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Aprova o Islão a violência contra não muçulmanos?

(30.12.2011 – Coord. por M. Yiossuf Adamgy, in revista Al Furqán, nº. 185)

A violência não é religiosa. É crime. É como se tivesse assassinado toda a humanidade.

‘Uma sequência de explosões abalou a Nigéria durante a celebração da Missa de Natal em igrejas católicas, dando origem a 40 vítimas. O primeiro e mais mortal dos ataques ocorreu quando uma forte explosão destruiu a igreja de Santa Teresa, na periferia de Abuja, capital nigeriana, onde os serviços de emergência informaram que haviam resgatado dezenas de corpos no interior do templo… O grupo radical islâmico Boko Haram (termo que na língua local da etnia Hausa significa “educação ocidental é pecado”) reivindicou os ataques’. (1)

A primeira coisa que ocorre na mente de quem lê este parágrafo é “Os muçulmanos são terroristas, fanáticos da violência e fundamentalistas”. No entanto, deve-se dizer que essa ideia é baseada em preconceito e desconhecimento da realidade do Islão.

O Islão aprova a violência contra não muçulmanos? Absolutamente NÃO. O Islão é uma religião de paz. Não há nada no Alcorão, na doutrina ou na ética islâmica que permita, incentive ou tolere a violência em qualquer forma e sob nenhuma circunstância. Embora a ideia que exista no Ocidente seja que a violência na religião muçulmana é parte da prática, o reconhecimento dos direitos humanos de homens e mulheres em pé de igualdade, independentemente da origem, raça ou crença religiosa, encontra no Alcorão a sua fonte original.

O Islão reconhece aos ‘dzimmíes’ (minorias não-muçulmanas dentro de uma sociedade islâmica) os mesmos direitos que aos muçulmanos. Disse o Profeta Muhammad (s.a.w. = paz e bênçãos de Deus estejam com ele):

“Quem faz mal a um dzimmí, faz mal a mim próprio, e quem me prejudica, prejudica Al-lah.” É um grande pecado prejudicar as minorias de qualquer tipo. Um muçulmano que incorporou no seu coração e vida a mensagem de Deus (ár. Allah), não vai perturbar a vida de alguém que pensa, vive, ou sente diferente.

Existe uma Declaração dos Direitos Humanos no Islão (DDHI), também conhecida como a Declaração do Cairo (1990), pelos Estados membros da Organização da Conferência Islâmica, que fornece uma visão geral da perspectiva muçulmana sobre os direitos dos seres humanos e define a Sharia – lei islâmica, em geral, como sua principal fonte. O DCDHI declara que a sua meta é ser um guia para os Estados membros do OIC no campo dos direitos humanos. Geralmente, esta declaração é considerada como equivalente e resposta à Declaração Universal dos Direitos Humanos elaborado pela ONU em 1948.

Mas, mesmo que esta declaração não existisse, não compromete de todo os direitos inalienáveis da humanidade. No Islão, todas as pessoas são profundamente iguais. Todo o ser humano é, portanto, semelhante aos seus pares, a humanidade é uma comunhão a serviço de um único Deus. Neste contexto espiritual, o conceito islâmico de singularidade é fundamental e central e inclui, necessariamente, o conceito de unidade humana e fraternidade entre os seres humanos.

Diz o Alcorão Sagrado: ‘Ó crentes! Sede perseverantes na causa de Deus e prestai testemunho, a bem da justiça; que o ódio aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque isso está mais próximo da piedade, e temei a Deus, porque Ele está bem inteirado de tudo quanto fazeis’. (5:8).

‘… E se Deus não tivesse repelido alguns homens por intermédio de outros, estariam demolidos os mosteiros e as igrejas, as sinagogas e as mesquitas, onde o nome de Deus é tantas vezes invocado …’. (22.40).

‘Deus ordena a justiça e a benevolência’. (16:90).

‘Quando julgardes as pessoas, fazei-o com justiça’. (4:58).

Em muitos outros versículos, este princípio é referido.

