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“E, da nossa parte, paz!”

Muito se falou da publicação de um livro pela Comunidade Muçulmana, em resposta às declarações do Cardeal Patriarca D. José Policarpo no programa “125 minutos com”, conduzido pela joralista Fátima Campos Ferreira, a 14 de Janeiro deste ano. Mas quem o leu?

Para ler o artigo completo, gentilmente cedido pelo jornal O Figueirense, clique aqui

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A Europa também é o Islão

Tariq Ramadan

“A Alhambra demonstra que a Europa também é o Islão”.

Foi intenção de Tariq Ramadan, intelectual Muçulmano de nacionalidade Suiça e origem Egípcia, manifestar-se a respeito de recentes declarações de Bento XVI, o qual considera que o Cristianismo é a religião sobre a qual se fundou o conceito de Europa. “Nada está mais longe” – diz o pensador – “porque a presença d’Alhambra demonstra que a Europa também é o Islão”.

Ramadan faz menção ao que Al-Andalus significou para a criação da ideia Europeia e lembrou ao Papa que “não se pode usar o passado para o sectarismo”. “O Papa receia que se reconstrua um passado de pluralidade, que se recorde que o Islão pertence à História da Europa, que se fale do pluralismo do passado”, esclareceu Tariq. O intelectual, nesse território entre fé e cultura, considera que “existe uma religião do silêncio, que é aquela que se encontra a meio caminho entre Oriente e Ocidente. A religião é um meio – acrescenta ele – que pode ser utilizado para a paz e também de uma forma dogmática por alguns Estados, como é o caso dos Estados Unidos da América, que usam a religião para o mal”. O Islão não é culpado pelo integrismo, senão pelas suas “más interpretações. A democracia é boa, mas também é empregue quando é mal utilizada para invadir um país”, realçou.

IMIGRAÇÃO

Relativamente ao problema da imigração, o intelectual considera que a chegada massiva de Muçulmanos aos países Europeus deu origem a “uma grande crise de identidade”. Usando a Grã-Bretanha como exemplo, verifica-se o seguinte: “Um país onde existem cidadãos provenientes de diferentes partes do Mundo, de diferentes religiões, e que agora se questionam sobre o que é ser Britânico e onde está o Britânico”. Caminha-se para a mestiçagem e, o problema, é que se tem medo, “mas não há que culpar o Islão, porque os Muçulmanos são cumpridores da Lei; há que culpar, sim, a actual situação sócio-económica”.

“Numa cidade como Bruxelas – comentou – 30% da população é Muçulmana e, dentro de alguns anos, a cifra atingirá os 50%, e esse é um fenómeno imparável, a globalização”.

Tariq Ramadan defende que o problema não é que esta imigração seja de origem Muçulmana, a religião das pessoas que emigram, mas sim a integração na sociedade que a acolhe. Contudo, estima compreender a “percepção psicológica para com os Muçulmanos com todos os ataques terroristas do fundamentalismo”.

Ramadan recebe críticas tanto de Muçulmanos, como de Ocidentais, “os Islamistas Europeus atacam-me por criticar as suas interpretações do Alcorão e, enquanto Ocidental, sou criticado pelos políticos e poderes que defendem a invasão do Iraque”.

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Exactidão científica conduz os cientistas ao Islão

U. K. Islamic Mission Da’wah Center

A pesquisa parapsicológica e o tratamento espiritual do homem à luz do Alcorão convenceram o Dr. Arther J. Alison, da verdade científica do Islão. O Dr. Alison, que se converteu ao Islão quando participava numa conferência científica no Cairo, disse que os Muçulmanos falharam ao demonstrar a realidade científica do Islão às pessoas de outras religiões.

Agora com o nome de Abdullah Alison, o chefe do Departamento de Engenharia Eléctrica e Electrónica numa Universidade Britânica, incentivou os cientistas Ocidentais a familiarizarem-se com o Islão que “se dirige ao intelecto e aos sentimentos ao mesmo tempo”.

Vários cientistas Ocidentais que estudaram o Alcorão quando a sua investigação académica o justificava, converteram-se recentemente ao Islão, considerando-o uma religião científica pura que não nega a investigação científica moderna e, ao contrário de outras religiões e filosofias, confirma muitas teorias científicas e tecnológicas.

