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Renovação da religião

Quando acontece uma renovação da Religião, significa que a sujidade e o pó se juntaram na face da “Verdadeira Religião”. As suas cores verdadeiras distorçeram-se e necessitam restauração para a forma original. Quando a renovação for completada, será revelado que a religião é algo quase diferente do que o Homem fez com que fosse.

Em 1509 Miguel Ângelo (1475-1564), pintor, escultor, arquitecto e poeta, foi contratado pelo Papa Julião para desenhar e pintar os frescos da Capela Sistina do Vaticano. O projecto foi completado em 1512. Nos 450 anos que passaram desde então, as côres originais utilizadas por Miguel Ângelo tornaram-se consideravelmente diluidas e, portanto, distorcidas. Uma razão para isto foi que um revestimento de cola animal foi espalhado sobre a superfície dos frescos no século XVII para evitar que o estuque estalasse. Esta cola então acumulou séculos de fuligem das tochas usadas na iluminação da Capela anterior ao advento da electricidade.

Sob o Papa João Paulo II, o Vaticano ordenou a restauração dos frescos. No início de 1986 os primeiros resultados do trabalho de limpeza foram apresentados ao público. A renovação revelou algumas coisas interessantes acerca do trabalho original de Miguel Ângelo. Inicialmente calculara-se que o mestre teria usado cores desmaiadas, crepusculares, mas agora parece que as cores que usou eram tão vibrantes que foi necessária iluminação difusa quando a limpeza terminou em 1988. Os historiadores de arte agora têm de rever todo o conceito da escola Florentina a qual Miguel Ângelo representava, pois os florentinos eram considerados os mestres do desenho, mas não da pintura. George Armstrong escreve no Guardian Weekly (de 16 de Fevereiro de 1986) que o axioma de Tintoretto (1518-1594) desenhar como Miguel Ângelo, pintar como Ticiano foi atirado por terra pelas cores restauradas da Capela Sistina. A renovação, diz Armstrong, revelou Miguel Ângelo sob uma nova luz.

Do mesmo modo, a natureza da verdadeira religião foi distorçida através dos séculos. Originalmente a religião foi revelada por Deus e ensinada na sua forma pura pelos Profetas. Então, quando cai nas mão de pessoas vulgares, estas corrompem a verdadeira mensagem, tornando-a de acordo com os seus próprios desejos. Visto que originalmente a religião se baseou na crença e no futuro. Mais tarde tornou-se instrumento para a aquisição de riquezas terrenas e de poder. A verdadeira fé, tal como transmitida pelos Profetas, sai do coração, mas a religião na sua forma corrupta torna-se um mero acumulado de ritos e cerimónias, isento de qualquer espírito verdadeiro. A religião na sua forma primitiva alimenta a humildade nos seus seguidores, protejendo a unidade do Homem; mas quando a religião se torna distorcida, torna-se uma fonte de orgulho, com um grupo a usá-la para afirmar a sua superioridade sobre o outro.

Quando isto acontece, significa que a sujidade e o pó se acumularam sobre a face da verdadeira religião. As suas verdadeiras cores tornaram-se distorcidas e necessitam de restauro à sua forma original. Quando a renovação se completar, será revelado que a religião é algo quase diferente do que o Homem a fez tornar-se. Alguns teólogos serão expostos como enganadores nas suas interpretações, assim como o público foi desencaminhado nas suas opiniões.

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