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Abençoado Mês de Ramadão

A maior recompensa, o grau mais elevado neste nosso mundo inferior, é a fé à qual devemos a ajuda e o favor da bondade de Deus (ár. Allah). A nós, foi-nos dada a honra de termos sido feitos Seus servos e a Sua Comunidade bem-amada, e de termos recebido um lugar no Alcorão.

Temos agora mais uma bênção: Uma vez a cada ano, chega o mês do Ramadão, no qual “o começo é a misericórdia, o meio é o perdão, e o final é a salvação do Fogo“.

Sempre que o Ramadão chegar, na nossa vida, devemos apreciá-lo! Ele passa muito rapidamente. A própria vida passa num ápice, assim como acontece com o tempo da oração. Não devemos dizer: “O Ramadão voltará outra vez”, porque um Ramadão que tenha passado não voltará novamente. O próximo Ramadão, se voltar, será um Ramadão diferente. É possível que o Ramadão continue a chegar até à Ressurreição, mas este Ramadão pode ser, para alguns de nós, o último.

Não se deve dizer: “eu perdi esta oração, mas outra virá”. Quem sabe se esta oração não é a tua última.

Não se deve dizer: “Quando me aposentar e começar a ganhar a minha pensão, então me dedicarei à adoração!” Quem sabe se não farás a tua última viagem antes de chegar a receber a tua pensão… Vestir-te-ão uma mortalha, de modo a preparar-te para a acção ime-diata. Lamenta-te, copiosamente, pelos teus pecados. Mantém a vigilância pelo teu Senhor, recitando o Alcorão. Rindo, homenageia a Sua presença. Reflecte na tua própria natureza transitória, recordando que Ele é eterno… Reflecte nas tuas próprias debilidades, recordando-te que Ele é o Todo-Poderoso…

Que coisa bela encontrar o Senhor! Como poderei fazer chegar-te o Seu sabor? Pode falar-se aos cegos sobre a cor, aos surdos sobre a música, aos impotentes sobre o deleite da relação sexual, mas é possível realmente fazer com que eles compreendam essas experiências? Se o cego não pode ver, como pode ele descobrir a cor através das palavras? Como se pode mostrar a um olho que não vê as flores multicolores, as árvores, o sol, o céu, a dança dos peixes nos riachos? Ao que não tem o sentido do olfacto, como lhe poderemos descrever o cheiro da rosa, a fragrância do jacinto, ou o perfume do junquilho? Como poderemos contar ao surdo acerca do chilrear dos pássaros, do murmúrio do fluir das águas, ou das cadências do Nobre Alcorão e as da chamada à Oração?

Se passares algum tempo a sós com o Senhor, um dia levantar-se-á o véu dos teus olhos e verás as cores. Adquirirás o sentido do olfacto e detectarás a fragrância das rosas, dos jacintos, dos junquilhos e dos narcisos. A tua surdez irá desaparecer e ouvirás a constante lembrança de Deus. Os ouvidos do teu coração abrir-se-ão e deleitar-te-ás com a recitação do Alcorão. Sob os cantos dos rouxinóis e do murmúrio das águas, ouvirás o som da afirmação da Unidade Divina. São estas as dádivas que serás capaz de obter neste mundo e que um dia terminarão. Quanto às dádivas que obterás no Além, “in cha Allah”, não têm fim, são eternas…

Quando o Ramadão chega, não consegues ouvir aquela Voz chamando todas as noites: “Ninguém Nos quer, ninguém Nos ama? Nós os amaríamos tam-bém!“. Este apelo faz-se em todos os entardeceres e em todas as noites. Esta é outra dádiva divina característica do nobre mês do Ramadão.

Observa a conversa de que desfrutou o Profeta Moisés (a.s.). Moisés, “o Kalimullah”, aquele que falava com Allah, quando costumava ir ao Monte Sinai (tu tens o teu próprio “Monte Sinai” no momento de romper o jejum, quando podes suster mil e uma conversas). Quando Moisés dizia: “Ó meu Senhor, Tu falas comigo, Tu diriges-Te a mim. Não me mostrarás a beleza do Teu semblante? Deixa-me ver a Tua beleza!” Recebeu a resposta do Senhor: Lan taraani: “Não poderás ver-Me”. [Alcorão, 7:143].

