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Um esclarecimento às afirmações erradas, incorrectas, do Cardeal Muller

Prezados Irmãos:
Saúdo-vos com a saudação do Islão, “As salam alaikum”, (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
TRANSCREVE-SE, EM CONJUNTO, AS AFIRMAÇÕES ERRADAS, INCORRECTAS, DO CARDEAL GERHARD MULLER, EX-PRESIDENTE DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ:
«Nós, enquanto cristãos, não podemos relativizar Jesus Cristo.
Não podemos dizer: “Temos mais ou menos a mesma fé, a mesma religião, acreditamos num Deus monoteísta”. “Nós não acreditamos no monoteísmo. O monoteísmo é um conceito”.
“Na realidade, acreditamos em Deus, o Pai de Jesus Cristo”.

“Os Judeus acreditam no mesmo deus, mas não acreditam em Jesus Cristo”.
“Os Muçulmanos acreditam no … não podemos dizer, num sentido maçónico: “Somos todos irmãos”!” “Irmãos?” “Os irmãos têm os mesmos pais”.»
É por isso que alguns dos maiores equívocos que muitos não-muçulmanos têm sobre o Islão, têm a ver com a palavra “Allah”. Muitas pessoas passaram a acreditar, erradamente, que os muçulmanos adoram um Deus diferente dos cristãos e judeus.
Os Muçulmanos acreditam no mesmo Deus, que Cristãos ou Judeus acreditam. A única excepção é que no Islão, de acordo com o Alcorão, Deus se nomeou por Allah. O muçulmano acredita em todos os Profetas antes de Muhammad (PECE), ou seja, Jesus, Moisés, Jacob, Abraão … (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre todos eles). O único problema é que Cristãos e Judeus não querem aceitar o Seu nome como Allah, que Ele mesmo deu no Seu Livro sagrado, Alcorão. Quem é Allah? Muitas vezes, alguém ouvirá a palavra árabe “Allah” sendo usada em relação ao Islão. A palavra “Allah” é simplesmente a palavra árabe para Deus Todo-Poderoso, e é a mesma palavra usada por Cristãos e Judeus de língua árabe. Se alguém pegasse uma tradução árabe da Bíblia, veria a palavra “Allah” sendo usada onde a palavra “Deus” é usada em inglês. Na verdade, a palavra árabe para Deus Todo-Poderoso, “Allah”, é bastante semelhante à palavra para Deus em outras línguas semíticas. Por exemplo, a palavra hebraica para Deus é “Elah”. Por várias razões, alguns não-muçulmanos acreditam erroneamente que os muçulmanos adoram um Deus diferente dos judeus e cristãos. Este certamente não é o caso, já que o Puro Monoteísmo do Islão chama todas as pessoas para a adoração do Deus de Noé, Abraão, Moisés, Jesus e todos os outros Profetas (que a paz esteja com eles). Allah está acima dos Céus, separado da criação, mas entre a Sua criação por Sua Audição (as-Samiy), Sua Visão (al-Basir) e Seu Conhecimento (al-Alim).
Não obstante as afirmações erradas, incorrectas, do Cardeal Muller, a verdade é que o Judaísmo nunca aceitou o Cristianismo e o Islão; e o Cristianismo nunca aceitou o Islão; mas o Islão aceita o Cristianismo e o Judaísmo:
«Dize: Cremos em Deus (ár. Allah), no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacob e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele». (Alco-rão 2: 136).
«Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus). Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhais que somos submissos a Deus». (Alcorão 3: 64).
«Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis (muçulmanos) são os que dizem: Somos cristãos. Isto porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma. E, ao escutarem o que foi revelado ao Mensageiro (Muhammad), tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, dizendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre as teste-munhas!» (Alcorão 5: 82-83).
«Dize: Ó incrédulos, eu não adoro o que adorais, nem vós adorais o que eu adoro. E jamais adorarei o que adorais, nem vós adorareis o que eu adoro. Vós tendes a vossa religião e eu tenho a minha». (Alcorão 109).
«E revelamos-te o Livro com a Verdade, confirmando o Livro que o precedeu; e fizemos-te o seu vigilador; portanto, julga-os entre eles conforme o que Deus revelou, e não sigas os seus caprichos, desviando-te da Verdade que te chegou. A cada um de vós, Nós temos prescrito uma Lei e um caminho aberto. E se Deus quisesse tinha feito de vós um só Povo; mas fez-vos como sois, para vos testar por aquilo que vos concedeu; portanto, competi uns com os outros nas boas acções. Todos voltareis para junto de Deus, Que então vos esclarecerá a respeito das vossas divergências». (Alcorão 5:48)
«Os fiéis, os judeus, os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se atribularão». (Alcorão 2:262)
«E entre os Seus sinais está a criação dos céus e da terra, as variedades dos vossos idiomas e das vossas cores. Na verdade, nisto há sinais para os que discernem». (Alcorão 30:22)
Por conseguinte, o Cardeal Muller está igualmente em contradição com o Documento do Secretariado do Vaticano para os não-Cristãos que insiste nesse ponto fundamental, nestes termos:

