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O que é o Alcorão?

Por: M. Yiossuf Adamgy (09.Fevereiro.2015 / 20.Rabial Akhir.1436)
In livro “Sobre o Alcorão” — Edição de Al Furqán (ver aqui: http://www.alfurqan.pt/index.php/montra-de-livros/islao-em-geral/sobre-o-alcorao-detail)

O Alcorão é uma Mensagem que explica os tesouros espirituais de Deus, que são observados na terra e no céu. Fornece-nos informações sobre o desconhecido. É o sol, a fundação e o plano definitivo do Islão, bem como a tradução eterna do Universo. É um livro generoso e celestial, que Deus nos enviou para satisfazer todas as nossas necessidades, quer físicas ou espirituais. Os mais belos nomes de Deus e o seu trono são a fonte do Alcorão. Quando falamos de «a Palavra de Deus», referimo-nos ao Alcorão. Através dele, o Criador do Céu e da Terra nos fala; é um édito do Criador do Universo, a Palavra de Deus, o Senhor de todos os seres criados.
O Alcorão é um livro de leis divinas, um livro de mensagens maravilhosas, comparáveis com o apreço dos seres humanos. O Alcorão veio d’Ele e foi criado dentro dos limites do mundo dos seres humanos. É um livro milagroso que contém a essência de todo o conhecimento. É um livro cujas maravilhas nunca acabam. Inclui discernimentos religio-sos e conhecimento inestimável e ensina-nos como devemos recitar, quando devemos rezar e como devemos rezar. Ela é a mãe de todos os livros. O Profeta, a paz esteja com ele, disse sobre o Alcorão: «É um tesouro que faz com que alguém só necessite dele». (Mayma al – Zawaid, 7, 158). Neste Hadith, o Profeta (ﷺ = S.A.W.) afirma que o Alcorão inclui todos os tipos de conhecimento, aborda todos os tipos de pessoas e oferece soluções para todos os tipos de problemas.
O Alcorão é a fonte da vida das almas, a base da moralidade e da essência das orações. O Profeta ﷺ expressou: «Podeis ter certeza de que o Alcorão é a festa oferecida por Deus» (Daarimi, Fadail Al Quran, 1). Este festival oferece todos os tipos de refeições, doces e saborosas. Embora cada refeição possa ter um sabor e composição diferentes, todos podem encontrar algo que gostem nesta festa. Ao dizer ‘que quem assistir a este festival não vai ter medo ou passar fome’, Abdullah ibn Masud assinala o facto de que o Alcorão, com o seu grande e abundante conteúdo, oferece soluções para os problemas do mundo. Uma vez que é a fonte de todo conhecimento e informação – de que os muçulmanos são orgulhosos – diz-se que «o Islão é a civilização Alcorânica». O Profeta ﷺ nos apresentou e ensinou esta Primavera sagrada. Suas palavras são as manifestações que explicam melhor o conteúdo do Alcorão. Num Hadith, o Profeta ﷺ disse:
O Alcorão é um livro que inclui crónicas do passado (das nações anteriores), a “fitna” (os actos de sedição e os conflitos internos, a anarquia e a subversão), que os perseguirão até o Dia do Juízo e os julgamentos sobre situações que ocorrem entre vós. É a única medida que separa o que é verdade e o que é falso. Todo o seu conteúdo é sensato. A quem o abandonar por medo de um tirano e deixar de praticar (o que diz o Alcorão), Deus o fará cair em devastação. Quem procurar uma orientação em qualquer outra parte será perdido por Deus. Certamente é a corda mais forte de Deus (a que podemos agarrar). É uma recordação cheia de sabedoria e um caminho que nos leva à Verdade. Salva àqueles que o seguem de desviação (ao evitar que fiquem apanhados por várias tentações).
Os estudiosos nunca podem saciar a sede do mesmo. As suas frequentes repetições não cansam a quem o lê, nem o prazer diminui. Os seus aspectos fascinantes não têm fim. É um livro tal que quando os génios o ouvem, não podem evitar dizer: «Na verdade, ouvimos um discurso admirável, que leva à rectidão; e que acreditamos nele!». (Alcorão, 72:1-2). Quem fala assim, diz a verdade. Quem o siga, certamente será recompensado. Quem julgue na base deste livro sagrado, julga de forma justa. Quem chama para este livro, chama para a senda recta. (Tirmidhi, Fadail al-Quran, 14).
Este hadith menciona muitas das características do Sagrado Alcorão. Ressalta que distingue o verdadeiro do falso, que é a mais forte orientação de Deus, que é a recordação mais sábia e que é o caminho para Deus. Uma das características fundamentais do Alcorão é o acto de distinguir o verdadeiro do falso. A este respeito, o Alcorão é também chamado de Furqán: «Bendito Aquele que o enviou, gradualmente, ao seu servo o critério (Furqán) para puder discernir o verdadeiro do falso» (25: 1).