“Moisés! Como poderás ver a Minha beleza, quando há setenta mil cortinas entre nós? Serias incapaz de Me ver. Mas na altura da Ressurreição dar-te-ei um mês, como um presente à Comunidade do meu bem-amado Muhammad. Esse mês chamar-se-á Ramadan. E a Comunidade de Muhammad deverá jejuar durante todo esse mês, e Eu Me manifestarei de forma tal na altura de romper o jejum, que não haverá absolutamente nenhum véu entre mim e a Comunidade de Muhammad, enquanto agora, entre Mim e tu, há setenta mil véus”.

Numa Tradição Sagrada, o Altíssimo disse: “O jejum é para Mim, e Eu sou quem o recompensa“.

A recompensa do jejum é a visão da Beleza Divina. O emblema do Ramadão é o perdão. O jejum deverá fazer-se com sinceridade e com afecto ardente. O nosso abençoado Mestre Muhammad (s.a.w.) disse: “Se a minha Comunidade soubesse que êxito e salvação residem no Ramadão, rogariam a Allah que lhes deixasse viver para sempre nesse mês!“.

Queira Allah possa conceder a Sua Misericórdia sobre os nossos corações e facilitar-nos o jejum. Ámen.

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Mesquitas

Zona de Lisboa

MESQUITA CENTRAL DE LISBOA
Rua da Mesquita (à Praça de Espanha)
1000 Lisboa
Responsável: Sheikh David Munir
Tels.: 21 387 41 42 / 21 387 91 84
Fax: 21 387 22 30
E-mail Geral: info@comunidadeislamica.pt
Sítio Internet: www.comunidadeislamica.pt

MESQUITA DE BENFORMOSO
Rua do Benformoso, 119 – 1º/2º/3º
1100-083 Lisboa
Responsável: Mizanur Mazumbu
Tel.: 91 738 5367
 
MESQUITA AICHA SIDDIKA DE ODIVELAS
Rua Prof. Dr. Abreu, Lote 190
2675 Odivelas
Tel.: 21 932 74 74
 
DARUL’ULUM KADRIA-ASHRAFIA DE ODIVELAS
Rua D. Nuno Álvares Pereira, 14 – B
2675 Odivelas
Tel. e Fax: 21 813 32 82
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE STº. ANTÓNIO DOS CAVALEIROS
Edif. 7-A, 1º. – D
2670 Stº.Antº. dos Cavaleiros
Tel.: 21 988 80 70
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE PORTELA
C.C. Portela, Loja 26 – R/C
2685 Portela – Sacavém
Tel.: 21 943 55 70
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DA PÓVOA STº ADRIÃO
Rua Alves Redol, 12
Póvoa de Stº Adrião
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE FORTE DA CASA
Rua dos Combatentes, 26
2675 Forte da Casa
Tel.: 21 956 28 07
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DA COLINA DO SOL
Rua Josefa de Óbidos, Lote 57 – Loja E
Colina do Sol – Pontinha
Tel.: 21 499 51 49
Fax: 21 490 19 35

LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE FETAIS
Rua Beira nº 5 – 1º E – Camarate
2685 Sacavém
Tel. 21 947 09 50
 
MESQUITA HAZRAT HAMZA R.A.
Urbanização dos Terraços da Ponte, lote 52 -2
Ex-Quinta do Mocho
2685-119 Sacavém
Responsável: Khetta
Tel.: 96 712 14 77
 
MESQUITA DO LARANJEIRO
Rua D. Duarte, 12 – A
Laranjeiro
Tel. e Fax: 21 253 71 39
 
MADRESSA AHLE SUNNY JAMAT
Largo Mouzinho da Silveira, 10 – Cave
2810 Laranjeiro
 
MESQUITA DO BARREIRO
Av. do Bocaje, Bloco 2 – c/v Esqª
2830 Barreiro
Responsável: Aboobaker Ahmed
Tel.: 21 215 96 25
 
SALA DE CULTO DO CACÉM
Rua dos Unidos do Cacém, 5 (junto Mini-Preço)
2735 Cacém
 
SALA DE CULTO DA BURACA
Rua Principal, 46
Responsável: Sheikh Alhajji Umaro Djan
Tel.: 96 634 90 52
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE CARNAXIDE
Estrada da Outurela, Lote H
2795 Carnaxide
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE VIALONGA
Torre 2 – Sítio Olival de Fora
Vialonga
2600 Vila Franca de Xira
 
