Posted on

Alguns princípios divinos

A Unidade de DEUS:

Ele é único, um só, não gerou nem foi gerado. Isto significa que o Islão rejeita a ideia da trindade, ou de qualquer associação de outro poder à Unicidade Divina.

A Unidade da Humanidade:

Perante a Lei de Deus todas as pessoas são criadas iguais. Não há superioridade de uma raça sobre outra. Deus criou-nos de diferentes cores, nacionalidades, línguas e crenças, a fim de examinar quem se vai distinguir e será melhor entre todos pelas suas qualidades morais. Ninguém pode reinvindicar superioridade, seja em relação a quem for. Só Deus sabe quem é melhor. Conforme o grau de piedade e de rectidão de cada um, assim será a sua grandeza espiritual.

A Unidade dos Mensageiros e a Mensagem:

Os Muçulmanos acreditam que Deus enviou diferentes mensageiros durante toda a história da humanidade. Todos trouxeram a mesma mensagem e os mesmos ensinamentos. Foi o povo que não a compreendeu bem, e a interpretou mal, deturpando, até, a Palavra Divina, nalguns casos. Os Muçulmanos acreditam em Adão, Noé, Abraão, Ismael, Isaac, Jacob, Moisés, David, Jesus, e Muhammad. Os Profetas do Judaísmo e Cristianismo são, na verdade, os Profetas do Islão, e por consequência, os Mensageiros de Deus.

Os Anjos e o Dia do Julgamento:

Os Muçulmanos crêem que há criaturas invisíveis, os Anjos, criadas por DEUS no Universo para missões especiais. Acreditam, também, no Dia do Julgamento, ou seja, o dia em que todos os povos do mundo, desde o começo da história da humanidade até ao último dia da vida sobre a terra, serão levados a prestar contas a DEUS, e a receber d´Ele a recompensa ou castigo, ganhos no seu transcurso terreno.

O Homem Nasce Inocente:

Os Muçulmanos acreditam que todo o homem nasce livre de pecado. é, apenas, após ter atingido a idade da puberdade que ele se torna responsável pelas suas faltas. Ninguém é responsável pelos pecados dos outros. Contudo, a porta do perdão, para o verdadeiro arrependimento, está sempre aberta.

Estado e Religião:

Para os Muçulmanos o Islão é um completo caminho da vida, pois ele envolve todos os aspectos desta. Por conseguinte, os ensinamentos do Islão não podem separar a religião da política. De facto, o Estado e a Religião estão sob a obdiência de DEUS através dos ensinamentos do Islão. Daí que, tanto as transacções sociais e económicas, como os sistemas políticos e educacionais são informados também pelos ensinamentos do Islão.

Posted on

Allah, o único Deus

Allah é o nome (em Arábico) do Uno e único Deus de todo o Universo. Tem noventa e nove belos atributos, tais como: o Condescendente, o Criador, o Todo-Poderoso, o todo-Conhecedor, o Senhor do Universo, o Primeiro, o Último, etc… Ele é o Criador de toda a Criação. Ele é o Deus dos Judeus, dos Cristãos, dos Muçulmanos, dos Budistas, dos Ateus e de todos os outros homens. Os Muçulmanos adoram Deus cujo nome, em Arábico, é ALLAH. Confiam n’Ele e procuram a Sua ajuda, e a Sua orientação.

Posted on

Deus (ár. “Allah”)

Por: M. Yiossuf Adamgy

Em arábico, o nome “Allah” significa “O Único Deus Verdadeiro”, Aquele que criou os Céus e a Terra. Judeus e Cristãos que falam árabe referem-se igualmente a Deus pelo nome de “Allah”.