A vida humana é sagrada e não deve ser tomada ou abusada sem nenhum motivo. Quando alguém viola a santidade da vida por matar uma pessoa sem justificação, o Alcorão compara com a morte de toda a humanidade:

‘ (…) Aquele que mata uma pessoa que não tenha morto ou feito danos na terra, é como se tivesse assassinado toda a humanidade’. (Alcorão, 5:32).

Disse o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) que não há diferença entre um árabe e um estran-geiro (não árabe), entre um homem e uma mulher, entre ricos e pobres, excepto na piedade, na consciência de Deus. Qualquer pessoa que se respeite a si mesma é definitivamente a favor da implementação e monitoramento dos direitos humanos.

O Islão ordena, pela palavra de Deus, a respeitar o “Povo do Livro”, isto é, cristãos e judeus. Muçulmanos reconhecem a Torá e a Bíblia como revelações anteriores de Deus para a humanidade. Reconhecem Abraão, Moisés e Jesus (paz esteja com eles) como nossos Profetas e figuras-chave no desenvolvimento da nossa fé. Promover a coexistência pacífica baseada no respeito pelos direitos humanos é um mandato irrevogável para todo muçulmano que é digno do nome.

Um exemplo disso é a aliança do Profeta Muhammad (s.a.w.) com os cristãos de Najran, em 631, que gozavam de protecção “da sua vida, propriedade, terra, fé, templos e todos os seus pertences” como os muçulmanos. De acordo com este estatuto, as minorias religiosas no mundo muçulmano desfrutaram de uma autonomia quase completa e autogestão em assuntos religiosos, incluindo questões pessoais, família, direito sucessório e direito penal quando foram cometidos crimes dentro da minoria.

Outro exemplo disso é o histórico tratado com os Cristãos de Jerusalém assinado pelo Califa Omar (r.a.): ‘Esta é a protecção que o servo de Deus, Omar, o Chefe dos Crentes, garante ao povo de Eiliya (Jerusalém). A protecção diz respeito às suas vidas e propriedades, às suas igrejas e cruzes, às suas doenças e saúde, assim como para todos os seus correligionários. As suas igrejas não serão utilizadas como habitação, nem tão pouco serão demolidas; nem nenhuma injúria lhes será feita, nem as suas propriedades serão injuriadas de forma alguma. Não haverá compulsão para com estas pessoas em matéria religiosa, nem deverão, por isso, sofrer ou serem vítimas de injúria … Tudo o que aqui se encontra escrito é de acordo com a vontade de Deus e a responsabilidade do Seu último Mensageiro, dos califas e dos crentes, e deverá ser respeitado …’.

O uso da religião para justificar o ódio e a violência para dar uma aparência de santidade que não tem, é um recurso popular dos grupos cujo objectivo não é, em caso algum, honrar a Fé. Se assim fosse, apresentariam a sua conduta para a paz, não para a morte. Rancores pessoais, interesses culturais, estratos políticos e económicos, estão no fundo dessas atrocidades que em nada representam os muçulmanos em geral, e não são expressão do papel que Deus nos deu na terra. O confronto entre muçulmanos e cristãos não faz parte da nossa ética e devem ser rejeitados pelos verdadeiros crentes. O “ódio cego” não é islâmico, é um pecado mortal. A violência não é religiosa; é criminosa; é como se tivesse assassinado toda a Humanidade.

Que Deus ilumine a Humanidade no limiar deste Novo Ano, tornando-o Feliz e Próspero.

(1) – Apesar de muitos cristãos (e não cristãos) realmente estarem a ser assassinados na Nigéria (e em outros países), soube-se que a foto que acompanha essa notícia (falsa) foi tirada depois de uma explosão de um caminhão de combustível no Congo e não tem nada a ver com o facto citado no texto. Ver em: http://www.e-farsas.com/cena-chocante-cristaos-queimados-vivos-verdadeiro-ou-falso.html

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Ora Assim vai o mundo: Farsa na Líbia

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Serviço Secreto Britânico Dirigiu os Terroristas no Cerco à Trípoli, Capital da Líbia – link http://www.anovaordemmundial.com/2011/08/servico-secreto-britanico-dirigiu-os.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+UmaNovaOrdemMundial+%28Uma+Nova+Ordem+Mundial%29

24 Agosto 2011 AM PDT – Mesmo enquanto a mídia corporativa continua a retratar o ataque rebelde em Trípoli como uma espécie de revolta popular, agora é admitido que a inteligência britânica desempenhou um papel fundamental na direção do cerco, e com isso continuaram a sua longa relação com os terroristas da Al-Qaeda.

