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Muçulmanos e Árabes

Os seguidores do Islão são chamados Muçulmanos. Os Muçulmanos podem ser Árabes, Turcos, Persas, Indianos, Paquistaneses, Malaios, Indonesios, Chineses, Japoneses, Portugueses, Africanos, Americanos, Europeus, ou de outras nacionalidades ou continentes.

Um Árabe pode ser Muçulmano, Cristão, Judeu ou Ateu. Qualquer pessoa que adopte a linguagem arábica é chamado de Árabe.

A língua do Alcorão (o Livro Sagrado do Islão) é Arábica. Os Muçulmanos, em todo o mundo, tentam aprender o Arábico a fim de estarem habilitados a ler o Alcorão e a compreender o seu significado. Fazem as suas orações em Arábico. Todavia, as suplicações a DEUS podem ser feitas em qualquer língua.

De entre os mais de um bilião de Muçulmanos existentes no mundo actual, apenas 200 milhões são Árabes. E entre estes, aproximadamente 10% não são Muçulmanos. Por conseguinte, os muçulmanos Árabes constituem somente 20% da população Muçulmana do mundo.

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A Mesquita de Jesus Cristo, uma homenagem à tolerância religiosa

Mundo Islâmico -  Fonte: Terra Actualidad / EFE

Desde há séculos que vivemos em paz com os nossos irmãos cristãos…e agora sentimos que esta Mesquita simboliza essa fraternidade

é muito raro que uma Mesquita leve o nome de Jesus Cristo, mas na localidade jordana de Madaba a população demonstrou que ainda há espaço para a tolerância religiosa.

“Desde há séculos que vivemos em paz com os nossos irmãos cristãos e agora sentimos que esta Mesquita simboliza essa fraternidade”, disse o advogado muçulmano Abd Hourout, após cumprir com as orações vespertinas.

Madaba localiza-se a 30 quilómetros do sul da capital jordana, Amã. Nesta cidade, os cristãos representam 10 porcento da população, num país onde os seguidores desta crença são apenas 5 porcento.

Chama a Madaba “A cidade dos mosaicos” pela riqueza dos seus vestígios bizantinos. No solo da basílica ortodoxa de São Jorge, ainda há um mapa feito com peças de mosaico que descreve pormenorizadamente a Terra Santa durante o século VI.

Uma das Mesquitas recebeu há vários meses o nome de Jesus Cristo e, desde então, por uma ou outra razão, quer os líderes muçulmanos, quer os cristãos parecem satisfeitos com a experiência.

“Isto é uma mensagem para o mundo de que os muçulmanos consideram Jesus Cristo como mensageiro deles próprios, porque antecipou ao mundo a chegada do Profeta Muhammad (s.a.w.), explica à Efe o Imame da Mesquita, Belal Hanini.

“Também prova que o Islão é uma religião de tolerância, que não tem nada a ver com extremismos”, acrescenta Hanini.

E recorda que, há séculos, os seguidores do Islão e do Cristianismo vivem em paz e mantêm laços de fraternidade nesta região do reino hachemita, um firme partidário do diálogo entre os diferentes credos.

“O nosso Livro sagrado, o Alcorão, ordena-nos a não distinguirmos entre os Mensageiros. Consideramos Jesus (a.s.) como um irmão do nosso Mensageiro, o Profeta Muhammad (s.a.w.)”, sustem, por sua parte, o advogado Horout.

Este devoto muçulmano assinala, inclusive, as inscrições que estão fixadas nos muros interiores da Mesquita, atribuídas ao Alcorão, em honra de Jesus e de sua mãe, a Virgem Maria.

A Mesquita de Jesus Cristo foi construída pela família muçulmana Al Otaibi, que tem uma ampla história de ligação à área de Madaba e que também se tem destacado pelas suas boas relações com a comunidade cristã da zona da Jordânia.

“Queríamos fixar um exemplo que possa ser seguido em qualquer parte, a favor da coexistência entre as regiões”, disse Marwan al Oteibi. “Dar este nome ao nosso lugar sagrado também procura fazer com que todo o mundo compreenda que o Islão é uma religião de tolerância que desfruta da comunicação com os outros cultos”, insistiu.