É normal que os muçulmanos falantes da língua portuguesa tenham uma ligação especial à palavra Allah, em relação à qual desenvolveram uma maior proximidade, visto que a invocam diariamente nas suas fórmulas de orações e récitas do Alcorão em língua árabe. Para nós, a palavra Allah possui uma eficácia emocional e espiritual directa que nenhuma outra palavra que designe Deus poderá substituir. Mas é raro que a palavra produza o mesmo efeito nos não-muçulmanos e não-árabes, e a verdade é que apenas um número muito reduzido desses indivíduos irá desenvolver uma sensibilidade à palavra equivalente à nossa, apenas por serem constantemente bombardeados com ela. Para alguns, apesar de se empenharem genuinamente na tentativa de manterem o espírito aberto, a utilização da palavra “Allah” continua a evocar uma longa série de preconceitos culturais profundamente enraizados, bem como outras associações negativas tanto no plano consciente como no inconsciente. Por outro lado, o recurso à palavra “Deus” fomenta uma resposta de associação imediata na maioria dos não-muçulmanos falantes de língua portuguesa, algo que seria praticamente impossível com a palavra “Allah”, mesmo depois de um período de muitos anos de exposição com uma conotação positiva. Ora, da mesma forma que a nossa ligação à palavra “Allah” não nos afasta da evocação de Deus através do recurso a outros belos nomes em língua árabe, também o nosso amor por essa palavra e pela língua árabe não nos deve incitar a alvitrar a antiga palavra portuguesa “Deus”, que, entre o legado de nomes divinos revelados ao ser humano, possui uma história única e ilustre. Do mesmo modo, a fidelidade ao uso da palavra “Allah” não deve levar os falantes das línguas persa e urdu a desacreditar a antiga palavra indo-europeia “Khoda” (Deus), que, tal como “Deus”, possui uma raiz monoteísta e que muitos escolásticos, místicos, poetas e historiadores consideraram perfeitamente adequada durante mais de um milhar de anos. (1)

Ao usarmos a língua portuguesa (ou inglesa, ou francesa, etc.), façamo-la de forma inteligente, com respeito e reverência. O nosso testemunho de fé, traduzido de uma forma concisa e eficaz, é o seguinte:

“Não há outra divindade além de Deus e Muhammad é o Mensageiro de Deus”.

Ainda assim, há quem opte por traduzir todas as palavras à excepção da mais importante: “Não existe deus para além de Allah…”. Esta tradução parcial tem tendência a criar barreiras injustificadas para o não-muçulmano que a escuta, induzindo a uma panóplia de conotações negativas. Para além do mais, este tipo de tradução torna indispensável uma explicação mais profunda, para se tornar claro que Allah quer dizer Deus. Ainda assim, evitar o uso da palavra “Deus”, mesmo que seja com o objectivo de fazer este tipo de comentário, cria, sem qualquer necessidade, a impressão de que o uso da palavra “Deus” não é adequado.

Se Allah e Deus querem dizer o mesmo, cristãos e judeus têm razão para questionar a razão pela qual os muçulmanos evitam sistematicamente o uso da palavra portuguesa, preciosidade que tanto os judeus como os cristãos têm usado ao longo dos tempos, de forma perfeitamente apropriada, para traduzir os bíblicos Elohîm e Allah. E a verdade é que não podemos culpar ninguém, a não ser a nós próprios, pelo facto de, em resultado de um apego desapropriado à nossa língua sagrada, darmos a sensação de que, afinal, não veneramos o mesmo Deus, ou então de que o nosso Allah é superior ao Deus bíblico, o Deus de Abraão, Ismael, Isaac, Jacob, das tribos de Israel, Moisés, Jesus e de todos os outros Profetas (a paz esteja com eles).

O recurso à palavra “Deus” acentua a base comum que partilhamos com as outras tradições universais e Abraâmicas, convertendo-se num meio simples e convincente através do qual os muçulmanos podem intervir sobre os preconceitos relativos ao Alcorão, a fim de realçarem as semelhanças entre os credos. Evitar o uso da palavra “Deus” dissimula a nossa crença comum no Deus de Abraão e a continuidade que preservamos relativamente à tradição Abraâmica, que é essencial para a nossa fé. Temos de ultrapassar a nossa apreensão acerca da palavra “Deus”, devido ao valor intrínseco da palavra a nível histórico mas, também, porque o uso da mesma nos dá a capacidade de comunicar de uma forma significativa com os nossos vizinhos cristãos e judeus, para além de todos os outros falantes da língua portuguesa.

Nota:
(1). Khoda deriva de Hwa-Taw, palavra da antiga língua iraniana (Indo-Europeu) que significa “capaz” ou “poderoso”. Ou seja, “governante” e “Senhor”. É um nome majestático, que caracteriza Deus como uma entidade de omnipotência auto-suficiente. Ainda que a palavra inglesa “God” (Deus) e a palavra persa “Khoda” tenham ambas origem indo-europeia, parecendo ser cognatos, elas derivam, na verdade, de raízes distintas.

