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Um esclarecimento às afirmações erradas, incorrectas, do Cardeal Muller

Prezados Irmãos:
Saúdo-vos com a saudação do Islão, “As salam alaikum”, (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
TRANSCREVE-SE, EM CONJUNTO, AS AFIRMAÇÕES ERRADAS, INCORRECTAS, DO CARDEAL GERHARD MULLER, EX-PRESIDENTE DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ:
«Nós, enquanto cristãos, não podemos relativizar Jesus Cristo.
Não podemos dizer: “Temos mais ou menos a mesma fé, a mesma religião, acreditamos num Deus monoteísta”. “Nós não acreditamos no monoteísmo. O monoteísmo é um conceito”.
“Na realidade, acreditamos em Deus, o Pai de Jesus Cristo”.

“Os Judeus acreditam no mesmo deus, mas não acreditam em Jesus Cristo”.
“Os Muçulmanos acreditam no … não podemos dizer, num sentido maçónico: “Somos todos irmãos”!” “Irmãos?” “Os irmãos têm os mesmos pais”.»
É por isso que alguns dos maiores equívocos que muitos não-muçulmanos têm sobre o Islão, têm a ver com a palavra “Allah”. Muitas pessoas passaram a acreditar, erradamente, que os muçulmanos adoram um Deus diferente dos cristãos e judeus.
Os Muçulmanos acreditam no mesmo Deus, que Cristãos ou Judeus acreditam. A única excepção é que no Islão, de acordo com o Alcorão, Deus se nomeou por Allah. O muçulmano acredita em todos os Profetas antes de Muhammad (PECE), ou seja, Jesus, Moisés, Jacob, Abraão … (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre todos eles). O único problema é que Cristãos e Judeus não querem aceitar o Seu nome como Allah, que Ele mesmo deu no Seu Livro sagrado, Alcorão. Quem é Allah? Muitas vezes, alguém ouvirá a palavra árabe “Allah” sendo usada em relação ao Islão. A palavra “Allah” é simplesmente a palavra árabe para Deus Todo-Poderoso, e é a mesma palavra usada por Cristãos e Judeus de língua árabe. Se alguém pegasse uma tradução árabe da Bíblia, veria a palavra “Allah” sendo usada onde a palavra “Deus” é usada em inglês. Na verdade, a palavra árabe para Deus Todo-Poderoso, “Allah”, é bastante semelhante à palavra para Deus em outras línguas semíticas. Por exemplo, a palavra hebraica para Deus é “Elah”. Por várias razões, alguns não-muçulmanos acreditam erroneamente que os muçulmanos adoram um Deus diferente dos judeus e cristãos. Este certamente não é o caso, já que o Puro Monoteísmo do Islão chama todas as pessoas para a adoração do Deus de Noé, Abraão, Moisés, Jesus e todos os outros Profetas (que a paz esteja com eles). Allah está acima dos Céus, separado da criação, mas entre a Sua criação por Sua Audição (as-Samiy), Sua Visão (al-Basir) e Seu Conhecimento (al-Alim).
Não obstante as afirmações erradas, incorrectas, do Cardeal Muller, a verdade é que o Judaísmo nunca aceitou o Cristianismo e o Islão; e o Cristianismo nunca aceitou o Islão; mas o Islão aceita o Cristianismo e o Judaísmo:
«Dize: Cremos em Deus (ár. Allah), no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacob e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele». (Alco-rão 2: 136).
«Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus). Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhais que somos submissos a Deus». (Alcorão 3: 64).
«Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis (muçulmanos) são os que dizem: Somos cristãos. Isto porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma. E, ao escutarem o que foi revelado ao Mensageiro (Muhammad), tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, dizendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre as teste-munhas!» (Alcorão 5: 82-83).
«Dize: Ó incrédulos, eu não adoro o que adorais, nem vós adorais o que eu adoro. E jamais adorarei o que adorais, nem vós adorareis o que eu adoro. Vós tendes a vossa religião e eu tenho a minha». (Alcorão 109).
«E revelamos-te o Livro com a Verdade, confirmando o Livro que o precedeu; e fizemos-te o seu vigilador; portanto, julga-os entre eles conforme o que Deus revelou, e não sigas os seus caprichos, desviando-te da Verdade que te chegou. A cada um de vós, Nós temos prescrito uma Lei e um caminho aberto. E se Deus quisesse tinha feito de vós um só Povo; mas fez-vos como sois, para vos testar por aquilo que vos concedeu; portanto, competi uns com os outros nas boas acções. Todos voltareis para junto de Deus, Que então vos esclarecerá a respeito das vossas divergências». (Alcorão 5:48)
«Os fiéis, os judeus, os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se atribularão». (Alcorão 2:262)
«E entre os Seus sinais está a criação dos céus e da terra, as variedades dos vossos idiomas e das vossas cores. Na verdade, nisto há sinais para os que discernem». (Alcorão 30:22)
Por conseguinte, o Cardeal Muller está igualmente em contradição com o Documento do Secretariado do Vaticano para os não-Cristãos que insiste nesse ponto fundamental, nestes termos:

«É inútil sustentar com alguns ocidentais que Allah não é verdadeiramente Deus! Os textos conciliares fazem justiça sobre tal asserção. As frases seguintes do Lumen Gentium definem, de forma exemplar, a fé Islâmica em Deus: “Os Muçulmanos que professam a fé do Abraão adoram conncosco o Deus Único, Misericordioso, Futuro Juiz dos homens no Último Dia…”»
Outrossim, esse Cardeal Muller e outros que pensam de igual forma devem recordar o que o Papa Gerbert — que foi Papa sob o nome de Silvestre II, no ano 999, e estudou nas Universidades Islâmicas da Andaluzia — costumava dizer: «Ninguém em Roma é suficien-temente letrado para ser um Guardião». ■
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— A opinião e a especulação
não são substitutos do verdadeiro conhecimento.
(Cf. Alcorão, 53:28)
— “Quem se cala diante de algo errado faz-se participante do mesmo erro.”
— «…. Estamos perante um estereótipo que cons-titui um dos mais graves obstáculos ao diálogo inter-religioso, em conjunto com o desconhecimento que as religiões têm umas das outras, inclusive entre sectores dos cultos.
As perdas de credibilidade são tanto mais volu-mosas e viscerais quanto maior é o desconhe-cimento mútuo.
Os preconceitos substituem as descrições objec-tivas.
Os pontos de vista, muitas vezes infundados, passam à categoria de axiomas.
As certezas reforçam-se quanto maior é a igno-rância.
Na hora de julgar e valorizar as outras religiões interessadas, acabam por deformar o sentido profundo da religião ou por oferecer uma caricatura de si própria».

— Juan José Tamayo – Teólogo
— Allah é uma palavra arábica que significa Deus. Não é Deus dos Muçulmanos, nem Deus dos Árabes como aparece muitas vezes na Imprensa e, até, em certos dicionários portugueses. É mister elucidar que não há “Deus” especial dos Muçulmanos que adoram o mesmo e um só Deus, venerado pelos praticantes das religiões monoteístas universais: Judaísmo, Cristianismo e Islão. ■

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