COMUNIDADE ISLÂMICA DA TAPADA DAS MERCÊS E MEM MARTINS
Praceta Francisco Ramos da Costa, nº 4
2725 – 540 Tapada das Mercês

Zona Norte e Centro
Zona Norte

MASJID HAZRAT BILAL (RADIYALLAHU AN-HU)
Mesquita Central do Porto
Centro Cultural Islãmico do Porto
Rua do Heroísmo, 223
4300 – 259 Porto
Responsáveis:
Abdul Rehman Mangá – 917238641
Abdellah Boazza – 914004142
 
SALA DE CULTO DO PORTO (LUGAR DA BATALHA)
Tv. do Loureiro, 19
4000 Porto
Responsável: Hazari Mamun
Tel.: 93 690 53 04
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO SANGUEDO
Rua da Castanheira, 79
4505 Sanguedo
 
SALA DE CULTO A VER O MAR
Av. Srª das Neves, 255 – Loja 2
4490-011 A Ver o Mar
Responsável: Ahmed
Tel.: 91 216 08 45

Zona Centro

MESQUITA DE COIMBRA
Rua Bernardo Santareno, Lote 201 – Cave
Quinta da Stª Apolónia
3000 Coimbra
Tel.: 239 49 26 83
Fax: 239 49 13 45
 
SALA DE CULTO DE LEIRIA
Urbanização das Pimenteiras, Loja 320, lote 1
Madeiras
2415-767 Leiria
Responsável: Mohamed Derhami
Tel.: 244 881 107 / 96 450 4900

Zona Sul e Ilhas
Zona Sul

MESQUITA DE SETÚBAL
Avª. D. João II, Armazém nº. 8 – A
2950-549 Setúbal

LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE ÉVORA
Évoralimentar – Zona Industrial, Talhão 27
7000 Évora
Tel.: 266 259 000
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE ALBUFEIRA
(junto Pingo Doce-Mc Donalds)
8200 Albufeira
Responsáveis:
Sheikh Ahmad – Tel.: 96 330 68 73
Bhai Balde – Tel.: 96 624 04 69
Bhai Assif Rehman – Tel.: 96 607 36 98
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE ARMAÇÃO DE PÊRA
Rua João II, r/c, Loja 1 (junto Pastelaria 2 Irmãos)
Edifício Chave de Ouro
8365-130 Armação de Pera
Responsáveis:
Bhai Abdulai – Tel: 96 914 56 10
Bhai Ibrahim Mala – Tel.: 96 311 46 71
Bhai Abdul Rahman – Tel.: 93 825 30 65
Bhai Suleman – Tel.: 93 418 66 17
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE FARO
Rua José de Matos, lote 1 – Loja B (junto Restaurante “Os Faraós”)
Urbanização Bom João
8000 Faro
Responsáveis:
Bhai Mustafa Drame – Tel.: 96 788 81 26
Bhai Abdul Rachid – Tel.: 96 471 02 94
Bhai Muhammad – Tel.: 96 844 50 27
Bhai Gibrail – Tel.: 96 346 31 37
Bhai Ibrahim Hassani – Tel.: 96 585 20 27
Bhai Mukar – Tel.: 96 437 93 35
Bhai Ibrahima – Tel.: 96 829 76 45
 
LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DE PORTIMÃO
Rua 16 de Maio, lote 51-A, 1º Dtº (junto Café Brasil)
8500 Portimão
Responsáveis:
Bhai Abdoulay Dialto – Tel.: 96 879 18 02
Imam Sheikh Muhammad Uri – Tel.: 96 448 13 75
Imam Muhammad Mala – Tel.: 96 288 20 98
Bhai Abdul Rahman – Tel.: 96 413 53 23
Bhai Ibrahim Balde – Tel.: 96 836 06 26
Bhai Abdul Nasser – Tel.: 96 182 82 43
 
SALA DE CULTO DA QUARTEIRA
Av. de Ceuta, nº 1 – Loja 2 (junto Bomba BP)
Edº.  Sol
8125 Quarteira
Responsáveis:
Bhai Abdul Aziz – Tel.: 91 456 57 42
Bhai Habibo – Tel.: 96 502 43 21
Bhai Bari – Tel.: 91 423 88 52