«É inútil sustentar com alguns ocidentais que Allah não é verdadeiramente Deus! Os textos conciliares fazem justiça sobre tal asserção. As frases seguintes do Lumen Gentium definem, de forma exemplar, a fé Islâmica em Deus: “Os Muçulmanos que professam a fé do Abraão adoram conncosco o Deus Único, Misericordioso, Futuro Juiz dos homens no Último Dia…”»
Outrossim, esse Cardeal Muller e outros que pensam de igual forma devem recordar o que o Papa Gerbert — que foi Papa sob o nome de Silvestre II, no ano 999, e estudou nas Universidades Islâmicas da Andaluzia — costumava dizer: «Ninguém em Roma é suficien-temente letrado para ser um Guardião». ■
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— A opinião e a especulação
não são substitutos do verdadeiro conhecimento.
(Cf. Alcorão, 53:28)
— “Quem se cala diante de algo errado faz-se participante do mesmo erro.”
— «…. Estamos perante um estereótipo que cons-titui um dos mais graves obstáculos ao diálogo inter-religioso, em conjunto com o desconhecimento que as religiões têm umas das outras, inclusive entre sectores dos cultos.
As perdas de credibilidade são tanto mais volu-mosas e viscerais quanto maior é o desconhe-cimento mútuo.
Os preconceitos substituem as descrições objec-tivas.
Os pontos de vista, muitas vezes infundados, passam à categoria de axiomas.
As certezas reforçam-se quanto maior é a igno-rância.
Na hora de julgar e valorizar as outras religiões interessadas, acabam por deformar o sentido profundo da religião ou por oferecer uma caricatura de si própria».

— Juan José Tamayo – Teólogo
— Allah é uma palavra arábica que significa Deus. Não é Deus dos Muçulmanos, nem Deus dos Árabes como aparece muitas vezes na Imprensa e, até, em certos dicionários portugueses. É mister elucidar que não há “Deus” especial dos Muçulmanos que adoram o mesmo e um só Deus, venerado pelos praticantes das religiões monoteístas universais: Judaísmo, Cristianismo e Islão. ■

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Como o passado prova que o Islão pode ser parte da identidade Europeia?

24 de Agosto 2016, por Konstantin Manyakin

In: http://www.thenewfederalist.eu/how-the-past-proves-that-islam-can-be-part-of-european-identity

Tradução de: M. Yiossuf Adamgy

 

Apesar das alegações de crescimento das manchetes e de muitos políticos de direita em toda a UE argu-mentando que o Islão não pertence à Europa, não é tão estrangeiro quanto parece, uma vez que as comunidades muçulmanas já existiam na Europa durante vários séculos. Bósnios, Albaneses, e alguns Gregos e Eslavos Búlgaros, são nativos Europeus Muçulmanos cujos antepassados, através da inter-acção com as civilizações Árabes e Turco-Otomanas, se converteram ao Islão. O Islão também foi reconhecido no Império Austro-Húngaro. Mesmo Adolf Hitler tentou encontrar simpatizantes da ideologia racista Nazi entre os muçulmanos bósnios. Hoje em dia, as Mesquitas de comunidades de imigrantes na Europa Ocidental já converteram dezenas de milhares de pessoas de ascendência nativa.

Como o Islão, o Cristianismo também é de origem do Médio Oriente. Mesmo quando o Imperador Constantino, o primeiro a assinar o “tratado de Milão”, que reconheceu o estatuto social dos cristãos no Império Romano, este édito marcou o Cristianismo como uma seita de fé judaica, praticada pelos hebreus israelitas.

Como o Cristianismo e o Budismo, o Islão é uma religião universal e não é uma nação ou cultura, como os nacionalistas afirmam. Qualquer um pode converter-se a ele, não importa o seu passado ou origem, independentemente da afiliação religiosa dos muçulmanos na Europa e da sua cor da pele. A única questão que deve ser levantada e respondida é – por que é que grupos de extrema-direita e outros movimentos de islamofobia tratam os muçulmanos como estrangeiros?

Em primeiro lugar, antes da imigração massiva da África e da Ásia para a Europa Ocidental durante o século XX, a população religiosa no continente era predominantemente Cristã e, ao mesmo tempo, um número crescente de pessoas aderiram aos pontos de vista ateus ou agnósticos.

Em segundo lugar, até ao final do século, imigrantes e cidadãos de ascendência Turca, Árabe e do Paquistão / Bangladesh, eram socialmente, culturalmente e economicamente segregados em ‘guetos Europeus devido à exploração e ao racismo das massas’.

Em paralelo, os governos europeus não poderiam lidar com o elevado desemprego e os baixos resultados educacionais entre os jovens de origem estrangeira. Além disso, com as políticas de reconhecimento que permitiram que centros islâmicos fossem financiados a partir do estrangeiro, as comunidades muçulmanas tornaram-se ainda mais culturalmente alienadas sob a influência estrangeira. Portanto, as crianças muçulmanas que vivem na França ou na Alemanha são obrigadas a seguir os costumes e tradições de origem dos pais, em vez de se tornarem cidadãos alemães ou franceses integrados, praticando a fé islâmica. Tais condições só violam a universalidade do Islão e impedem-nos de se adaptar em sociedades da Europa Ocidental. Além disso, por causa dos valores patriarcais praticados nestas comunidades imigrantes isoladas, muitos acreditam erroneamente que o Islão suprime os direitos das mulheres.

