega ao assassino Anders Behring Breivik

Opinião – 2011/08/08 – Fonte: pijamasurf.com – Versão Portuguesa: Al Furqán, nº. 182

Ivar Østebø Benjamin, 16 anos, sobreviveu ao trágico massacre perpetrado por Anders Breivik Behring, que matou mais de 70 jovens, e estas são as suas palavras para o assassino.

Sr. Anders Breivik Behring:

Muitos dos meus amigos que conheci na Utoya estão mortos e você é o carrasco. Você é o homem que, por coincidência, não me matou. Eu tive sorte.

Você pode pensar que você ganhou. Pode pensar que arruinou algo no Partido Trabalhista e para o povo do mundo que defende uma sociedade multicultural, matando os meus amigos e colegas de partido.

Perceba que você falhou.

Não só fez com que o mundo se unisse, como encheu a nossa alma de fogo e perceba que nós nunca estivemos tão unidos como agora. Você fala de si mesmo como um herói, um cavaleiro. Você não é nenhum he-rói. Mas você criou heróis. Neste dia quente de Julho em Utoya você criou alguns dos maiores heróis que o mundo tem visto, unindo as pessoas de todo o mundo. Negros e brancos, homens e mulheres, vermelhos e azuis, cristãos e muçulmanos.

Transformou em mártires as suas vítimas, imortais; e demonstrou-se ao mundo que se uma pessoa pode mostrar tanto ódio como você fez, imagine-se o quanto de amor se pode mostrar se estivermos juntos. Pessoas que pensavam que me odiavam deram-me abraços na rua, pessoas que não tiveram contacto comigo nos últimos anos escreverem-me 300 ou 400 palavras sobre o que significa eu ter sobrevivido. Que tal isso? Acha que quebrou alguma coisa? Em vez disso, juntou, uniu.

Você matou os meus amigos, mas não matou a nossa causa, as nossas opiniões, o nosso direito de nos expressarmos. Mulheres muçulmanas receberam abraços de simpatia, ao acaso, nas ruas. E se o seu objectivo era proteger a Europa do Islão, as suas acções foram contra o seu propósito.

Não merece agradecimentos, os seus planos falharam. Muitas pessoas estão com raiva, você é a pessoa mais odiada na Noruega. Não tenho raiva, não tenho medo de si. Não nos pode tocar, somos maiores do que você. Nós não respondemos ao mal com o mal, como querias.

Combatemos o mal com o bem. E ganhámos.

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Muçulmanos Hispânicos e os Efeitos de 11/09

Entrevistas – 25/08/2011 – Autor: Lyan Babylon – Fonte: Terra – Versão Portuguesa: Al Furqán, nº. 182

Hoje pode ter passado uma década desde a tragédia, mas o que não passou é a dor dos que perderam parentes no 11 de Setembro de 2001 e o ressentimento de outros.

Especial: os hispânicos superam os estereótipos no Islão

Com a tragédia de 11 de Setembro de 2001 a percepção sobre os muçulmanos nos Estados Unidos foi transformada. Imediatamente após os ataques, muitos americanos expressaram ressentimento contra este grupo religioso, mas hoje, 10 anos mais tarde, há um pouco mais de tolerância e a conversão ao Islão tem aumentado.

The New York Times diz que existem cerca de 200.000 hispânicos convertidos ao Islão a viver nos EUA. A maioria são porto-riquenhos, cubanos, dominicanos e mexicanos. Os números falam por si e mostram que o número de seguidores tem crescido após os mortíferos ataques na história dos EUA.

Embora inicialmente classificassem muitos muçulmanos como terroristas, existe agora uma maior consciência do problema. Nos EUA 20 mil pessoas convertem-se ao Islão em cada ano e é a religião que mais cresce em todo o mundo.

Wilfredo Ruiz Amr:

Ruiz, porto-riquenho que vive agora na Flórida diz que “a mesma notícia ruim e a má propaganda colocou o Islão em contacto com as pessoas.” “Desde 11 de Setembro, eu acredito que em qualquer jornal nacional não passam dois dias sem a palavra Islão ou muçulmanos aparecer em quaisquer de suas páginas. E na medida em que as pessoas estão vendo isso torna-se de interesse para saber mais sobre o Islão”, diz ele.

Amr Ruiz converteu-se em 2003, mesmo quando “os estereótipos estavam à flor da pele”, diz ele. O que o levou a buscar o Islão é que ele era um cristão não praticante e queria educar os seus filhos dentro de um quadro de fé. A sua família rejeitou-o e a sua mãe foi a mais relutante em aceitá-lo. Amr Ruiz tinha estudado toda a sua vida numa escola católica e sua mãe era um membro activo da Igreja Católica na sua comunidade.

“Disseram-me que eu estava errado, algumas pessoas disseram que o Islão não responde à nossa cultura e eu contestei dizendo de que país da América Latina era originário Jesus.”