A ideia de lhe colocar o nome de Jesus Cristo a esta Mesquita foi recebida com entusiasmo pelos líderes cristãos da Jordânia, que a consideram como um novo gesto de boa vontade por parte da maioria muçulmana.

“Como monoteísta, estamos satisfeitos por esta decisão tomada pelos nossos irmãos muçulmanos sobre Jesus Cristo e sua mãe. O sagrado Alcorão tem, inclusivamente, um “Surah” (capítulo) dedicado a ela,” disse à Efe o sacerdote Nabil Haddad, da Igreja Católica Grega.

“Nós”, acrescentou, “como seguidores de Jesus Cristo, ficamos comovidos com este passo, que foi recebido com enorme felicidade entre nós e vemos que a Jordânia é um modelo para a coexistência dos diferentes cultos.”

A decisão também recebeu o apoio do Ministério dos Assuntos Religiosos e Islâmicos.

Este gesto está de acordo com a decisão da Jordânia em fomentar o diálogo entre as religiões e as distintas civilizações”, afirmou Samir Qudah, responsável pela secção deste ministério encarregada de cuidar das Mesquitas.

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Renovação da religião

Quando acontece uma renovação da Religião, significa que a sujidade e o pó se juntaram na face da “Verdadeira Religião”. As suas cores verdadeiras distorçeram-se e necessitam restauração para a forma original. Quando a renovação for completada, será revelado que a religião é algo quase diferente do que o Homem fez com que fosse.

Em 1509 Miguel Ângelo (1475-1564), pintor, escultor, arquitecto e poeta, foi contratado pelo Papa Julião para desenhar e pintar os frescos da Capela Sistina do Vaticano. O projecto foi completado em 1512. Nos 450 anos que passaram desde então, as côres originais utilizadas por Miguel Ângelo tornaram-se consideravelmente diluidas e, portanto, distorcidas. Uma razão para isto foi que um revestimento de cola animal foi espalhado sobre a superfície dos frescos no século XVII para evitar que o estuque estalasse. Esta cola então acumulou séculos de fuligem das tochas usadas na iluminação da Capela anterior ao advento da electricidade.

Sob o Papa João Paulo II, o Vaticano ordenou a restauração dos frescos. No início de 1986 os primeiros resultados do trabalho de limpeza foram apresentados ao público. A renovação revelou algumas coisas interessantes acerca do trabalho original de Miguel Ângelo. Inicialmente calculara-se que o mestre teria usado cores desmaiadas, crepusculares, mas agora parece que as cores que usou eram tão vibrantes que foi necessária iluminação difusa quando a limpeza terminou em 1988. Os historiadores de arte agora têm de rever todo o conceito da escola Florentina a qual Miguel Ângelo representava, pois os florentinos eram considerados os mestres do desenho, mas não da pintura. George Armstrong escreve no Guardian Weekly (de 16 de Fevereiro de 1986) que o axioma de Tintoretto (1518-1594) desenhar como Miguel Ângelo, pintar como Ticiano foi atirado por terra pelas cores restauradas da Capela Sistina. A renovação, diz Armstrong, revelou Miguel Ângelo sob uma nova luz.

Do mesmo modo, a natureza da verdadeira religião foi distorçida através dos séculos. Originalmente a religião foi revelada por Deus e ensinada na sua forma pura pelos Profetas. Então, quando cai nas mão de pessoas vulgares, estas corrompem a verdadeira mensagem, tornando-a de acordo com os seus próprios desejos. Visto que originalmente a religião se baseou na crença e no futuro. Mais tarde tornou-se instrumento para a aquisição de riquezas terrenas e de poder. A verdadeira fé, tal como transmitida pelos Profetas, sai do coração, mas a religião na sua forma corrupta torna-se um mero acumulado de ritos e cerimónias, isento de qualquer espírito verdadeiro. A religião na sua forma primitiva alimenta a humildade nos seus seguidores, protejendo a unidade do Homem; mas quando a religião se torna distorcida, torna-se uma fonte de orgulho, com um grupo a usá-la para afirmar a sua superioridade sobre o outro.