Em comparação, em algumas sociedades islâmicas como o Irão e a Turquia, um grande esforço é feito para manter a taxa de alfabetização alta entre a população feminina e proibir a poligamia. Depois da Primavera Árabe, países como Egipto e Tunísia tentam alcançar a igualdade de género, como costumava ser no Ocidente cristão durante os séculos XIX e XX.

Por outro lado, a exclusão social em curso com más condições económicas nas cidades europeias, austeridade e desemprego de longa duração são os principais catalisadores da radicalização religiosa, não só entre os jovens de origem imigrante, mas também entre os muçulmanos convertidos de ascendência nativa.

Se o objectivo dos governos da Europa Ocidental é transformar ‘o Islão na Europa “em” Islão da Europa “e trazer a Bósnia, o Kosovo e a Albânia para a UE, as políticas de integração devem, cultural e linguisticamente, absorver centros islâmicos, escolas e mesquitas.

Por exemplo, quando uma pessoa alemã escolhe converter-se ao Islão, ele/ela têm que aprender os ensinamentos religiosos no idioma alemão em vez de turco ou curdo, e não devem abandonar seus/suas tradições e valores culturais. Financiar mesquitas europeias por parte da UE e governos locais pode diminuir a influência do Estado Islâmico, localizado no Médio Oriente, diminuir a oportunidade de radicalização entre os jovens e, por fim, convidar bósnios, albaneses e kosovares como pessoas culturalmente Europeias, para a união. A língua árabe pode ser usada com a finalidade de compreender o significado do Alcorão, que foi originalmente escrito no dialeto local da península Arábica, mas não para demonstrar as comunidades muçulmanas europeias como culturalmente estrangeiras.

Uma abordagem alternativa para fazer com que o Islão seja parte integrante da identidade europeia é possível, a longo prazo, como a história da fé Cristã provou isso. Nos primeiros séculos, quando o Cristianismo foi quase indistinguível do Judaísmo original, os seguidores gentios de messias Yeshua ha-Notzri (ou Jesus de Nazaré) tiveram que estrictamente praticar e aprender os costumes culturais, tradições e língua dos hebreus do Médio Oriente, conhecido hoje como povo judeu.

Apesar do número de seguidores de Cristo ter crescido rapidamente no Império Romano, ao longo de décadas, os cristãos gentios, eventualmente em menor número, tornaram-se mais dominante do que judeus cristãos originais. As igrejas foram perdendo os laços com o Médio Oriente e com as diásporas judaicas e, eventualmente, as reformas sociais e religiosas do imperador Constantino o Grande, no século IV finalizaram o processo. A assimilação cultural e linguística do cristianismo ou “seita judaica” na civilização romana/europeia foi concluída, apesar da fé Cristã ainda hoje abraçar valores religiosos judaico-abraâmicos.

Se o Islão Europeu segue um processo muito similar, então os ensinamentos religiosos do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) tornar-se-ão uma parte espiritual da UE. Mesquitas europeizadas podem tornar- -se uma arquitectura notável de arte europeia e da história, da mesma forma como as Catedrais cristãs.

Talvez as mulheres muçulmanas europeias que também seguem valores sociais europeus, possam demonstrar-se como um excelente exemplo do Islão reformista, de igualdade de género e sucesso na educação, carreira e conquistas no desporto, política e ciência para congéneres que vivem em países muçulmanos fora da UE.

Em paralelo, há uma forte razão para evitar conflitos religiosos entre Muçulmanos e Cristãos, já que ambos acreditam no mesmo Deus (em árabe conhecido como Allah) e aderem aos mesmos Profetas, especialmente Jesus (conhecido como Issa no Islão), que é muito notável em ambas as confissões.

Finalmente, é importante ter em mente que a radicalização islâmica é tão hostil quanto o extremismo cristão, grupos de extrema-direita e movimentos ultra-esquerdistas, que diariamente abusam da democracia, direitos civis, liberdade de discurso e de expres-são na União Europeia e noutros países ocidentais. E os muçulmanos moderados, juntamente com outras confis-sões e grupos de direitos   cívicos, podem expressar a solidariedade em conjunto para proteger a democracia e a segurança europeia.

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A História Profética: Ismael (paz esteja com ele)

O Profeta Muhammad (s.a.w.) foi descendente directo do Profeta Ismael (a.s.)

 

Coord. Por: M. Yiossuf Adamgy

08.Setembro.2016 /06.Zu-al-Hijjah.1437

 

 

Eram três pessoas benditas: Abraão (a.s.), a sua esposa Hagar (a.s.) e o seu filho Ismael (a.s.) nos seus braços, que viajavam para partes desconhecidas dos desertos da Arábia. Na realidade a viagem entranhava um mistério.