O Dr. Alison disse que trabalhou durante seis anos como Presidente da Sociedade Britânica de Estudos Espirituais e Parapsicólogos. Esta posição, disse ele, levou-o a estudar profundamente diferentes religiões e filosofias, incluindo o Islão.

Ele disse que enquanto escrevia o texto da sua intervenção para a conferência do Cairo, o seu principal objectivo era estudar a medicina espiritual e parapsicóloga à luz do Alcorão.
Os resultados foram surpreendentemente marcantes e muito convincentes quanto à natureza e condição do sono e da morte, bem como outros fenómenos relacionados com isso, disse o Dr. Alison, acrescentando:

“A minha alegria não tinha limites pois os resultados do meu estudo eram tão convincentes e, por isso, eu descobri o Islão”. Ele lamentou que o Ocidente seja totalmente ignorante da aproximação científica do Islão: “Durante a nossa discussão nesta conferência, chegámos à prova conclusiva de que o Islão não contradiz a ciência, e planeamos fazer mais pesquisas sobre a parapsicologia à luz do Alcorão”, disse o cientista Britânico.

Enquanto preparava o seu discurso para a conferência do Cairo, o Dr. Alison deteve-se num versículo do Sagrado Alcorão que significava: “Deus recolhe as almas, no momento da morte e, dos que não morreram, ainda, (recolhe) durante o sono. Ele retém as almas para as quais ordenou a morte e deixa em liberdade as outras, até ao termo fixado. Na verdade, nisto há sinais para os sensatos”. (39:42) Ele disse que as suas experiências demonstraram que algo sai do corpo humano quando um homem ou uma mulher estão a dormir e volta mais tarde o que os faz acordar. Mas com a morte “algo” não regressa. E é o que o Alcorão diz em palavras muito claras.

DESCOBERTA SUBAQUÁTICA CONDUZ OCEANÓGRAFO FRANCêS AO ISLÃO

O famoso oceanógrafo Francês Sr. Jacques Yves Cousteau, que passou a sua vida em descobertas subaquáticas e é considerado uma autoridade na exploração subaquática, converteu-se ao Islão depois da sua surpreendente descoberta ter sido confirmada pelo Sagrado Alcorão, o último guia revelado por Deus para toda a Humanidade. Um dia, algures no mar alto, o Sr. Comandante Jacques Costeau estava a fazer explorações subaquáticas quando descobriu que na água salgada do mar havia várias nascentes de água doce saborosa.

que o surpreendeu foi o facto da água doce das nascentes não se mistur com a água salgada do mar. Durante muito tempo ele tentou encontrar uma razão plausível para este fenómeno, mas sem resultado. Um dia quando o mencionou a um professor Muçulmano, este disse-lhe que este fenómeno seguia simplesmente a ordem de Deus como estava explicado claramente no Sagrado Alcorão. Leu então ao Sr. Cousteau os seguintes versículos do Sagrado Alcorão:

“E foi Ele (Deus) Quem estabeleceu as duas massas de água: uma saborosa e doce, e a outra salgada e amarga; e estabeleceu entre ambas uma linha divisória e uma barreira intransponível.”(25:53)

Ao ouvir isto, o Sr. Cousteau disse que o Alcorão é certamente um Livro divino e converteu-se ao Islão.

“Este é Muhammad (s.a.w.), o filósofo, o orador, o profeta, o legislador, o guerreiro, o encantador dos pensamentos humanos, o que realizou os novos princípios da crença, o grande homem que estabeleceu vinte gigantescos impérios mundiais e um grande império e civilização do Islão.”

A EXACTIDÃO CIENTÍFICA SURPREENDE O CIENTISTA TAILANDêS

Numa visita à Arábia Saudita, o professor Tajaten Tahasen, o ex-chefe do Departamento de Anatomia e Embriologia e actual Reitor da Faculdade de Medicina na Universidade de Chang-mi, Tailândia, viu alguns versículos do Alcorão e as tradições Proféticas que se relacionavam com o seu campo de estudo.

Perguntaram então ao professor se conhecia o trabalho do professor Keith Moore, um cientista Canadiano. Ele disse que conhecia o Professor Keith Moore que era um homem proeminente no campo da embriologia.