Quando isto acontece, significa que a sujidade e o pó se acumularam sobre a face da verdadeira religião. As suas verdadeiras cores tornaram-se distorcidas e necessitam de restauro à sua forma original. Quando a renovação se completar, será revelado que a religião é algo quase diferente do que o Homem a fez tornar-se. Alguns teólogos serão expostos como enganadores nas suas interpretações, assim como o público foi desencaminhado nas suas opiniões.

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Mesquita (maçjid)

A Mesquita é um lugar sagrado para os muçulmanos, onde estes se congregam para realizar as suas orações quotidianas.

 

A palavra “Mesquita” em português é tradução da palavra árabe Maçjid, que quer dizer lugar de prostração.

 

O PAPEL DA MESQUITA NO ISLÃO

 

As Mesquitas foram as primeiras instituições de ensino para os muçulmanos;

 

A Mesquita é o lugar onde se aprende a sabedoria e as virtudes.

 

A Mesquita é, pois, “o lugar da prostração, adoração, reunião, consultação, educação, promoção da espiritualidade islâmica, enfim, de discussão de problemas religiosos, sociais, económicos, políticos e outros…”.

 

– “… Para tal o Imame da Mesquita não pode estar sentado em casa. Os não-Muçulmanos podem vir visitar a Mesquita ou aprender algo mais sobre o Islão… O Imame não pode deixar de falar verdade e defendê-la justamente; não pode ser empregado deste ou daquele grupo; se o fizer, ele não presta”. “…Para os que trabalham pela causa islâmica, para os estudiosos e divulgadores do Islão e para os Imames deve ser providenciada todas as facilidades e condições para o desempenho das suas missões”. – Dr. Ahmad H. Sakr, da Fundação para Os Estudos Islâmicos de Lombard (Illionis – EUA), in ‘Estudiosos Discutem em Espanha O Papel da Mesquita no Islão’.

– “A Mesquita é o símbolo da existência, do Islão, da Herança e da identidade; onde há Mesquita, pode dizer-se que há Muçulmanos. O Minarete é sinal de união, de ‘Ummah’, de Sociedade Islâmica imbuída na Unicidade de Deus (Tawid)”. “…A Mesquita, e por inerência a Comunidade, é uma estação geradora do poder espiritual islâmico; mas quem estiver à sua frente (Imame, líder, presidente…) deverá ser uma pessoa capaz, justa, verdadeira, com carácter e personalidade islâmicas, enfim, com conhecimento de temática islâmica e gerais. Se assim não acontecer, a estação geradora de força espiritual islâmica não terá carga para poder funcionar convenientemente…”. – Dr. Mustufa, Mufti de Cyprus, in ‘Estudiosos Discutem em Espanha O Papel da Mesquita no Islão’.

 

– “A Mesquita deve ser o sustentáculo da congregação, do conselho, da opinião, da discussão sobre a evolução do Homem até Deus …, é a fonte da qual emana a solução dos problemas de toda a Comunidade Islâmica, o lugar de onde procede o conhecimento, e, enfim, o de consciencialização”. – M. Yiossuf Adamgy, Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, in ‘Estudiosos Discutem em Espanha O Papel da Mesquita no Islão’.

 

As Mesquitas são, na verdade, as casas de Deus na terra para congregar os Homens a fim de cumprirem os preceitos divinos da Oração (Salát). É o local aonde os muçulmanos se congregam para realizar as suas orações diárias e para as orações de Sexta-feira.

 

A oração em congregação é uma notável demonstração de unidade, de objectivo e de acção, da piedade e humildade colectiva perante Deus, e de solidariedade afectiva entre muçulmanos.

 

No ofício da oração islâmica, em congregação, não há reis e súbditos, nem ricos e pobres, nem brancos e negros; não há primeira ou segunda classe, nem lugares reservados ou públicos. Todos os crentes ficam de pé e de ombros dados, lado a lado; é, na verdade, a maneira mais disciplinada e exemplar, longe de qualquer consideração mundana.

 

As orações prescritas ao muçulmano são em número de cinco, se não há possibilidade de realizá-las nas Mesquitas, podem ser efectuadas em qualquer lugar onde o crente se encontrar quando a oração estiver no seu horário definido.