“Os agentes do MI6 (serviço secreto britânico), com base no reduto rebelde de Benghazi, aperfeiçoaram os planos de batalha elaborados pela transição pelo Conselho Nacional de Transição da Líbia (dos “rebeldes”, quer dizer terroristas), que foram definidos há 10 semanas”, relata o Telegraph de Londres.

“Os constantemente atualizados conselhos táticos fornecidos por especialistas britânicos para os líderes rebeldes focavam na necessidade de desencadear um novo levante dentro de Trípoli, que poderia ser usado como uma justificativa para avançar o combate na cidade.”

O ataque orquestrado pelo MI6 em Trípoli foi precedido por um bombardeio executado por aviões de caça da RAF (força aérea britânica) no fim de semana, que teve como alvo as principais instalações de comunicações de Kaddafi.

Como Webster Tarpley relatou, a OTAN em seguida enviou terroristas para liderar o massacre ao estilo de Mumbai que causou mais de 1.000 mortes.

Forças Especiais britânicas estavam em solo na Líbia antes mesmo da resolução da “zona sem vôo” da ONU ter sido anunciada no início deste ano. Agentes da SAS (Serviço Aéreo Especial britânico) que estavam dirigindo os rebeldes aterrissaram na Líbia no final de Fevereiro, juntamente com membros das forças especiais francesas e americanas. Os ocidentais foram mais tarde pegos no flagra em um vídeo confraternizando com os rebeldes por uma equipe de filmagem da Al-Jazeera.

Isto de modo algum seria a primeira vez que a inteligência britânica trabalhou diretamente com os terroristas da Al-Qaeda, em uma tentativa para derrubar o coronel Kaddafi.

Como você pode conferir nesta matéria do jornal britânico The Guardian, especialistas em inteligência francesa revelaram como o MI6 pagou 100 mil dólares para uma célula da Al-Qaeda da Líbia, o Grupo Combatente Islâmico, para a assassinar Kaddafi.

Em torno da mesma época, a inteligência britânica também frustrou um mandado de prisão da Interpol para Osama Bin Laden emitido por Kaddafi, em uma tentativa de proteger o grupo Al-Qaeda, que estava sendo pago pelo MI6 para matar o líder líbio. O Grupo Combatente Islâmico foi liderado na época por Anas al-Liby, um dos tenentes de confiança de Bin Laden.

O Grupo de Combate Islâmico Líbio (LIFG) é uma das principais facções da Al-Qaeda que agora comanda as forças rebeldes. Como relata o Asian Tribune: “O Grupo de Combate Islâmico Líbio (LIFG) deve emergir para se tornar o verdadeiro poder por trás de qualquer administração pós-Kaddafi na Líbia”.

Assim, tendo treinado, financiado e equipado os terroristas da Al-Qaeda, a Grã-Bretanha e os EUA, ao mesmo tempo em que afirmam estar lutando uma “guerra ao terror” de várias gerações, estão agora a oferecer um lar para os mesmos militantes da Al-Qaeda que mataram soldados dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

Fontes:

  • Infowars: MI6 Directed Rebel Terrorists In Tripoli Siege
  • The Telegraph: Libya: secret role played by Britain creating path to the fall of Tripoli
  • The Guardian: Al-Jazeera footage captures ‘western troops on the ground’ in Libya
  • The Guardian: MI6 ‘halted bid to arrest bin Laden’
  • Asian Tribune: Gaddafi under siege: Two CIA-backed groups, an al-Qaeda-linked LIFG on top of power stakes
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Carta de uma sobrevivente do massacre da Noruega ao assassino Anders Behring Breivik

Opinião – 2011/08/08 – Fonte: pijamasurf.com – Versão Portuguesa: Al Furqán, nº. 182

Ivar Østebø Benjamin, 16 anos, sobreviveu ao trágico massacre perpetrado por Anders Breivik Behring, que matou mais de 70 jovens, e estas são as suas palavras para o assassino.