Posted on

Deus e a Sua existência

Por: M. Yiossuf Adamgy – Programa na RÁDIO MAIS, 93,7fm, proferido no dia 17/07/2004

É verdade que historicamente, o ser humano sempre pensou num poder sobrenatural existente além deste nosso mundo das mudanças. Ele está constantemente a tentar não só encontrar a origem de todo o Universo, mas, também um objecto para a sua adoração.

A História da Humanidade é apenas uma série desses esforços, algumas pessoas pensaram que este poder podia ser encarnado em certos tipos de árvores, pedras, ouro, ou no homem. Houve pessoas que pensavam que era o sol; outras achavam que era a lua ou outros astros, e ainda outras pensaram que eram os rios, etc. Há ainda outros que dizem não haver Deus, mas a natureza em si é o seu Deus.

Outros pensam que Deus deve ser um poder sobrenatural, que não tem forma, nem semelhante, não é afectado pelas mudanças, que é imortal e eterno. Está posição é semelhante a do Islão.

Tudo isto é o resultado da posição a que chegaram os psicólogos de que o ser humano tem um instinto religioso. Por natureza ele acredita na existência de um poder forte e grande que controla o Universo e sente que ele e o resto da humanidade são dependentes d`Ele e sujeitos a esse poder.

O Professor Max Fuller no seu “Hibbert Lectures” diz: “A religião não é uma invenção nova. Se não é antiga como o mundo pelo menos é antigo como o mundo que conhecemos. Nunca houve falso Deus nem religião falsa a não ser que se chame à criança um homem falso. Daquilo que eu sei das religiões, todas elas tinham o mesmo objectivo. Todas estavam ligadas a uma corrente que liga o céu à terra, e que estava e continua a ser assegurada pela mesma mão. O próprio Platão afirmou que: o conhecimento do verdadeiro Deus está implantado por natureza em todas as almas e, o trabalho dos professores neste campo não é en- sinar o homem o que ele não sabe, mas é remover os obstáculos e as sombras que ocultam a verdade e o impedem de chegar até lá e para lhe recordar do conhecimento que ele já tem”.

Assim o Homem por natureza pensa em Deus.

Alguns deles conseguem descobri-lo e outro não, daí a tarefa dos Profetas foi de recordá-los, da Existência de Deus; o Alcorão Sagrado menciona vários sinais e de várias formas chama a atenção do Homem, recordando-o a existência do verdadeiro Deus.

Todos nós sentimos a Sua existência, porém há quem O recusa alegando que não O vê, o que não tem lógica, pois há coisas que nós não vemos e estamos certos da sua existência como é o caso da nossa própria alma, o juízo, a energia, etc. Estas e outras coisas semelhantes não são vistas, mas a sua existência é aceita unanimemente.

Realmente, nem tudo se conhece directamente; há coisas que conhecemo-las indirectamente, pois, os seus efeitos são sentidos e conclui-se que existem.

Por exemplo, se carrego o peso que nenhum dos meus amigos o consegue, então eu deduzo que só o faço por ser mais forte que eles. Sente-se os raios do sol aqui na terra, então deduzimos que deve existir algo que permite a chegada dos seus raios aqui na terra, etc.

O nosso conhecimento sobre Deus também não é diferente disso, pois Ele é conhecido pelos Seus sinais e efeitos. Porque Ele é subtil, conhecemo-Lo não pelo nosso juízo directamente, mais indirectamente, através das Suas criações e efeitos. Razão pela qual não podemos conhecê-Lo inteiramente, pois só conhecemos os Seus atributos através da Revelação, e é por isso que o ser humano precisa da Revelação.

Nós podemos estabelecer através do argumento racional a existência de Deus, mas a informação completa e total sobre Deus, está fora do alcance humano; Deus não pode ser descrito excepto mencionando algum dos seus atributos.

Bacon diz: “Quando as ciências naturais são separadas, pouco a pouco elas dão a entender inicialmente que estão remotas de Deus. Mas, quando são estudadas em pormenores e examinadas profundamente, elas forçam-nos chegar ao conhecimento da existência de Deus e na sua crença.” (Christian Belief and Scince).