 

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS E COMUNS NUMA MESQUITA

 

Mihrab

 

No interior de uma Mesquita, há um sala de culto, constituído somente pelos artigos básicos necessários para a adoração dos muçulmanos. Uma característica comum de um sala de oração é um mihrab, um nicho decorativo, na parede, que indica a Qibla que deve estar voltado para a Caaba (Ka’bah) em Meca (Makkah).

 

Minbar

 

Na maioria das Mesquitas há um minbar,que é um púlpito, ao lado do mihrab, usado pelo Imame (dirigente da Oração) para o sermão (Khutbah), antes da Oração. O minbar pode ser feito de madeira, de pedra, de mármore … .

 

Características comuns às Mesquitas também são os pátios ligados a elas, onde se encontra a sala de ablução para os crentes se purificarem (wudhu) antes das orações. Pode existir, ainda, um Minarete (ou vários), mas pelo menos uma torre delgada, alta, unida a Mesquita, que é usado pelo Muazzin para fazer o Chamamento para oração (Adhan).

 

A CONSTRUÇÃO DAS MESQUITAS

 

As mesquitas (locais de oração) foram construídas entre os séculos VI e VIII, seguindo o modelo da casa do Profeta Muhammad (s.a.w.), em Medina: uma planta quadrangular, com um pátio voltado para o sul e duas galerias com tecto de palha e colunas de tronco de palmeira. A área de oração era coberta, enquanto no pátio estavam as fontes para as abluções.

 

No entanto, a arquitectura sagrada não manteve a simplicidade e a rusticidade dos materiais da casa do Profeta.

 

O desafio de expressar um “Deus omnipresente e invisível”, para Garaudy, foi encontrada num forte simbolismo, em que a Mesquita seria a verdadeira porta entre a realidade sensível e a realidade transcendente. Para ele, três elementos sintetizam este simbolismo: a ordem geométrica e harmónica, o uso da luz e a caligrafia que ornamenta os detalhes.

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A religião como denominador comum

Por: M. Yiossuf M. Adamgy

O Ocidente e o Mundo Muçulmano são universos multi-facetados, multi-culturais e multi-religiosos, apesar de serem considerados ou descritos como sendo tacanhos. Existem milhares de muçulmanos no Ocidente, assim como existem milhares de indivíduos de outras tradições religiosas no “mundo muçulmano”. Existem relações subjacentes entre estes mundos, supostamente separados, e que se manifestam nos alicerces mais profundos das suas culturas, da mesma forma que o renascer permanente da religiosidade está no íntimo de ambas e é observável ao longo das suas histórias.

O objectivo da religião é a piedade e uma consequência temporal da piedade é a constante transformação do desejo individual e colectivo nos valores e ética que são, universalmente, acalentados por todos os seres humanos. Dada esta relação entre a piedade e o tempo, se for louvada a ética e os valores, qualquer indivíduo de boa vontade, seja ou não ocidental, deverá sentir-se encorajado pela vertente da doutrina islâmica que apoia o culto da piedade através da prática religiosa e faz sobressair no praticante uma ética inter-humana, também partilhada pelas tradi- ções judaica, cristã ou outras.

Nessa ordem de ideias, podemos encontrar semelhanças entre todas as culturas e religiões do sistema teocêntrico. Com efeito, até nas culturas que, aparentemente, estão em conflito podem encontrar-se bases comuns. E este é um conceito que está indiscutivelmente presente no Alcorão, assim como a concepção de que as instituições de poder executivo, legislativo e judicial devem manter-se neutrais, mas, simultaneamente, reconhecendo a divindade e cultivando a piedade e a santidade, independentemente do procedimento formal que seja escolhido para o fazer (seja cristão, budista, islâmico, etc.). O objectivo destas instituições deve ser acompanhar o entendimento operacional do governo, tal como defendem os princípios do Alcorão.

Estes foram os princípios criados pelo Profeta Muhammad (a paz esteja cm ele) e segundo os quais ele próprio e os seus companheiros viveram.