O Professor Tajasen leu então um artigo do Professor Moore em que ele escreve que, na sua opinião, muito do que foi revelado no Alcorão era compatível com a ciência moderna. O Professor Tajasen ficou surpreendido com o que leu no artigo e quis saber mais. Foi-lhe lido então o seguinte versículo do Alcorão:

“Os que rejeitam os Nossos (de Deus) Sinais, em breve Nós os lançaremos ao Fogo; cada vez que as suas peles forem queimadas, dar-lhe-emos outras (novas) em troca, para que sintam mais o suplício; na verdade, Deus é Poderoso e Sabio”. (4:56)

O Professor Tajasen concordou que isto era uma referência ao fenómeno dermatológico que só recentemente a ciência moderna descobriu, nomeadamente que a pele contem todas as terminações nervosas e que se uma queimadura é muito grave e a pele fica completamente queimada, perde então o seu sentido de dor e a pessoa aflita não a sente verdadeiramente. Deus está consciente deste facto e Ele, de acordo com isso, certifica-se que os descrentes enviados para o Inferno sintam constantemente a dor, substituindo constantemente a pele para que as terminações nervosas sejam renovadas.

O Professor Tajasen diz que é impossível que isto tenha vindo de uma fonte humana, considerando o facto do Alcorão ser um texto com 1400 anos: este tipo de conhecimento simplesmente não existia nessa altura. De quem é que esta informação veio? A resposta é DEUS. Quem é Deus? Perguntou o Professor. Ele foi informado que Deus é o Criador, de Quem vem o verdadeiro Conhecimento, Sabedoria, Perfeição e Misericórdia.

O Professor Tajasen voltou para a Tailândia e realizou uma série de palestras sobre o que tinha aprendido. Como resultado directo destas palestras, cinco dos seus estudantes converteram-se ao Islão.

Pouco depois o Professor Tajasen voltou à Arábia Saudita para participar numa conferência em Riyadh. Na conferência, o professor fez um discurso aos delegados. Neste discurso, ele disse que os seus estudos o levaram a acreditar que tudo no Alcorão era verdadeiro. Alguns dos Sinais que foram revelados há 1400 anos atrás só recentemente foram explicados pela ciência moderna. Muhammad (p.e.c.e.) não sabia ler nem escrever, acrescentou o Professor, por isso, a verdade deve ter sido revelada pelo Criador, Allah.

O Professor continuou, dizendo que chegou a altura de declarar: La ilaha Illallahu Muhammadur-rassulullah (Não há nenhuma divindade senão Deus e Muhammad é o mensageiro de Deus). O Professor Tajesen aceitou os Sinais e converteu-se ao Islão. A quem quer que tenham sido transmitidos os Sinais, mas que conscientemente os rejeite por teimosia, unindo-se à ignorância, enfrenta o destino que Deus salienta nos versículos do Alcorão atrás citados.

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Existe uma identidade própria dos Muçulmanos Europeus?

Por Mustafa Ceric, Grão-Mufti da Bósnia
Versão Portuguesa de Al Furqán, in revista nº. 156 – Janº./Fevº.2007

Há um milagre e um enigma na História Muçulmana que não podem ser logicamente explicados.

O milagre reside na rapidez e abrangência da expansão do Islão no início do século sétimo, de uma nobre perspectiva árabe-beduína, para as duas grandes civilizações da época – a Persa e a Bizantina. O enigma encontra-se no rápido declínio da civilização Islâmica no século XVIII, após ter demonstrado uma vitalidade e capacidade sem precedentes. Por esta altura, os muçulmanos haviam perdido o protagonismo geográfico, cultural, económico e político no panorama mundial, a ponto de serem marginalizados na denominada História Moderna. Esta conjuntura impeliu os muçulmanos a uma luta, ao longo dos últimos dois séculos, pelo seu regresso ao centro da História Moderna ou da História Universal. Assim sendo, os muçulmanos têm vindo a empenhar-se em dois movimentos centrais, cujo objectivo é recuperar o seu lugar na História: a secularização e a reislamização.

Podemos reconhecer o problema da identidade muçulmana moderna, através do debate em torno da natureza de secularização da História Muçulmana e do método de re-islamização do espírito muçulmano. A ideia de secularização não surgiu aos muçulmanos em resultado da sua experiência própria. A maioria dos ulama (eruditos) muçulmanos, bem como alguns intelectuais muçulmanos, sempre se aperceberam de que a ideia de secularização das sociedades muçulmanas proveio do Ocidente, através da pressão política e até, por vezes, da pressão militar.