A existência de Deus também pode ser provada por intuição. O filósofo Francês Descretes, do século 16, na sua demonstração da existência de Deus, diz que:

“A existência de Deus é conhecida intuitivamente e por depender da explicação intuitiva não precisa de prova, nem de demonstração, basta só revelá-la e desenrolá-la.”

Ele diz ainda:

“Eu existo agora e sei que sou algo mutável; eu não sou a causa da minha existência, senão teria existido antes; eu não sou a causa das mudanças que caiem sobre mim, se fosse assim, ter-me-ia mudado para a melhor posição, eu não sustento a minha própria existência, se fosse assim, poderia subsistir (durar) para sempre. Os meus pais e os antepassados não causaram todos estes acontecimentos em mim, porque eles ocupavam a mesma posição que eu ocupo. Eu iniciei a minha vida na forma de uma criança desamparada, cresci chegando à juventude e tornei-me homem e depois ao declínio, na forma de um velho. Não são todos estes sentimentos e mudanças a caírem sobre mim, um sinal de que sou um ser mortal cuja origem, deve ser imortal e a alma eterna?” (Evolution theory and christian belief – the unresolved conflict).

Will Herberg explica a existência de Deus de uma outra forma. Ele diz:

“Se a palavra ‘DEUS’ tem de ter alguma relação aos nossos problemas, temos que reconhecer que Deus não é algo cuja existência possa ser estabelecida por um simples expediente ao empurrar uma investigação científica, ou avançando um bocadinho mais com especulação metafísica. A própria tentativa de fazer isso é um erro e uma iniciativa ilusória, pois no fundo isso trata de Deus como qualquer outro objecto do mundo, não corno um objecto transcendente que não pode ser encerrado no material de experiência; a mesma coisa pode ser dita sobre a tentativa de deduzir Deus da História ou de dentro dos fundos da consciência humana onde, afinal reflectem as nossas próprias confusões e limitações. Deus cria e sustenta toda a natureza. ” (Will Herberg: Four Existentialist Thinker`s).

Não há dúvida que Deus existe, sentimos a Sua existência, mas uma vez que está fora do nosso alcance mental, descrevê-Lo, temos que nos basear nas Revelações Divinas onde o próprio Deus nos diz quais são as Suas qualidades e atributos.

O Alcorão Sagrado, por sua parte, dá-nos provas da existência de Deus, concentrado a maior parte dos seus argumentos em 5 tópicos:

  1. Evidência (prova) da experiência íntima da humanidade;
  2. Revelação Divina ao Homem;
  3. Modelo universal da moral humana;
  4. Doutrina da criação do Universo;
  5. Argumento cosmológico.

o.

Colocando juntas todas essas evidências, o ser humano, por mais ateu que seja, chegará à conclusão de que existem bases razoáveis para se acreditar que há uma personalidade e força através do Universo que controla tudo isto, e essa personalidade é denominada ‘Deus’ pelos Muçulmanos (os submissos à Vontede de Deus).

Assim, o Muçulmano em primeiro lugar deduz a existência de Deus de dentro de si próprio e da natureza em geral, porque, Deus diz no Alcorão Sagrado:

“Na criação dos céus e da terra e na alternância do dia e da noite há sinais para os sensatos. ” (Alcorão Sagrado, 3:190).

E diz:

“E também (os há) em vós mesmos. Não vedes, acaso? ” (Alcorão Sagrado, 51:21) .

Não há dúvida que Deus existe, e é Único; não há nada nem ninguém igual a Ele nos seus Atributos e na sua Essência. O Islão não lança a mentalidade humana para aquilo que ela não tem capacidade de perceber. O Islão está apenas a dirigir a atenção do ser humano para os factos, que ele próprio pode descobrir se estiver seriamente interessado no uso do seu poder de pensar. Há muitos versículos no Alcorão Sagrado que nos dão provas positivas da existência de Deus, o Único.

Diz Deus no Alcorão Sagrado:

“Porventura, não foram eles criados do nada, ou são eles os criadores? Ou criaram, acaso, os céus e a terra? Qual! Não se persuadirão! ” (Alcorão Sagrado, 52:35 e 36).