Declarando que o Alcorão é universal, este versículo enfatiza que Furqán distingue o verdadeiro do falso, organiza as vidas dos que assimilam o Islão e mostra o que é bom e o que é mau. Como se afirma no hadith acima mencionado, o Alcorão é uma orientação firme, enviada por Deus para conduzir, àqueles que se aderem a ele, para o verdadeiro caminho. Ele é composto de palavras de sabedoria e é uma sábia recordação. O Alcorão, na sua infinita sabedoria, menciona tudo o que é suficiente para satisfazer as necessidades dos seres humanos. Proporciona aos crentes uma apropriada recordação e conselho para seguir o caminho que deve ser tomado e viver vidas que devem viver. É o caminho mais genuíno. É uma orientação que impede as pessoas dos extremos, não só nas questões relacionadas com a fé e crenças, mas também nos assuntos sociais, económicos e administrativos.

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A Preservação do Alcorão

Por: M. Yiossuf Adamgy (09.Fevereiro.2015 / 20.Rabial Akhir.1436)

In livro “Sobre o Alcorão” — Edição de Al Furqán (ver aqui: http://www.alfurqan.pt/index.php/montra-de-livros/islao-em-geral/sobre-o-alcorao-detail)

 

Existem, actualmente, centenas de religiões que prosperam um pouco por todo o Mundo: o Judaísmo, o Cristianismo, o Islão, o Budismo, o Siquismo, o Hinduísmo, o Bahaismo, o Babismo, o Zoroastrianismo, o Mormonismo, o Jainismo, o Confucianismo, as Teste-munhas de Jeovás, etc. E cada uma destas religiões reivindica que, as escrituras que defendem, são as mesmas desde o dia em que foram reveladas (escritas), até aos dias de hoje.

Uma crença religiosa é tão verdadeira como o é a autenticidade das escrituras que segue. E para que uma qualquer escritura possa ser tida como uma escritura que foi verdadeiramente preservada, esta tem que obedecer a determinados critérios concretos e racionais.

Imagine a seguinte cena: Um professor lecciona durante três horas seguidas. Suponha ainda que nenhum dos seus alunos memo-riza o que por ele foi dito ou escrito. Presentemente, quarenta anos depois dessa mesma aula ter sido dada, caso estes mesmos alunos decidam reproduzir na íntegra o discurso proferido pelo professor, palavra por palavra, conseguirão fazê-lo? Evidentemente que não! Isto porque, as duas únicas maneiras de preservar algo para a História, consistem na escrita e no poder da memória. Por conseguinte, a alguns daqueles que defendem que as escrituras que seguem se encontram no seu estado puro, torna-se-lhes necessário apresentar provas de que essa Escritura foi escrita no seu todo e completamente memorizada desde que foi revelada, até aos dias de hoje, numa sequência linear e ininterrupta. Caso o momento da memorização não coincida com o da escrita, agindo como se de uma verificação e de um equilíbrio se tratasse, então, existe a verdadeira possibilidade de que a escritura escrita possa ter perdido a sua pureza devido a interpolações intencionais e não intencionais resultantes de erros por parte dos escribas, a adulterações causadas por inimigos, as páginas que se decompuseram, etc., sendo que estes erros seriam concorrentemente incorporados nos textos subsequentes, levando a que, por fim, e ao longo do tempo, se perdesse a pureza inicial.

Presentemente, de todas as religiões atrás mencionadas, existe alguma que possua as suas escrituras completamente intactas desde o dia em que foram reveladas, até aos dias de hoje, TANTO na forma escrita, COMO em memória?