Uma manhã, Abraão e Hagar chegaram à presença de Sara… O pequeno Ismael gatinhava e sorria a todos. Abraão tinha um porte muito sério. Parecia que ia dizer algo importante. Mais tarde, deu a ordem de viajar. Não puderam dizer nem perguntar nada.

— Porquê? Para onde? — Perguntavam-se.

É óbvio que Abraão não fazia nada por si mesmo. Era uma Ordem Divina. Sara despediu-se …. O pequeno Ismael não compreendia nada ao despedir-se da primeira esposa do seu pai.

Passaram os dias e os meses. Os três benditos viajantes passaram por montanhas, dunas, desertos e rios. Por fim, chegaram aos desertos arábicos.

Abraão deixou Ismael sobre as areias do deserto. Olhou profundamente os olhos do seu filho. Ismael sorria apesar do calor abrasador, do Sol e das dunas abrasadoras. Abraão dificilmente podia suportar a dor de abandoná-los no deserto. Estava a ponto de romper a chorar. Olhou o seu filho pela última vez e depois, voltou-se e começou a andar.

Hagar estava confusa ao ver Abraão ir. «Onde podia ir? Junto a quem os deixava neste deserto? O que comeriam e beberiam? Quem os protegeria dos ataques dos animais selvagens?»

Hagar correu atrás de Abraão e perguntou:

— Onde vais, deixando-nos aqui?

A pergunta de Hagar desapareceu no vasto espaço do deserto. O Profeta Abraão (a.s.) andava sem olhar para trás. No seu interior desatava-se toda a classe de tempestades emocionais. Hagar continuou a correr atrás dele, deixando o seu filho atrás. Chamou-o outra vez:

— Senhor meu!

De repente calou-se. Compreendeu tudo. Era uma ordem de Deus. Quando Abraão ficou entre a ordem e os seus sentimentos, escolheu a ordem de Deus sem pensar nem um momento. Hagar perguntou outra vez:

— É uma ordem de Deus?

Sim, era uma ordem de Deus. Então, não restava mais alternativa que admiti-lo. Hagar compreendeu os senti-mentos de Abraão e disse para o consolar:

— No caso de ser uma ordem de Deus, sei que Ele está connosco. Podes ir tranquilo. Deus proteger-nos-á aqui!

Ismael olhou para trás, para o seu pai, até que desa-pareceu. Quando compreendeu que o seu pai se tinha ido, começou a chorar. A sua mãe chorava também assim como o seu pai atrás da duna. Os anjos não puderam suportá-lo mais e começaram a chorar. Todas as criaturas choravam pela triste cena… Os céus, a terra, as montanhas…

Abraão abriu as mãos e suplicou a Deus:

— Senhor Meu! Louvado sejas! Vês e ouves tudo no Universo! Deixei a minha família naquele vale árido em que não há nem uma folha verde, próximo da Tua Casa Sagrada. Estou seguro que és Aquele que os protegerá!

Ismael sorriu quando regressou a sua mãe. Hagar apertou o seu filho contra o seu peito. Caíram umas lágrimas sobre a cara luminosa de Ismael.

No deserto, a água é igual à vida e a falta de água é a morte segura. Passados uns dias, a água tinha termi-nado. Ismael começou a chorar de sede. Hagar levan-tou-se e começou a procurar água. Esperava encontrar um oásis no deserto. Viu uma duna mais à frente, a duna de Safa. Subiu a duna e olhou para o horizonte. Procurou uma pessoa, uma árvore ou um poço. Mas não havia nada no horizonte senão a nebulosa do calor. Desceu da duna de Safa e subiu à outra duna, a duna de Marwa. Olhou em seu redor mas os seus esforços para encontrar água foram vãos. Não havia nada senão vastos de areia.

Ismael chorava quando via que a sua mãe corria entre as dunas. Era muito difícil para um menino ficar sem água horas e horas. Mas era uma prova para Ismael. Deus queria que o Seu Mensageiro crescesse nas situa-ções mais difíceis. Sete vezes vagueou entre as duas dunas e por isso, os muçulmanos vão e vêm sete vezes quando realizam a Peregrinação para recordar os sentimentos de Hagar e compreender os sucessos desse dia.

Hagar estava muito cansada mas continuava a correr. Fazia um calor intenso. Ela chorava muito pelo seu filho, não por si mesma. Quem podia aguentar esta situação?

Os anjos começaram a chorar e suplicaram a Deus, o Misericordioso. Deus contemplava a cena também. Não há nada que permaneça em segredo para Ele.

A compaixão de todas as criaturas é uma gota no mar da Compaixão Divina. É óbvio que havia um segredo neste sucedido. Deus queria que os acontecimentos fos-sem bordados como uma epopeia nas páginas da história da humanidade. Queria que o ocorrido neste deserto, que estava muito longe da civilização, corresse de boca em boca, séculos e séculos. Queria que todo o mundo compreendesse o Milagre Divino. Era uma manifestação do poder de Deus. Quem é mais poderoso que Ele no Céu e na Terra? O mesmo Poder enviaria o Último Profeta, o Profeta dos Profetas (paz e bênçãos de Deus estejam com ele) no futuro.