Mas, eventualmente, a sua família aceitou pelo simples facto de que “as acções no Islão falam mais alto do que as palavras. Quando a minha família viu que não fumava, não bebia, rezava cinco vezes por dia, disse: que mal pode haver nisto”. Amr Ruiz afirma que os estereótipos contra os muçulmanos são em grande parte devido a equívocos instilados por pessoas de fora da religião.

Para além da crítica, Amr Ruiz não viveu qualquer situação mais grave, que não é o caso para todos os muçulmanos nos Estados Unidos depois de 11/09.

Khalid Salahuddin:

Khalid, que nasceu no Panamá, mas se mudou ainda criança com seus pais para a América, conta que um site antimuçulmano o acusou de apoiar a jihad ou guerra santa, luta extremista que levou Osama bin Laden a co-meter os actos terroristas de 2001. No entanto, apesar das alegações num artigo escrito num website não houve maiores consequências. “No meu trabalho o meu chefe disse-me que sabia que eu não estava envolvido nisso, por isso não o afectava”. A confiança das pessoas que gostavam dele foi instantânea e alguns ofereceram a sua ajuda, diz ele. Os seus conhecidos sabem o sentimento de Salahuddin relativamente aos ataques. “Isso foi uma desgraça, a verdade é que eu não podia acreditar que alguém que tivesse a mesma mentalidade que eu estava envolvido em alguma coisa. Quando eles fizeram isso deixaram de ser muçulmanos… A religião islâmica diz que se você matar uma só pessoa é como se matasse toda a raça da humanidade”.

Salahuddin disse que por causa das suas crenças, é muito difícil de acreditar que os ataques terroristas são um acto islâmico e que “só Deus sabe o que aconteceu.”

Roraima Aisha Kanar:

Roraima Aisha Kanar, cubana, concorda com Salahuddin. “Se eu tivesse viajado com meu marido (que tem um nome árabe) e ele tivesse estado naquele avião não o teriam acusado de ser um deles (terroristas)? E porque tenho eu de pensar que todos os que foram acusados e estão mortos hoje estavam envolvidos? “, diz ela.

Também relata que viveu na primeira pessoa a rejeição da comunidade após o 11/09. “Os que mais me julgaram foram os latinos, e como não sabiam que eu falava espanhol diziam coisas como, olha a pessoa que vem atrás de nós, anda rápido para não estar perto de nós, não sabemos o que pode acontecer.” No entanto, Kanar não ficava calada e dizia-lhes que não a julgassem pelo que não conheciam.

Mas isso não só aconteceu quando ela ia fazer compras ou saia fora de sua casa para qualquer tarefa, mas também com respeito ao seu trabalho. Kanar estava envolvida na venda de bens no momento e muitos clientes estavam distantes e constrangidos na sua presença. Mas Kanar disse que “nada pode ser alcançado sem paciência” e a sua atitude foi fazer com que as pessoas se sentissem confortáveis.

Quebrando os estereótipos:

Apesar de provenientes de outros países estas pessoas têm algo em comum: elas não estavam satisfeitas com o que lhes ofereceria o catolicismo. Kanar insiste que a Igreja Católica não forneceu respostas às suas perguntas. Além disso, refere que o que mais lhe chamou a atenção no Islão é que, diz ela, é uma religião cujo relacionamento com Deus é directo, sem intermediários, pois o seu comportamento, suas roupas e seu modo de agir é uma decisão pessoal ao aceitar o Islão como sua fé, e não algo imposto. Como muitos latinos tiveram que quebrar os estereótipos da sua família. Mas ao contrário do que alguns possam pensar, a sua mãe, uma católica praticante, não tinha pena que a sua filha não comungasse ou não assistisse à missa. “Um dia eu sentei-me com ela e ela disse-me que o que mais lhe doía é que eu não podia usar fatos de banho ou vestir roupas justas ou decotes como fazia antes”, diz ela. Mas para Kanar o próprio facto de as pessoas a valorizarem pela sua qualidade humana e não pelo que parecia foi um dos factores que a levaram a mudar de religião.

Kanar Amr Ruiz e Salahuddin concordam que a falta de aceitação para aqueles que não compartilham a fé cristã da maioria dos americanos é devida à ignorância. Um estudo realizado pelo Pew Hispanic Center diz isso, os hispânicos, especialmente os católicos, são o grupo com menos informações sobre sua própria religião e sobre as outras religiões, de acordo com a pesquisa nacional.

Hoje pode ter passado uma década desde a tragédia, mas o que não passou é a dor dos que perderam parentes no 11 de Setembro de 2001 e o ressentimento dos outros. Em 2 de Maio, o mundo testemunhou a forma como dezenas de pessoas nos Estados Unidos comemoraram a morte do autor dos ataques, Osama bin Laden. Mas, por anos, os muçulmanos nos Estados Unidos têm tentado dei-ar claro que o Alcorão condena qualquer acto terrorista e o que diz que mata em nome de Allah, mente.