Sr. Anders Breivik Behring:

Muitos dos meus amigos que conheci na Utoya estão mortos e você é o carrasco. Você é o homem que, por coincidência, não me matou. Eu tive sorte.

Você pode pensar que você ganhou. Pode pensar que arruinou algo no Partido Trabalhista e para o povo do mundo que defende uma sociedade multicultural, matando os meus amigos e colegas de partido.

Perceba que você falhou.

Não só fez com que o mundo se unisse, como encheu a nossa alma de fogo e perceba que nós nunca estivemos tão unidos como agora. Você fala de si mesmo como um herói, um cavaleiro. Você não é nenhum he-rói. Mas você criou heróis. Neste dia quente de Julho em Utoya você criou alguns dos maiores heróis que o mundo tem visto, unindo as pessoas de todo o mundo. Negros e brancos, homens e mulheres, vermelhos e azuis, cristãos e muçulmanos.

Transformou em mártires as suas vítimas, imortais; e demonstrou-se ao mundo que se uma pessoa pode mostrar tanto ódio como você fez, imagine-se o quanto de amor se pode mostrar se estivermos juntos. Pessoas que pensavam que me odiavam deram-me abraços na rua, pessoas que não tiveram contacto comigo nos últimos anos escreverem-me 300 ou 400 palavras sobre o que significa eu ter sobrevivido. Que tal isso? Acha que quebrou alguma coisa? Em vez disso, juntou, uniu.

Você matou os meus amigos, mas não matou a nossa causa, as nossas opiniões, o nosso direito de nos expressarmos. Mulheres muçulmanas receberam abraços de simpatia, ao acaso, nas ruas. E se o seu objectivo era proteger a Europa do Islão, as suas acções foram contra o seu propósito.

Não merece agradecimentos, os seus planos falharam. Muitas pessoas estão com raiva, você é a pessoa mais odiada na Noruega. Não tenho raiva, não tenho medo de si. Não nos pode tocar, somos maiores do que você. Nós não respondemos ao mal com o mal, como querias.

Combatemos o mal com o bem. E ganhámos.

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Maimónides, um judeu espanhol no islão

Andalusis – 01/04/2009 – Fonte: AIM Digital – Versão Portuguesa: Al Furqán, in sua edição nº. 179, de Janº. / Fevº. 2011

Completaram-se 804 anos do nascimento do médico e filósofo judeu Moisés ben Maimon, conhecido como “Maimónides” entre os cristãos e como Ibn Maimun entre os árabes, em Córdova (Espanha).

Estes três nomes da mesma pessoa revelam a possibilidade, no seu tempo e lugar indubitável, de convivência harmónica de árabes, judeus e cristãos, hoje posta em causa por frequentes conflitos armados no território da Palestina.

Abu Imram ben Maimun ibn Abdalá, como o chamavam os contemporâneos muçulmanos, escreveu obras que se usam para ilustrar a filosofia árabe do seu tempo, quando era possível a convivência entre cristãos, árabes e judeus.

Em Fez, onde se fixou com a família, Maimónides estudou a Bíblia e os seus comentários, medicina, astronomia, matemáticas, e em geral toda a ciência vigente.

Depois de longas peregrinações, que incluem a sua estadia em Alexandria e na Palestina, a família instala-se em Fustat, antiga cidade próxima do Cairo. Lá dedica-se à profissão de médico. A fama chegar-lhe-á muito lentamente. Em 1185 é nomeado médico oficial do vizir al-Fadil, e pouco a pouco a sua figura converte-se em lendária.