Embora possam ser deslindadas semelhanças, as culturas do Oriente conservaram uma essência mais teocêntrica nas suas religiões, enquanto as culturas ocidentais advogam religiões progressivamente mais seculares. A concepção ideológica de um governo e sociedade sadios tem por base a aplicação da Sharia do próprio Ocidente, um código de leis definido pelo Alcorão que adopta o pluralismo. Se essa vertente da Sharia é ou não posteriormente representada, protegida e apoiada pelo forças do poder nacional dominante ou pelos agentes do poder geopolítico transnacional é uma questão totalmente diferente.

O carimbo do Ocidente, que tem por base o humanismo secular, que considera a expressão pública da fé ou a menção de Deus uma imposição perniciosa da religião, é incompatível com o paradigma islâmico. Ainda assim, espera-se que os muçulmanos do Ocidente obedeçam ao sistema de leis e costumes do país onde se encontram. Dando um exemplo exagerado, se houvesse uma lei que decretasse que a prática religiosa e a referência a Deus deveria passar a ser mantida apenas na esfera privada, o muçulmano deveria obedecer, pela lei da ética ditada pela Shari’a, ou então, deveria encontrar outro local para viver.

No Mundo Muçulmano, tal como no restante terceiro mundo, existem imposições dos regimes de clientelismo e aristocracia colectivos ocidentais que se manifestam através do uso de operações de guerra declaradas ou dissimuladas. Com a auto-determinação enfraquecida, muitos segmentos da população são naturalmente prejudicados pelas consequências nocivas a nível sócio-político e económico, sentindo -ss profundamente lesados. Quando esta população do “mundo muçulmano” se expressa intelectual e verbalmente contra as injustiças que são verdadeiramente reais, fá-lo através da fraseologia e paradigmas intelectuais da Shari’a, ética que lhes promete o direito à vida, liberdade, propriedade, segurança e a distribuição justa da riqueza e oportunidades. A Shari’a tem base na religião, por isso, o revivalismo religioso neste contexto é análogo aquele que está presente na exigência de um determinado “direito constitucional”, feita por um ocidental, perante uma hipotética opressão de carácter sócio-político ou financeiro. Vários movimentos reaccionários têm base nesta dinâmica. A relação entre as actuais operações de guerra e os crimes atribuídos a esses diferentes grupos, por um lado, e as empresas internacionais e os interesses ocidentais, por outro, torna necessária uma reflexão mais profunda.

A religião, quando é praticada com autenticidade, cria, por definição, pontes entre os seus praticantes, independentemente do tipo de religião que pratiquem. O Alcorão refere explicitamente este fenómeno em vários versículos. Uma das teses mais inaptas (da qual mesmo os religiosos melhor intencionados são vítimas) é a tese que defende que existe algo nas religiões autênticas (seja qual for a sua forma) que se torna na causa principal dos conflitos que ocorrem ao longo da linha que separa as várias religiões. Defender esta tese é o mesmo que argumentar que é algo de inerente à existência de várias raças e etnias que causa o conflito sectário a nível racial e étnico.

O fanatismo religioso, racial, étnico ou qualquer outra forma de fanatismo é, por definição, uma depravação psicológica. Embora a religião, a raça e a etnia estejam semanticamente associadas de uma forma existencial à sua respectiva forma de fanatismo, estas características não são, em si próprias, a causa de qualquer forma do mesmo. Um judeu devoto, um cristão ou um muçulmano terão, ideologicamente, o mesmo tipo de comportamento face à sua ética inter-pessoal. As formas de veneração podem variar, mas o comportamento que um cristão devoto, um judeu, hindu, persa ou budista, terá em relação ao próximo será idêntico.

Todos os seres humanos, sejam teocêntricos ou teofóbicos, desejam viver a sua vida tendo os seus direitos salvaguardados e sendo livres para levarem a cabo a sua jornada numa sociedade pacífica e ordeira. E é este o elo de ligação entre os religiosos e os não-religiosos. Existe um substrato próprio do ser humano que é comum a todas as pessoas, culturas e religiões deste mundo. Uma campanha pública massiva deve ser desenvolvida no sentido de derrubar as barreiras existentes entre os “dois mundos”. Devemos encorajar o jornalismo honesto e devemos também promover a educação e o entendimento culturais. Está na altura de pararmos de procurar diferenças e de começar a prestar atenção às semelhanças.