Esta é uma das razões pelas quais a secularização da História Muçulmana falhou, talvez com as excepções da Turquia e da Tunísia, e a orientação para uma re-islamização do espírito muçulmano está a ocorrer. Os muçulmanos têm recusado desistir da ideia de uma comunidade universal do Islão (a Ummah), mesmo que esta corresponda a uma utopia, pelo menos actualmente. Para os muçulmanos que acreditam no conceito de Islamização, o secularismo não passa de uma concepção étnica, racial e nacional de identidade cultural.

Não obstante, os muçulmanos aceitaram a ideia da identificação com um estado-nação, independentemente das razões. Apesar disso, estão conscientes do conceito de identidades múltiplas, o que significa que cada um pode reconhecer uma identidade universal, tal como uma identidade islâmica, num estado presumivelmente não-islâmico. E por isso perguntei: Existe uma identidade própria dos muçulmanos europeus?

Quem precisa da identidade muçulmana europeia?

Mas deveríamos perguntar primeiro: quem precisa de uma identidade muçulmana europeia? Aparentemente, os muçulmanos não necessitam dela, porque a sua identidade islâmica é tão universal e inclusiva que não precisam de qualquer identidade adicional. A Europa não é dar al-Islam (a morada do Islão) e não podem, pois, identificar-se com ela. Por seu turno, os europeus não precisam da identidade muçulmana europeia, na medida em que a identidade religiosa de alguém não é considerada tão relevante.

Contudo, acredito que tanto os muçulmanos que vivem na Europa, como os Europeus que agora podem vislumbrar um muçulmano na vizinhança sem terem de ir ao Afeganistão, devem reconhecer a existência de uma categoria de muçulmanos europeus ou de europeus muçulmanos. Pelo facto de o Islão ser, precisamente, uma fé e religião universais e inclusivas, os muçulmanos deveriam adoptar uma atitude receptiva a novas identidades culturais e nacionais. Ao contrário do Judaísmo, cuja preocupação reside principalmente nos trabalhos missionários ao serviço do apoio político a Israel, tanto o Islão como o Cristianismo consistem numa fé missionária, enquanto conjunto de actividades religiosas transculturais e transnacionais. Os europeus deveriam zelar pela construção de uma identidade para os muçulmanos europeus, porque a ideia de que a Europa é um continente exclusivamente cristão não é correcta. Um facto histórico incontornável, testemunhado ao longo de séculos, é a presença não somente de muçulmanos como também de judeus, residentes na Europa. Ambos trouxeram contributos significativos à vida e cultura europeias.

Os europeus deveriam estar conscientes não só da presença de muçulmanos na sua vizinhança, como também do facto de que essa mesma presença fortalece e confere mais sentido à sua própria identidade. Permitam-me recordar-lhes o princípio da incerteza de Heisenberg. O físico alemão Heisenberg revelou a complexidade em verdadeiramente conhecer e avaliar tudo sobre um objecto, seja ele um electrão ou um coelho, uma vez que o próprio acto de observação altera o comportamento do objecto observado. Como tal, tudo o que existe para além da esfera humana só pode ser conhecido de forma isolada.

Nós, humanos, somos completamente diferentes. Nós só podemos ser conhecidos, e só nos podemos auto-conhecer, através da interacção com o mundo que nos rodeia. Ao contrário dos electrões e dos coelhos, nós alcançamos o auto-conhecimento mediante a investigação, experimentação e modificação da relação com o mundo em que vivemos. O isolamento é uma tortura e destrói toda a auto-consciência. Só os relacionamentos é que proporcionam a identidade que emana da convivência entre pessoas. Além disso, a lealdade para com a sociedade em que vivemos é determinante para a nossa identidade individual e colectiva. Uma comunidade, ou sociedade, não é só uma escolha meramente necessária; são os relacionamentos que nos definem e é através deles que chegamos a conhecer-nos a nós mesmos e que o mundo chega ao conhecimento de nós. As pessoas vivem a sua identidade através das relações com o mundo que as envolve. Aqueles que passam o tempo em isolamento e segregação, convencidos que deste modo alcançam o conhecimento de si próprios, estão enganados. Muito pelo contrário: o Homem alcança (a via do) o auto conhecimento mediante o contacto e a interacção com tudo o que, vivo ou morto, o circunda.