Nenhuma delas obedece a este critério, com excepção de uma: esta única escritura é o Alcorão – a revelação concedida ao último Profeta de Deus, Muhammad ﷺ há 14 séculos, e que se pretende ser uma orientação para toda a humanidade.

Analisemos, pois, a reivindicação da preservação do Alcorão.

 

O Profeta Muhammad ﷺ: O Primeiro Memorizador

Foi nesta sociedade “oral”, no ano de 570 D.C., que o Profeta Muhammad ﷺ nasceu em Meca. Aos 40 anos, o Profeta começou a receber as divinas Revelações do Deus Único, (ár. Allah), as quais lhe eram transmitidas por intermédio do Arcanjo Gabriel. Este processo de transmissão de divinas Revelações prosseguiu ao longo de aproximadamente 22 anos e meio, altura em que o Profeta faleceu.

Milagrosamente, o Profeta Muhammad ﷺ memorizou cada uma das revelações e tinha por hábito proclamá-la aos seus Companheiros. A cada ano, o Arcanjo Gabriel costumava avivar as memórias Alcorânicas do Profeta.

O Profeta ﷺ era a mais generosa das pessoas e tinha por hábito sê-lo ainda mais no mês do Ramadão, o que se devia ao facto de o Arcanjo Gabriel costumar visitá-lo a cada noite do mês de Ramadão, isto desde que este começava até ao momento em que terminava. O Anjo costumava recitar-lhe o Alcorão. Quando Gabriel o visitava, o Profeta ﷺ tornava-se ainda mais generoso, sendo mais rápido do que o próprio vento a praticar o bem”.[1]

Uma vez por ano, Gabriel costumava repetir a recitação do Alcorão juntamente com o Profeta (s.a.w.) mas, no ano em que este faleceu, repetiu-a duas vezes”. [2]

O próprio Profeta tinha por hábito permanecer acordado grande parte da noite, orando e recitando o Alcorão de memória.

 

Os Companheiros do Profeta: A Primeira Geração de Memorizadores

O Profeta Muhammad ﷺ encorajou os seus Companheiros (r.a.) a aprenderem e a ensinarem o Alcorão:

Os melhores de entre vós (Muçulmanos) são aqueles que aprendem o Alcorão e o ensinam”.[3]

Alguns dos Companheiros do Profeta que memorizaram o Alcorão foram: ‘Abu Bakr, Umar, Uthman, Ali, Ibn Masud, Abu Huraira, Abdullah bin Abbas, Abdullah bin Amir bin al-As, Aisha, Hafsa e Umm Salama”.[4]

Abu Bakr (r.a.), o primeiro Muçulmano do sexo masculino a converter-se ao Islão, tinha por hábito recitar o Alcorão publi-camente, em frente à sua casa, em Meca”.[5]

O Profeta Muhammad ﷺ ouvia também a recitação do Alcorão por parte dos seus Companheiros: “O Apóstolo de Allah (s.a.w.) disse-me o seguinte (Abdullah bin Mas’ud): “Recita-me o Alcorão”. Respondi-lhe: “Poderei eu recitar-to, quando este foi a ti revelado?, ao que ele respondeu: “Gosto de ouvir os outros a recitarem-no”. Assim sendo, recitei-lhe a Sura-an-Nissa, até que cheguei à parte que diz: «Que será deles quando Nós trouxermos uma testemunha de cada Povo e te trouxermos a ti (ó Muhammad), como testemunha contra todos eles?» (4:41). Nessa altura, ele disse: “Pára!”. Observei, então, que dos seus olhos escorriam lágrimas”. [6]

Muitos dos memorizadores do Alcorão (Qurra) foram contemporâneos do Profeta Muhammad ﷺ e, mais tarde, disseminaram-se por todo o mundo Islâmico de então.

Aquando da Batalha de Yamama, muitos dos memorizadores do Alcorão foram martirizados”. Zaid bin Thabit al Ansan, um dos que costumavam escrever as Revelações Divinas, refere o seguinte: Após as duras baixas sofridas pelos guerreiros que haviam participado na Batalha de Yamama, onde pereceram inúmeros memorizadores, Abu Bakr (r.a.) chamou-me à sua presença. A