O Todo-Poderoso enviou o anjo Gabriel à Terra. Quan-do o pequeno Ismael viu Gabriel, esqueceu-se da sede e começou a sorrir. Que belo era o anjo! Ismael chamava Gabriel com a mão; queria brincar com ele. Depois, co-meçou a golpear a terra com os seus pequenos pés.

De repente começou a brotar água de dentro das areias, da terra erma. Era um milagre! Não é Deus o Todo-Poderoso? Hagar tinha voltado junto a seu filho desesperançada, mas quando viu Ismael a brincar com a água, não soube o que fazer. A tristeza converteu-se em alegria, Abraão tinha confiado em Deus e mãe e filho beberam até se fartar. Cercaram a zona, sendo denominada, a partir desse momento, como o Poço de Zamzam.

Zamzam levou a vida à zona. Graças à água a erva começou a crescer na areia. Todo o vale se encheu de verdura. Dentro do deserto infernal nasceu um paraíso. Veio muita gente ver a água e a erva; construiu-se ali uma nova sociedade.

Passaram os anos, Ismael cresceu. Tinha treze ou catorze anos. Quando Abraão veio para visitá-los, viu a fecundidade que tinha trazido a água, e deu graças a Deus pelos seus benefícios abundantes. Abraão queria muito o seu filho Ismael, era um menino formoso. Toda a gente sabia que era um jovem decente e muito inteli-gente. Tinha boas qualidades porque era filho de um Profeta.

O nosso querido Profeta, o Profeta dos Profetas, o último Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: «Se Deus quer alguém, põe-no à prova. As provas dos Profetas são as mais difíceis».

Agora, Deus preparava uma nova prova para Abraão e seu filho Ismael.

Um dia, pela manhã, Abraão e Ismael davam um passeio. Abraão ia dizer algo muito importante. Contar-lhe-ia o que tinha sonhado na noite anterior. Tinha uma expressão muito séria. Olhou nos olhos de Ismael e disse:

— Filho meu! Sonhei que tentava sacrificar-te, o que opinas acerca disto?

Que decência tinha o Profeta Abraão! Consultava o seu filho! Ismael sabia que o sonho dos Profetas era um tipo de Revelação. Olhou a cara do seu pai e disse:

— Meu Pai! Faz o que te for ordenado por Deus! Verás, por Deus, que sou paciente entre os pacientes.

Que prova tão difícil! Que obediência tão forte! Era a manifestação da confiança em Deus. Era o preço de ser o Pai dos Profetas.

Pai e filho despediram-se para se verem depois. Não puderam fazer nada senão aceitar a ordem. Quando Is-mael ia para o lugar da referência, Satanás apareceu-lhe:

— Estás louco? O teu pai vai sacrificar-te!

Quando Ismael viu Satanás, começou a apedrejá-lo e Satanás fugiu dali. Mais tarde, apareceu-lhe outra vez e disse o mesmo. Ismael apedrejou-o de novo. Desde este dia, quando os muçulmanos realizam a Peregrinação a Meca, apedrejam Satanás de maneira figurada. Ele não pode vencer Ismael, foi derrotado e foi embora. Não era possível vencer um Mensageiro de Deus!

Mais tarde, Ismael tinha-se posto contra o solo para o sacrifício. Toda a natureza os olhava; todas as criaturas tinham vontade de saber o que se passaria pouco depois. Viam a manifestação de uma obediência total. Era uma prova muito difícil para ambos. Quando Abraão aproximou a faca ao pescoço de Ismael, ouviu uma voz celestial: «Abraão! Isto prova que tens confiança e fé em Deus! Submeteste-te à Ordem Divina! Sacrifica este carneiro em lugar de Ismael!»

Abraão, Ismael, os anjos no céu e as criaturas na Ter-ra suspiraram de alívio, profundamente. Tinha terminado a Prova Divina e tinha sido superada. Era um dia festivo para todo o Universo. Este dia foi nomeado como a Festa do Sacrifício para os Muçulmanos. Neste dia, os muçulmanos sacrificam cordeiros e carneiros recordando a história do Profeta Abraão e seu filho Ismael.

Passaram os anos, Ismael cresceu e fez-se adulto, casou e teve filhos. A população dos arredores de Zamzam foi aumentando. O povo de Ismael venerava Deus ajudado pelas palavras que tinham aprendido dele.

Um dia, Abraão e Ismael saíram para dar um passeio. Abraão sorria. Deus tinha-lhes mandado construir a Caaba, a Casa Sagrada. Os dois Profetas começaram a trabalhar sem perder tempo. Construíram a Caaba sobre a base que tinha escavado Adão.

A Caaba, coração do mundo. A Caaba, a pupila do Universo. A Caaba, o lugar sagrado onde os anjos no céu e os muçulmanos no mundo realizam a circunvalação (tawaf) ao seu redor.