Ilhas

LUGAR DE CULTO ISLÂMICO DO FUNCHAL
Caminho da Achada
Edº. Adalia, 4º Esq
9000 Funchal
Responsáveis
Abubacar Bari – Tel.: 96 475 68 16
A Karim – Tel.: 96 529 83 71
Futura Morada:
Cave do Bloco 15
Conjunto Habitacional de Santo Amaro, II
Freguesia de S. Martinho

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Aprova o Islão a violência contra não muçulmanos?

(30.12.2011 – Coord. por M. Yiossuf Adamgy, in revista Al Furqán, nº. 185)

A violência não é religiosa. É crime. É como se tivesse assassinado toda a humanidade.

‘Uma sequência de explosões abalou a Nigéria durante a celebração da Missa de Natal em igrejas católicas, dando origem a 40 vítimas. O primeiro e mais mortal dos ataques ocorreu quando uma forte explosão destruiu a igreja de Santa Teresa, na periferia de Abuja, capital nigeriana, onde os serviços de emergência informaram que haviam resgatado dezenas de corpos no interior do templo… O grupo radical islâmico Boko Haram (termo que na língua local da etnia Hausa significa “educação ocidental é pecado”) reivindicou os ataques’. (1)

A primeira coisa que ocorre na mente de quem lê este parágrafo é “Os muçulmanos são terroristas, fanáticos da violência e fundamentalistas”. No entanto, deve-se dizer que essa ideia é baseada em preconceito e desconhecimento da realidade do Islão.

O Islão aprova a violência contra não muçulmanos? Absolutamente NÃO. O Islão é uma religião de paz. Não há nada no Alcorão, na doutrina ou na ética islâmica que permita, incentive ou tolere a violência em qualquer forma e sob nenhuma circunstância. Embora a ideia que exista no Ocidente seja que a violência na religião muçulmana é parte da prática, o reconhecimento dos direitos humanos de homens e mulheres em pé de igualdade, independentemente da origem, raça ou crença religiosa, encontra no Alcorão a sua fonte original.

O Islão reconhece aos ‘dzimmíes’ (minorias não-muçulmanas dentro de uma sociedade islâmica) os mesmos direitos que aos muçulmanos. Disse o Profeta Muhammad (s.a.w. = paz e bênçãos de Deus estejam com ele):

“Quem faz mal a um dzimmí, faz mal a mim próprio, e quem me prejudica, prejudica Al-lah.” É um grande pecado prejudicar as minorias de qualquer tipo. Um muçulmano que incorporou no seu coração e vida a mensagem de Deus (ár. Allah), não vai perturbar a vida de alguém que pensa, vive, ou sente diferente.

Existe uma Declaração dos Direitos Humanos no Islão (DDHI), também conhecida como a Declaração do Cairo (1990), pelos Estados membros da Organização da Conferência Islâmica, que fornece uma visão geral da perspectiva muçulmana sobre os direitos dos seres humanos e define a Sharia – lei islâmica, em geral, como sua principal fonte. O DCDHI declara que a sua meta é ser um guia para os Estados membros do OIC no campo dos direitos humanos. Geralmente, esta declaração é considerada como equivalente e resposta à Declaração Universal dos Direitos Humanos elaborado pela ONU em 1948.

Mas, mesmo que esta declaração não existisse, não compromete de todo os direitos inalienáveis da humanidade. No Islão, todas as pessoas são profundamente iguais. Todo o ser humano é, portanto, semelhante aos seus pares, a humanidade é uma comunhão a serviço de um único Deus. Neste contexto espiritual, o conceito islâmico de singularidade é fundamental e central e inclui, necessariamente, o conceito de unidade humana e fraternidade entre os seres humanos.

Diz o Alcorão Sagrado: ‘Ó crentes! Sede perseverantes na causa de Deus e prestai testemunho, a bem da justiça; que o ódio aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque isso está mais próximo da piedade, e temei a Deus, porque Ele está bem inteirado de tudo quanto fazeis’. (5:8).