Valores Comuns

Para se compreender o significado da identidade dos muçulmanos europeus, devemos conhecer os valores comuns básicos, com os quais nos poderemos identificar.

Assim como são universais, os valores são comuns. Os mais importantes de todos os valores universais, e no entanto comuns a todos nós, são o valor da vida, o valor da liberdade, o valor da religião, o valor da propriedade e o valor da dignidade humana. Consequentemente, os valores europeus têm tanto de comum, como de universal e sendo universais, os valores são comuns a todos nós.

Comecemos pelo valor da vida e pelos conceitos dos Dez Mandamentos: Tu não matarás, o que significa que tu não cometerás o holocausto, não cometerás genocídio e que não cometerás a limpeza étnica. O que será mais comum a todos nós que o valor da vida?

A liberdade é um importante valor; sem liberdade a vida não chega a fazer sentido. O caminho da escravidão à liberdade tem sido uma das mais importantes jornadas da história da humanidade. Inclusivamente, a liberdade é um valor europeu de tal forma precioso, que foi conquistado ao longo de gerações à custa da perda incalculável de vidas humanas.

O respeito pela religião é também um valor europeu comum, na medida em que os europeus tiveram liberdade para escolher uma dentre as muitas religiões que vinham chegando ao continente europeu ao longo da História: o Judaísmo, o Cristianismo, o Islão, e ainda muitas outras religiões orientais. Nenhuma das principais religiões europeias – o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão – teve origem na Europa. Todas elas provieram do Oriente.

O direito à propriedade, enquanto factor decisivo para uma vida humana digna, é um valor da Europa que deveria ser defendido como valor comum à humanidade.

Por fim, o valor da dignidade humana é um valor comum que tem de ser aperfeiçoado na Europa, especialmente no que respeita ao combate contra a xenofobia, racismo, fascismo, anti-semitismo, islamofobia, etc.

Algumas definições de Europa

Em 1751, Voltaire definiu o conceito de Europa como ‘uma grande república dividida em vários estados, alguns monárquicos, outros mistos …. mas todos relacionados entre si.

Todos eles têm a mesma fundação religiosa, mesmo que se dividam em confissões diversas. Todos eles têm o mesmo princípio de direito e política públicos, desconhecidos noutras partes do mundo. (Davies 7)
Numa tentativa de demonstrar a unidade da cultura europeia (Die Einheit of Europaeischen Kultur), T. S. Eliot refere-se à mesma, num escrito de 1946, nos seguintes termos: ‘O aspecto dominante inerente à criação de uma cultura comum entre povos, cada um dos quais com a sua própria e distinta cultura, é a religião …. refiro-me à tradição comum do Cristianismo, que fez da Europa o que é, e aos elementos culturais comuns que este Cristianismo comum trouxe consigo … Foi no seio do Cristianismo que as nossas artes floresceram; foi no Cristianismo que as leis da Europa – até recentemente – se enraizaram; foi sobre o pano de fundo do Cristianismo que todo o nosso pensamento adquiriu significado’.
Um indivíduo europeu poderá não acreditar que a Fé Cristã é verdadeira; e no entanto, o que ele diz ou faz dependerá da herança cristã para adquirir sentido. Só uma cultura cristã é que poderia ter originado um Voltaire ou um Nietzsche. Não acredito que a cultura da Europa pudesse sobreviver perante o completo desaparecimento da Fé Cristã. (Davies 9).

No que se refere à relação entre a Europa e as outras culturas e religiões, Hugh Seton-Watson adoptou uma abordagem mais inclusiva, ao escrever o seguinte, em 1985: ‘O entrecruzamento das noções de Europa e de Cristandade é um facto da História que não pode ser invalidado nem pelo mais brilhante dos sofismas … . Mas não é menos verdade que há presenças na cultura europeia, para além do Cristianismo: a presença grega e latina, persa e (na época moderna) a judaica. Se há também uma presença muçulmana, isso já é mais difícil de determinar. (Davies 15)