Os dois Profetas suplicaram a Deus quando construíram a Caaba: «Senhor Meu! Aceita-o de nós! Tu és Quem tudo ouve, Quem tudo sabe! Senhor Meu! Faz-nos dos que se submetem a Ti e faz de nossos descendentes uma comunidade muçulmana que se submeta à Tua Divindade, sendo os representantes mais notáveis da obediência ao teu Poder! Envia-lhes um Profeta que lhes leia os Teus versículos! Para que lhes ensine o oculto, os chame ao recto caminho, à pureza! Tu és a única fonte de sabedoria!»

Deus aceitou as suas súplicas e o Profeta Muhammad (s.a.w.) foi descendente directo do Profeta Ismael (a.s.). Ele foi o Grande Profeta e os seus crentes, o povo da Umma, são os crentes mais fiéis.

Um dia o Nosso Querido Profeta Muhammad (s.a.w.) dirigia umas palavras aos seus discípulos. Quando lhe calhou a vez de falar do Profeta Abraão (a.s.) disse: «Eu sou a súplica do meu pai Abraão; sou o filho de dois sacrifícios».

O primeiro sacrifício era o do Profeta Ismael e o segundo era o do seu pai Abdullah.

Tinham terminado a construção da Caaba. Abraão pensou pôr um sinal no princípio do tawaf. Podia ser um sinal em forma de rocha mas seria diferente das demais rochas da construção. Ismael procurou uma rocha dife-rente nas montanhas mas não pode encontrá-la. Quando regressou, viu uma rocha negra levada pelo seu cansado pai:

— O que é isso?

Hajar al-Aswad, a rocha negra, a rocha sagrada.

— Onde a encontraste?

— Os anjos trouxeram-na do Éden.

Colocaram a Hajar al-Aswad no seu lugar especial, num muro da Caaba.

Desde este dia, os muçulmanos vêm visitar a Meca, realizar o tawaf em redor da Caaba, beijar Hajar al-Aswad. Para além disso, caminham entre as dunas de Safa e Marwa recordando a história de Hagar. Depois, apedrejam Satanás como o Profeta Ismael fez. Ofere-cem sacrifícios, cordeiros e carneiros, para manifes-tar a obediência a Deus. Durante as rezas, voltam os seus rostos para a Caaba e, deste modo, rezam.

Dois anjos falavam, entre eles, no Céu. Falavam do senhor do Universo. O senhor dos senhores estava a ponto de nascer, em Meca, próximo da Caaba, nos arredores do poço de Zamzam. Outro Zamzam que daria vida às almas desertas estava a ponto de nascer. Um dos anjos disse ao outro: «Entendeste o mistério da vinda de Ismael a Meca? O mistério do sacrifício? O mistério da construção da Caaba? Tudo era para ele! Para Muhammad (p.e.c.e.) — o último Profeta de Deus!».

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A Preservação do Alcorão

Por: M. Yiossuf Adamgy (09.Fevereiro.2015 / 20.Rabial Akhir.1436)

In livro “Sobre o Alcorão” — Edição de Al Furqán (ver aqui: http://www.alfurqan.pt/index.php/montra-de-livros/islao-em-geral/sobre-o-alcorao-detail)

 

Existem, actualmente, centenas de religiões que prosperam um pouco por todo o Mundo: o Judaísmo, o Cristianismo, o Islão, o Budismo, o Siquismo, o Hinduísmo, o Bahaismo, o Babismo, o Zoroastrianismo, o Mormonismo, o Jainismo, o Confucianismo, as Teste-munhas de Jeovás, etc. E cada uma destas religiões reivindica que, as escrituras que defendem, são as mesmas desde o dia em que foram reveladas (escritas), até aos dias de hoje.

Uma crença religiosa é tão verdadeira como o é a autenticidade das escrituras que segue. E para que uma qualquer escritura possa ser tida como uma escritura que foi verdadeiramente preservada, esta tem que obedecer a determinados critérios concretos e racionais.

Imagine a seguinte cena: Um professor lecciona durante três horas seguidas. Suponha ainda que nenhum dos seus alunos memo-riza o que por ele foi dito ou escrito. Presentemente, quarenta anos depois dessa mesma aula ter sido dada, caso estes mesmos alunos decidam reproduzir na íntegra o discurso proferido pelo professor, palavra por palavra, conseguirão fazê-lo? Evidentemente que não! Isto porque, as duas únicas maneiras de preservar algo para a História, consistem na escrita e no poder da memória. Por conseguinte, a alguns daqueles que defendem que as escrituras que seguem se encontram no seu estado puro, torna-se-lhes necessário apresentar provas de que essa Escritura foi escrita no seu todo e completamente memorizada desde que foi revelada, até aos dias de hoje, numa sequência linear e ininterrupta. Caso o momento da memorização não coincida com o da escrita, agindo como se de uma verificação e de um equilíbrio se tratasse, então, existe a verdadeira possibilidade de que a escritura escrita possa ter perdido a sua pureza devido a interpolações intencionais e não intencionais resultantes de erros por parte dos escribas, a adulterações causadas por inimigos, as páginas que se decompuseram, etc., sendo que estes erros seriam concorrentemente incorporados nos textos subsequentes, levando a que, por fim, e ao longo do tempo, se perdesse a pureza inicial.