O Alcorão Sagrado explica que para todas as coisas assim como para o Homem, que tem início no tempo, só há três possibilidades para a sua existência. Três maneiras de explicar como isso apareceu:

  1. Aparecer a partir do nada;
  2. Ser criador de si próprio;
  3. Ter um criador fora de si próprio.

A terceira possibilidade não está mencionada no versículo acima citado, mas deduz-se, uma vez que o versículo foi dirigido, às pessoas que recusavam, a existência do Criador, e diz-lhes que, se não existe um Criador então só restam aquelas duas possibilidades.

1º- Ter sido criado do nada, isto é, ter aparecido sozinho ou ser criador de si próprio… É inconcebível algo aparecer a partir do nada.

Achamos oportuno mencionar aqui um debate ocorrido entre o Imame Abu Hanifa e um ateu que dizia que tudo apareceu sozinho.

O tópico do debate era “provar a existência do Criador”.

Marcada a hora e o local, muita gente se juntou para assistir o debate. O ateu apareceu à hora marcada, porém o Imame atrasou-se. O ateu furioso com a demora do Imame quis saber qual tinha sido o motivo do atraso. O Imame justificou-se, dizendo: Eu vivo na outra margem do rio. Estava lá a espera do transporte a fim de aqui chegar, contudo não apareceu nenhum. Entretanto, para o meu espanto, vi árvores da margem do rio a cortarem-se sozinhas e a transformarem-se em barrotes que se juntaram sozinhos e pregos apareceram a pregarem-se sozinhos nos barrotes, transformando-se num barco. Em tão pouco tempo o barco estava pronto e sozinho começou a movimentar-se na minha direcção, tendo parado à minha frente. Entrei nele, sem ninguém o pilotar começou a andar, até que cheguei a este lado do rio e só assim foi possível eu chegar até aqui.

O ateu, furioso, disse: “Vens atrasado e ainda contas histórias que nem uma criança aceita; como é que os barrotes sozinhos transformaram-se em barco? Isso é uma loucura, é impossível!”

O Imame retorquiu: “Ora se isso é impossível como é que este Universo tão grande, com toda a sua perfeição, sozinhos, sem que ninguém o causasse, tornou-se num Universo? Assim, o nosso debate já terminou”.

Tijolos, cimento e água não podem juntar-se sozinhos transformando-se em casa e nenhuma outra coisa no mundo pode transformar-se naquilo que ela é sozinha. Tem de haver alguém para o fazer. Como é que este mundo e nós todos aparecemos sozinhos? Isto não tem lógica.

2º- É ainda mais inconcebível que seja criador de si próprio. Se a pessoa fosse criadora de si própria, teria opção na escolha do seu sexo, cor, estatura, etc… Mas é sabido que isso não está no seu poder e mesmo agora, depois de criado não tem poder criativo sobre si próprio; por exemplo: a função do seu sistema digestivo, coração, os órgãos todos, não estão no seu poder, não pode evitar a queda dos cabelos, dentes, velhice, fraqueza, a morte, etc… .

Por conseguinte, a única conclusão é que deve haver um Criador. E, esse Criador é Deus, que cria e controla tudo. Uma vez provado que tudo foi criado por Deus, a Ele temos que adorar exclusivamente e somente a Ele servir e é isso que se chama em arábico Tauhid (Unicidade de Deus).

Posted on

Um Deus, muitos nomes

No tumulto dos acontecimentos actuais e da discussão acerca do embate civilizacional, as pessoas querem, muitas vezes, perceber o que veneram os muçulmanos.

Muitos juDeus, cristãos e muçulmanos acertadamente declaram que as suas respectivas religiões invocam o Deus de Abraão, paz esteja com ele, mas muitos são os indivíduos da direita religiosa americana que fazem questão de negar esta base comum. Para Pat Robertson, membro da Aliança Cristã, os problemas a nível mundial giram em torno do facto de Hubal, o Deus da lua de Me-ca, conhecido como Allah, (1) ser ou não o Deus Supremo, ou se essa entidade suprema é antes o judaico-cristão Jehovah, o Deus da Bíblia. O filho de Billy Graham, Franklin Graham, o proeminente evangelista que dirigiu a invocação na tomada de posse presencial de George W. Bush em 2001, insiste que muçulmanos e cristãos não veneram o mesmo Deus.