A Europa deveria reger-se pelo direito individual à vida, liberdade, religião, propriedade e dignidade que conduzirão a uma consciência colectiva de um destino humano comum.
O amplo pluralismo de valores da União Europeia deveria acompanhar estes nobres princípios de conduta humana:

  1. O argumento do poder das grandes nações deveria ser substituído pelo argumento do direito das pequenas nações.
  2. O argumento do mito histórico deveria ser substituído pelo argumento da responsabilidade histórica.
  3. O argumento do débil compromisso político deveria ser substituído pelo argumento do forte empenho moral.
  4. O argumento do comportamento pecaminoso deveria ser substituído pelo argumento do humilde arrependimento de Adão.
  5. O argumento da falsidade deveria ser substituído pelo argumento da verdade de Abraão.
  6. O argumento da vingança deveria ser subs- tituído pelo argumento do amor de Jesus.
  7. O argumento da guerra deveria ser substituído pelo argumento de Muhammad da paz para toda a humanidade.

A identidade enquanto continuidade da memória

A Europa tem de enfrentar muitas questões essenciais:

  1. O que é a memória europeia, se é que existe?
  2. O que é a continuidade da memória europeia enquanto identidade?
  3. Ela é somente política? É cultural por natureza? É focalizada na religião?
  4. Será a memória europeia apenas uma memória do passado?
  5. Terá a Europa uma memória presente?
  6. Ousará a Europa ter uma memória futura com múltiplos credos?
  7. Estará a Europa preparada para aceitar a memória do Islão enquanto continuidade da sua memória e das suas múltiplas identidades?

Temo que a Europa ainda apresente alguma relutância em aceitar a memória do seu futuro, na qual o Judaísmo e o Islão evoluem a par com o Cristianismo. Eu encaro a Europa como uma sociedade aberta, com múltiplas identidades de um determinado espírito político, de um pulsar cultural único, de uma alma religiosa pluralista que encontra a felicidade no seu objectivo de unidade com uma diversidade de oportunidades espirituais.

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Fundamentalismo Islâmico na ribalta

M. Yiossuf Mohamed Adamgy

“Não há coerção na religião” – (Alcorão, 2:256)

“O conhecimento das pessoas acerca umas das outras deve ser promovido; sem o conhecimento mútuo não haverá a compreensão mútua e sem a compreensão mútua não haverá respeito mútuo e sem respeito mútuo não haverá confiança mútua, e sem confiança mútua não haverá paz, mas sim inevitáveis conflitos entre as civilizações”. (Roman Hertzog, Político Alemão).

O fundamentalismo Islâmico dominou e domina os meios de comunicação ocidentais ao seguirem as actividades dos militantes muçulmanos. Quem é o fundamentalista e o que significa este termo? é o muçulmano com o turbante o muçulmano com a grande barba o muçulmano com as calças a três quartos ou os muçulmanos suprimidos lutando pela liberdade?

Segundo a Enciclopédia de Cambridge, fundamentalismo significa: uma tendência teológica que procura preservar o que é considerado as doutrinas essenciais (fundamentais) da fé Cristã. O termo foi usado, originalmente, pelo movimento protestante dos Estados Unidos nos anos 20, caracterizado por uma interpretação literal da Bíblia, e revivido pelos movimentos cristãos conservadores nos finais do século XX. Habitualmente é qualquer posição teológica que se oponha ao liberalismo. De acordo com o Dicionário de Oxford, fundamentalismo significa: (no pensamento cristão) crença que a Bíblia é literalmente verdade e deve formar a base do pensamento e prática religiosos. Por conseguinte, é uma expressão usada para descrever a estrita aderência às doutrinas Cristãs (ausência de erro na Bíblia, nascimento virginal e divindade de Jesus Cristo, remissão dos pecados através da sua morte, ressurreição física de Jesus), baseada numa interpretação literal da Bíblia.

Como se vê, o conceito de fundamentalismo surge em ambiente Cristão, sendo completamente estranho ao Islão: nada existe na Doutrina Islâmica que se lhe possa assemelhar. Não existe Fundamentalismo no Islão, pela simples razão de que não existe no Islão um “conjunto mínimo de conceitos fundamentais” tudo nele é fundamental. Praticar oração, fazer jejum, dormir, acordar, comer, beber, cumprimentar o Muçulmano que se encontra, trabalhar, não cometer adultério, lutar pelo Bem e rejeitar o Mal, etc… Não existem pontos mais fundamentais que outros… Como é que então a palavra fundamentalismo acabou associada ao Islão?