Presentemente, de todas as religiões atrás mencionadas, existe alguma que possua as suas escrituras completamente intactas desde o dia em que foram reveladas, até aos dias de hoje, TANTO na forma escrita, COMO em memória?

Nenhuma delas obedece a este critério, com excepção de uma: esta única escritura é o Alcorão – a revelação concedida ao último Profeta de Deus, Muhammad ﷺ há 14 séculos, e que se pretende ser uma orientação para toda a humanidade.

Analisemos, pois, a reivindicação da preservação do Alcorão.

 

O Profeta Muhammad ﷺ: O Primeiro Memorizador

Foi nesta sociedade “oral”, no ano de 570 D.C., que o Profeta Muhammad ﷺ nasceu em Meca. Aos 40 anos, o Profeta começou a receber as divinas Revelações do Deus Único, (ár. Allah), as quais lhe eram transmitidas por intermédio do Arcanjo Gabriel. Este processo de transmissão de divinas Revelações prosseguiu ao longo de aproximadamente 22 anos e meio, altura em que o Profeta faleceu.

Milagrosamente, o Profeta Muhammad ﷺ memorizou cada uma das revelações e tinha por hábito proclamá-la aos seus Companheiros. A cada ano, o Arcanjo Gabriel costumava avivar as memórias Alcorânicas do Profeta.

O Profeta ﷺ era a mais generosa das pessoas e tinha por hábito sê-lo ainda mais no mês do Ramadão, o que se devia ao facto de o Arcanjo Gabriel costumar visitá-lo a cada noite do mês de Ramadão, isto desde que este começava até ao momento em que terminava. O Anjo costumava recitar-lhe o Alcorão. Quando Gabriel o visitava, o Profeta ﷺ tornava-se ainda mais generoso, sendo mais rápido do que o próprio vento a praticar o bem”.[1]

Uma vez por ano, Gabriel costumava repetir a recitação do Alcorão juntamente com o Profeta (s.a.w.) mas, no ano em que este faleceu, repetiu-a duas vezes”. [2]

O próprio Profeta tinha por hábito permanecer acordado grande parte da noite, orando e recitando o Alcorão de memória.

 

Os Companheiros do Profeta: A Primeira Geração de Memorizadores

O Profeta Muhammad ﷺ encorajou os seus Companheiros (r.a.) a aprenderem e a ensinarem o Alcorão:

Os melhores de entre vós (Muçulmanos) são aqueles que aprendem o Alcorão e o ensinam”.[3]

Alguns dos Companheiros do Profeta que memorizaram o Alcorão foram: ‘Abu Bakr, Umar, Uthman, Ali, Ibn Masud, Abu Huraira, Abdullah bin Abbas, Abdullah bin Amir bin al-As, Aisha, Hafsa e Umm Salama”.[4]

Abu Bakr (r.a.), o primeiro Muçulmano do sexo masculino a converter-se ao Islão, tinha por hábito recitar o Alcorão publi-camente, em frente à sua casa, em Meca”.[5]

O Profeta Muhammad ﷺ ouvia também a recitação do Alcorão por parte dos seus Companheiros: “O Apóstolo de Allah (s.a.w.) disse-me o seguinte (Abdullah bin Mas’ud): “Recita-me o Alcorão”. Respondi-lhe: “Poderei eu recitar-to, quando este foi a ti revelado?, ao que ele respondeu: “Gosto de ouvir os outros a recitarem-no”. Assim sendo, recitei-lhe a Sura-an-Nissa, até que cheguei à parte que diz: «Que será deles quando Nós trouxermos uma testemunha de cada Povo e te trouxermos a ti (ó Muhammad), como testemunha contra todos eles?» (4:41). Nessa altura, ele disse: “Pára!”. Observei, então, que dos seus olhos escorriam lágrimas”. [6]

Muitos dos memorizadores do Alcorão (Qurra) foram contemporâneos do Profeta Muhammad ﷺ e, mais tarde, disseminaram-se por todo o mundo Islâmico de então.

Aquando da Batalha de Yamama, muitos dos memorizadores do Alcorão foram martirizados”. Zaid bin Thabit al Ansan, um dos que costumavam escrever as Revelações Divinas, refere o seguinte: Após as duras baixas sofridas pelos guerreiros que haviam participado na Batalha de Yamama, onde pereceram inúmeros memorizadores, Abu Bakr (r.a.) chamou-me à sua presença. A

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O que é o Alcorão?