No mesmo sentido, William Boykin, um general de topo do Pentágono, atraiu a atenção a nível internacional ao afirmar que o “seu Deus” era o Deus verdadeiro, sendo um Deus maior que o Deus muçulmano, que considerou não ser mais do que um “ídolo”. Estas foram, sem dúvida, afirmações provocatórias; no entanto, a administração Bush-Cheney optou por não responsabilizar o seu autor. (2)

Que Allah e o Deus bíblico são idênticos é um facto evidente, uma vez tida a etimologia da própria Bíblia. (3)

De acordo com o ponto de vista da teologia Islâmica e da história da salvação (4), é simplesmente inaceitável considerar que o Deus da Bíblia e o Deus do Alcorão são outra que não a mesma entidade, ainda que nos últimos anos muitos muçulmanos falantes da língua portuguesa tenham desenvolvido o preconceito de evitar o uso da palavra “Deus”, partindo da falsa pretensão de que a palavra árabe “Allah” possui uma garantia linguística de autenticidade teológica.

Não é apenas na Bíblia e no Alcorão, nem em outro qualquer credo religioso ou grupo de homens, que se apresentam nomes belos para Deus. As línguas semíticas, como o hebreu, o aramaico e o árabe, possuem ricos glossários de nomes divinos; no entanto, aqueles que os invocaram nunca tiveram o monopólio sobre Deus.

A um nível mais fundamental, toda a humanidade partilha o legado do conhecimento do Ser Supremo e a capacidade de Lhe atribuir nomes, o que, de acordo com a perspectiva Islâmica, reflecte o conhecimento inato que a humanidade tem de Deus, apoiada no seu remoto e primi-tivo legado de profecia universal.

Quanto à palavra portuguesa “Deus”, a inglesa “God”, a francesa “Dieu”, etc., ela mantém as suas raízes primordiais, pertencendo ao tesouro dos antigos nomes divinos, sendo uma das designações mais expressivas para o Ser Supremo. A continuada relutância revelada por alguns muçulmanos falantes de língua portuguesa e inglesa em integrar a palavra “Deus” ou “God” serve apenas para reforçar a carência de fundamentos das suas reivindicações religiosas. É premente que os muçulmanos falantes da língua portuguesa comuniquem de forma coerente e a integração da palavra “Deus” é um passo importante para se alcançar esse objectivo.

NOTAS:

1. Tal como é exposto mais a frente, Hubal não tinha qualquer relação de carácter histórico ou teológico com Allah.

2. Estas referências estão disponíveis e são de fácil acesso na Internet. No entanto, sinto-me obrigado a mencionar um excelente editorial do jornal New York Times (de 28 de Janeiro de 2004), da autoria de John Kearney, tendo sido escrito por ocasião da peregrinação muçulmana a Meca, um ritual islâmico intimamente relacionado com Abraão. John Kearney censurou a recusa da direita religiosa em aceitar o facto de a crença Abraâmica do Deus Bíblico ser comum ao Islão e a depreciação que o mesmo movimento faz relativamente à teologia muçulmana, insistindo que esse tipo de obscurantismo era perigoso e imperdoável.

3. A etimologia é o estudo da história linguística das palavras, investigando o seu desenvolvimento numa determinada língua, recorrendo com frequência à comparação entre cognatos em línguas e dialectos relacionados. As palavras semíticas Allah (Deus no Alcorão), Elo-him (Deus do Antigo Testamento) e Allah (Deus do aramaico/ síriaco no Novo Testamento) são cognatos etimológicos, tal como o editorial de John Kearney salientou e é demonstrado mais a frente.

4. Utilizo a expressão “história da salvação” para me referir à concepção religiosa da forma como Deus traz a salvação no decurso da história da humanidade. Para os juDeus, a história da salvação centra-se nas ramificações do pacto especial de Deus com os Filhos de Israel. Na teologia cristã, a história da salvação culmina com a crucificação de Cristo. A história da salvação de acordo com a pers-pectiva muçulmana afirma-se pela crença na primordial mensagem da profecia universal, culminando na actividade de Muhammad como Profeta, explicando e justificando tudo aquilo que aconteceu antes.