É o ressurgimento dos militantes muçulmanos suprimidos nas várias partes do mundo que lutam pela liberdade ou independência do seu País, ou para criar estados islâmicos (salvaguardando a tolerância exigida pelo Alcorão para com os não Islâmicos)? Estas pessoas seguem somente os ditados das doutrinas da sua religião. Há vários Ahadice e versículos do Alcorão que mandam os muçulmanos esforçarem-se de modo a divulgarem o Islão e estabelecerem a Chari’ah. Deus os enriqueceu com directivas referentes ao método, termos de referência e ponto de partida para o diálogo inter-cultural. Assim o método do diálogo seria baseado na sabedoria e pregação bondosa, como é articulado no seguinte versículo do Alcorão:

“Convida (todos) para o caminho do teu Senhor, com sabedoria e uma bela exortação.” (16:125).

Abu Hurairah (Companheiro do Profeta) disse que o Mensageiro de Deus (paz esteja com ele) disse: “Quem quer que morra sem se esforçar pela Causa Islâmica e sem o sentir como seu dever, morre numa espécie de hipocrisia.” Muçlim (Compilador das tradições do Profeta, a sua obra foi apelidada de verdadeira).

Depois de uma cuidadosa análise da Enciclopédia de Cambridge, todos os pontos tendem a centrar-se na implementação prática das doutrinas religiosas e na oposição ao liberalismo. Depois de ver a explicação da palavra no Dicionário de Oxford creio que os novos meios de comunicação ocidentais devem substituir as palavras Cristãos por Muçulmanos e Bíblia por Alcorão para darem aos Muçulmanos o rótulo de fundamentalistas. No entanto, se rejeitarmos o rótulo fundamentalista, estaríamos a rejeitar a doutrina do Islão.

O Islão rejeita o extremismo mas concilia fundamentalismo como uma irrejeitável parte da fé (fé Islâmica). Nesse caso, os verdadeiros Muçulmanos são automaticamente fundamentalistas tal como o Profeta (paz esteja com ele), os Companheiros e todos os verdadeiros Imames e Ulamas ao acreditarem nos Mandamentos de Deus de que devem governar e ser governados pela Chariah (Lei Divina). De facto, a implementação da Chariah principalmente em países onde os Muçulmanos formam a maioria é uma parte significante de Tawheed al-ibadah (Unicidade da Adoração).

Os meios de comunicação ocidentais tratam o fundamentalismo como se ele fosse uma parte desnecessária de qualquer religião (considerada monoteísta). Contudo, é frequente a comunicação social ocidental falar, erradamente, em “Fundamentalismo Islâmico” para caracterizar a acção violenta de certos grupos. Mais uma ilustração da confusão existente sobre o Islão… Sendo o Islão a Religião da paz proporcionada pela submissão (Islão) a Deus, é impensável que a violência constitua um traço característico da doutrina Islâmica.

Todos sabemos que para manter a dignidade humana se torna por vezes imperioso combater outros seres humanos. (Por exemplo, a guerra contra o nazismo, as guerras de libertação colonial, a guerra contra os criminosos sérvios nos Balcãs…). Por maioria de razão se justifica a guerra contra os que impedem os crentes de adorar Deus e de alcançar, portanto, o mais alto grau de dignidade humana. Guerra defensiva, pois.

O Islão não permite nunca guerras ofensivas. A forma de conduzir a guerra defensiva no Islão está também regulamentada e os seus limites “fundamentais” não podem ser ultrapassados. Um dos aspectos essenciais da forma de conduzir a guerra no Islão, é a ilegitimidade de produzir danos em civis e destruir a natureza. São assim rejeitadas as guerras químicas ou bacteriológicas, a bomba atómica… supremas criações da tecnologia Ocidental, fruto de uma civilização Cristã… Igualmente rejeitada é a utilização de bombas em cidades, desvios de aviões, etc.