‘… E se Deus não tivesse repelido alguns homens por intermédio de outros, estariam demolidos os mosteiros e as igrejas, as sinagogas e as mesquitas, onde o nome de Deus é tantas vezes invocado …’. (22.40).

‘Deus ordena a justiça e a benevolência’. (16:90).

‘Quando julgardes as pessoas, fazei-o com justiça’. (4:58).

Em muitos outros versículos, este princípio é referido.

A vida humana é sagrada e não deve ser tomada ou abusada sem nenhum motivo. Quando alguém viola a santidade da vida por matar uma pessoa sem justificação, o Alcorão compara com a morte de toda a humanidade:

‘ (…) Aquele que mata uma pessoa que não tenha morto ou feito danos na terra, é como se tivesse assassinado toda a humanidade’. (Alcorão, 5:32).

Disse o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) que não há diferença entre um árabe e um estran-geiro (não árabe), entre um homem e uma mulher, entre ricos e pobres, excepto na piedade, na consciência de Deus. Qualquer pessoa que se respeite a si mesma é definitivamente a favor da implementação e monitoramento dos direitos humanos.

O Islão ordena, pela palavra de Deus, a respeitar o “Povo do Livro”, isto é, cristãos e judeus. Muçulmanos reconhecem a Torá e a Bíblia como revelações anteriores de Deus para a humanidade. Reconhecem Abraão, Moisés e Jesus (paz esteja com eles) como nossos Profetas e figuras-chave no desenvolvimento da nossa fé. Promover a coexistência pacífica baseada no respeito pelos direitos humanos é um mandato irrevogável para todo muçulmano que é digno do nome.

Um exemplo disso é a aliança do Profeta Muhammad (s.a.w.) com os cristãos de Najran, em 631, que gozavam de protecção “da sua vida, propriedade, terra, fé, templos e todos os seus pertences” como os muçulmanos. De acordo com este estatuto, as minorias religiosas no mundo muçulmano desfrutaram de uma autonomia quase completa e autogestão em assuntos religiosos, incluindo questões pessoais, família, direito sucessório e direito penal quando foram cometidos crimes dentro da minoria.

Outro exemplo disso é o histórico tratado com os Cristãos de Jerusalém assinado pelo Califa Omar (r.a.): ‘Esta é a protecção que o servo de Deus, Omar, o Chefe dos Crentes, garante ao povo de Eiliya (Jerusalém). A protecção diz respeito às suas vidas e propriedades, às suas igrejas e cruzes, às suas doenças e saúde, assim como para todos os seus correligionários. As suas igrejas não serão utilizadas como habitação, nem tão pouco serão demolidas; nem nenhuma injúria lhes será feita, nem as suas propriedades serão injuriadas de forma alguma. Não haverá compulsão para com estas pessoas em matéria religiosa, nem deverão, por isso, sofrer ou serem vítimas de injúria … Tudo o que aqui se encontra escrito é de acordo com a vontade de Deus e a responsabilidade do Seu último Mensageiro, dos califas e dos crentes, e deverá ser respeitado …’.

O uso da religião para justificar o ódio e a violência para dar uma aparência de santidade que não tem, é um recurso popular dos grupos cujo objectivo não é, em caso algum, honrar a Fé. Se assim fosse, apresentariam a sua conduta para a paz, não para a morte. Rancores pessoais, interesses culturais, estratos políticos e económicos, estão no fundo dessas atrocidades que em nada representam os muçulmanos em geral, e não são expressão do papel que Deus nos deu na terra. O confronto entre muçulmanos e cristãos não faz parte da nossa ética e devem ser rejeitados pelos verdadeiros crentes. O “ódio cego” não é islâmico, é um pecado mortal. A violência não é religiosa; é criminosa; é como se tivesse assassinado toda a Humanidade.

Que Deus ilumine a Humanidade no limiar deste Novo Ano, tornando-o Feliz e Próspero.

(1) – Apesar de muitos cristãos (e não cristãos) realmente estarem a ser assassinados na Nigéria (e em outros países), soube-se que a foto que acompanha essa notícia (falsa) foi tirada depois de uma explosão de um caminhão de combustível no Congo e não tem nada a ver com o facto citado no texto. Ver em: http://www.e-farsas.com/cena-chocante-cristaos-queimados-vivos-verdadeiro-ou-falso.html