Por: M. Yiossuf Adamgy (09.Fevereiro.2015 / 20.Rabial Akhir.1436)
In livro “Sobre o Alcorão” — Edição de Al Furqán (ver aqui: http://www.alfurqan.pt/index.php/montra-de-livros/islao-em-geral/sobre-o-alcorao-detail)

O Alcorão é uma Mensagem que explica os tesouros espirituais de Deus, que são observados na terra e no céu. Fornece-nos informações sobre o desconhecido. É o sol, a fundação e o plano definitivo do Islão, bem como a tradução eterna do Universo. É um livro generoso e celestial, que Deus nos enviou para satisfazer todas as nossas necessidades, quer físicas ou espirituais. Os mais belos nomes de Deus e o seu trono são a fonte do Alcorão. Quando falamos de «a Palavra de Deus», referimo-nos ao Alcorão. Através dele, o Criador do Céu e da Terra nos fala; é um édito do Criador do Universo, a Palavra de Deus, o Senhor de todos os seres criados.
O Alcorão é um livro de leis divinas, um livro de mensagens maravilhosas, comparáveis com o apreço dos seres humanos. O Alcorão veio d’Ele e foi criado dentro dos limites do mundo dos seres humanos. É um livro milagroso que contém a essência de todo o conhecimento. É um livro cujas maravilhas nunca acabam. Inclui discernimentos religio-sos e conhecimento inestimável e ensina-nos como devemos recitar, quando devemos rezar e como devemos rezar. Ela é a mãe de todos os livros. O Profeta, a paz esteja com ele, disse sobre o Alcorão: «É um tesouro que faz com que alguém só necessite dele». (Mayma al – Zawaid, 7, 158). Neste Hadith, o Profeta (ﷺ = S.A.W.) afirma que o Alcorão inclui todos os tipos de conhecimento, aborda todos os tipos de pessoas e oferece soluções para todos os tipos de problemas.
O Alcorão é a fonte da vida das almas, a base da moralidade e da essência das orações. O Profeta ﷺ expressou: «Podeis ter certeza de que o Alcorão é a festa oferecida por Deus» (Daarimi, Fadail Al Quran, 1). Este festival oferece todos os tipos de refeições, doces e saborosas. Embora cada refeição possa ter um sabor e composição diferentes, todos podem encontrar algo que gostem nesta festa. Ao dizer ‘que quem assistir a este festival não vai ter medo ou passar fome’, Abdullah ibn Masud assinala o facto de que o Alcorão, com o seu grande e abundante conteúdo, oferece soluções para os problemas do mundo. Uma vez que é a fonte de todo conhecimento e informação – de que os muçulmanos são orgulhosos – diz-se que «o Islão é a civilização Alcorânica». O Profeta ﷺ nos apresentou e ensinou esta Primavera sagrada. Suas palavras são as manifestações que explicam melhor o conteúdo do Alcorão. Num Hadith, o Profeta ﷺ disse:
O Alcorão é um livro que inclui crónicas do passado (das nações anteriores), a “fitna” (os actos de sedição e os conflitos internos, a anarquia e a subversão), que os perseguirão até o Dia do Juízo e os julgamentos sobre situações que ocorrem entre vós. É a única medida que separa o que é verdade e o que é falso. Todo o seu conteúdo é sensato. A quem o abandonar por medo de um tirano e deixar de praticar (o que diz o Alcorão), Deus o fará cair em devastação. Quem procurar uma orientação em qualquer outra parte será perdido por Deus. Certamente é a corda mais forte de Deus (a que podemos agarrar). É uma recordação cheia de sabedoria e um caminho que nos leva à Verdade. Salva àqueles que o seguem de desviação (ao evitar que fiquem apanhados por várias tentações).
Os estudiosos nunca podem saciar a sede do mesmo. As suas frequentes repetições não cansam a quem o lê, nem o prazer diminui. Os seus aspectos fascinantes não têm fim. É um livro tal que quando os génios o ouvem, não podem evitar dizer: «Na verdade, ouvimos um discurso admirável, que leva à rectidão; e que acreditamos nele!». (Alcorão, 72:1-2). Quem fala assim, diz a verdade. Quem o siga, certamente será recompensado. Quem julgue na base deste livro sagrado, julga de forma justa. Quem chama para este livro, chama para a senda recta. (Tirmidhi, Fadail al-Quran, 14).
Este hadith menciona muitas das características do Sagrado Alcorão. Ressalta que distingue o verdadeiro do falso, que é a mais forte orientação de Deus, que é a recordação mais sábia e que é o caminho para Deus. Uma das características fundamentais do Alcorão é o acto de distinguir o verdadeiro do falso. A este respeito, o Alcorão é também chamado de Furqán: «Bendito Aquele que o enviou, gradualmente, ao seu servo o critério (Furqán) para puder discernir o verdadeiro do falso» (25: 1).

Declarando que o Alcorão é universal, este versículo enfatiza que Furqán distingue o verdadeiro do falso, organiza as vidas dos que assimilam o Islão e mostra o que é bom e o que é mau. Como se afirma no hadith acima mencionado, o Alcorão é uma orientação firme, enviada por Deus para conduzir, àqueles que se aderem a ele, para o verdadeiro caminho. Ele é composto de palavras de sabedoria e é uma sábia recordação. O Alcorão, na sua infinita sabedoria, menciona tudo o que é suficiente para satisfazer as necessidades dos seres humanos. Proporciona aos crentes uma apropriada recordação e conselho para seguir o caminho que deve ser tomado e viver vidas que devem viver. É o caminho mais genuíno. É uma orientação que impede as pessoas dos extremos, não só nas questões relacionadas com a fé e crenças, mas também nos assuntos sociais, económicos e administrativos.