Consequentemente, todos os grupos que utilizam formas de luta proíbidas pelos princípios Islâmicos, colocam-se à margem do Islão e deverão ser chamados “marginais do Islão”, ou algo equivalente, mas nunca “fundamentalistas Islâmicos”. Porque é que a palavra “fundamentalista” irrita os Muçulmanos? A razão é, esteve, e está associada com grupos militantes suprimidos que lutam pela liberdade política. A maior parte dos sequestros, bombardeamentos ou mortes que acontecem no mundo são-lhes atribuídos. Uma vez que a natureza interior do homem não gosta de violência e a palavra “fundamentalismo” (neste caso) é associada a violência, as pessoas tendem a desaprovar a palavra. Isto teve como resultado que Muçulmanos fracos ficassem impacientes com qualquer organização rotulada de fundamentalista pelos meios de comunicação. Porque é que os membros Muçulmanos do Islão se tornaram militantes em várias partes do mundo? As razões são numerosas e variam de lugar para lugar.

Um dos factores que encoraja o crescimento do extremismo no Médio Oriente é a manipulação política pelos poderes investidos. Eles frustraram com sucesso (manobrado) tentativas da parte de partidos islâmicos legítimos de obterem poder através de votação. De igual modo, houve prisões em massa de trabalhadores islâmicos sob acusação de conspiração para deitar abaixo governos “legalmente estabelecidos”. Todos estes factores fortaleceram as forças de extremismo, dando ênfase aos sintomas em vez da causa na raíz do mal. Interessantemente, o fundamentalismo religioso foi firmemente estabelecido entre os militantes judeus de Israel. Mas os meios de comunicação controlados pelos judeus ignoram as suas actividades e escolheram em vez disso encorajar o que eles chamam “fundamentalismo Muçulmano”. Porque se teme o Islão? Porquê o ataque violento contra o Islão?

Com estas questões à minha frente, lembrei-me do que escreveu o Dr. Omar Lufti Al Alim em Risalat-Al-Jihad edição nº 18: “O Ocidente desperto apercebeu-se pelo seu instinto e olhos sempre abertos que a mente Islâmica é um enorme arsenal e um bloco não eruptível. Mais especificamente, o Ocidente compreende que os Muçulmanos sofrem de uma ruptura de pensamento e conduta.” A ruptura é temporal na maior parte dos casos. No entanto, o Ocidente tentou e tentará sempre forçar uma separação entre o nosso pensamento e a nossa conduta para criar uma ruptura permanente. Não devemos permitir que nos divorciemos tanto do Alcorão como do Hadice ou de outra doutrina islâmica essencial. É o que cria a nossa diferença em relação a eles.

O que é mais estranho é que a palavra fundamentalista foi dissociada dos grupos cristãos fundamentalistas. Um exemplo claro é o grupo rebelde fundamentalista do Uganda: o Exército da Resistência do Senhor que luta contra o governo e tenciona governar o Uganda segundo os Dez Mandamentos da Bíblia. Esta propaganda calculada teve um sucesso significativo ao dividir os Muçulmanos em dois grupos. Os que aceitam o rótulo porque conhecem a sua religião e os Muçulmanos ignorantes que o rejeitam. Estes últimos criticam mesmo os grupos legítimos Muçulmanos rotulados pelos meios de comunicação como fundamentalistas. Uma vez que seja dado a uma organização Islâmica ou a um país este rótulo, passam por um rápido processo de metamorfose para o extremismo e finalmente para o terrorismo. Com este estado final, a organização está pronta para se juntar à lista de grupos ou países terroristas marcados para a destruição… Por isso, apelo aos meus irmãos Muçulmanos que se descontraiam com o rótulo de “fundamentalistas”.

É tudo uma estratégia calculada no sentido de dividir para reinar, apontada à unidade dos muçulmanos. Como o “inimigo” faz horas extraordinárias interior e exteriormente, rezo a Deus Todo Poderoso para que nos ajude a manter firmes na nossa fé, sensatamente. Aos não-Muçulmanos chamo a sua atenção para o seguinte: Conflito é a verdadeira coisa desejada por aqueles que forjam e manipulam factos com intenções malévolas, domínio sobre os outros, e corrupção sobre a Terra, apesar do facto de agora o mundo se ter tornado mais pequeno, nas distâncias, e diferenças de tempos e espaços grandemente reduzidas. Este facto só por si seria mais que suficiente para um diálogo inter-civilizacional do que para conflitos culturais, e para o estabelecimento da coexistência pacífica baseada na justiça, não no medo e no terror?