Maimónides recebe consultas de diverso tipo, procedentes de comunidades de diferentes países do Oriente e do Ocidente. Tais como questões legais, interpretação de passagens religiosas, problemas teológicos e históricos, inclusive assuntos correntes e de comportamento.

Ao longo da vida, a Maimónides chegam numerosíssimas cartas com pedidos de ajuda e esclarecimento, e as suas respostas eram recebidas como pareceres da mais alta autoridade.

Maimónides dirigiu ao seu povo o ‘Guia para os perplexos’; mas a língua em que verteu os frutos da sua luminosa inteligência foi o árabe.

Por isso, os árabes do seu tempo, que governavam Espanha, consideravam-no um ‘Honrado’, título guardado especialmente para os descendentes de profetas.

A crítica e o revisionismo histórico moderno não foram ainda justos com o período de al-Andalus, sendo a postergação e às vezes a minimização da sua incidência na história da humanidade uma dívida que recai sobre os historiadores: “A Espanha das três culturas é de tal magnitude que sem ela não poderia compreender-se o desenvolvimento de Ocidente’.

Porque o pensador judeu ou cristão poderia levar a cabo a sua tarefa no âmbito muçulmano.

Em 1148 Maimónides tem que emigrar de Córdova pela chegada dos almóadas, mas curiosamente, e um dado por investigar é o porquê da sua emigração para Fez, que era justamente o centro político dessa dinastia. Posteriormente a sua vida transcorre no califado fatímida do Egipto, chegando a ser médico pessoal de Saladino I, filho de Saladino o Grande.

A perspectiva do monoteísmo nos credos abraâmicos e a concepção da divindade denotam, sem dúvida, a sua origem comum. Cada religião possui as suas próprias expressões, do ponto de vista da adoração, bem como também rituais próprios que definem as formas da sua crença. No seu carácter de homem religioso e exegeta das escrituras, Maimónides exprime enunciados nos seus treze artigos de fé.

Em filosofia, a sua fonte filosófica principal é Aristóteles, que conheceu através de Avicena e de Averróis. De qualquer modo, opõe-se ao estagirita naqueles pontos nos quais a sua filosofia é irreconciliável com a fé, como na sua concepção da eternidade do mundo, oposta ao criacionismo bíblico.

Como mais adiante fará como Tomás de Aquino (sobre quem Maimómides exerceu uma notável influência), afirma a possibilidade de demonstrar a existência de Deus usando a ideia aristotélica do motor imóvel.

Também a demonstra pela existência de um ser necessário e de uma causa primeira.

O seu principal escrito filosófico, ‘Moré Nebujim’ (Guia de perplexos) foi redigido origi-nalmente em árabe, em 1200, e traduzido para o hebreu sob a sua supervisão. É uma obra de grande envergadura, na qual se abordam os principais problemas metafísicos, antropológicos e morais, sempre ao serviço da teologia.

“Se alguém te afirmar que tem prova da sua própria experiência de algo que precisa de confirmar a sua teoria, ainda que seja uma pessoa de grande autoridade, seriedade e moralidade, deverás duvidar, não deixes a mente ser arrastada pelas novidades que te explica, mas exa-mina cuidadosamente as suas teorias e crenças, como deves fazer a respeito das coisas que declara ter visto; examina o assunto sem deixar-te persuadir facilmente.

E isto que te digo é certo, sendo a pessoa em questão um notável ou um do povo. Porque uma vontade forte pode levar uma pessoa a falar erroneamente, especialmente numa discussão…”.

Maimónides, ‘um sefardita universal’ segundo o livro de Mario Steiner, foi um homem genial com um horizonte mental muito superior ao do seu meio e tempo. Talvez por isso se deu bem com a comunidade judia, à qual pertencia. Conta a tradição que puseram sobre o seu túmulo a inscrição: ‘Aqui jaz Moisés ben Maimon, maldito herege’.

Em Buenos Aires, uma universidade privada leva o seu nome como reconhecimento a 8 séculos da sua verdadeira estatura e significado.