Posted on

Que bela Surpresa

NA

Um gesto tão simples mas de uma grandeza humana onde o Deus de todos cabe inteiro!!!

Atitudes como esta deveriam ser repetidas pelo mundo afora para aproximar as pessoas e humanizá-las.
Motorista de ônibus na Dinamarca, (nome : Mukhtar – da Somália) aniversariante no dia, vai trabalhar como faz todos os dias.
A empresa de ônibus organiza uma surpresa de parabéns para ele, com a participaçao de passageiros e de pessoas que se encontram na rua.
http://www.youtube.com/watch_popup?v=xgOyTNtsWyY

Posted on

Insegurança na Fé e Queima de Livros

(Coord. por M. Yiossuf Adamgy – in Revista Al Furqán, nº. 177, de Set. /Out. 2010)

Prezados Irmãos, Assalamu Alaikum:

Um pastor de uma pequena Igreja não-denominacional, na Florida, recebeu uma cobertura mundial sem precedentes devido ao seu plano de queimar algumas cópias do Alcorão.

Quer ele decidisse ou não levar em frente esta façanha, o facto de uma pessoa que alega ser um homem de Deus querer queimar uma escritura sagrada de outra religião é desprezível.

O Sr. Terry Jones, o pastor desta Igreja, acredita que o Alcorão é coisa do Diabo e por esse motivo deverá ser destruído. O que ele não sabe é que está, infelizmente, a profanar e a incendiar o espírito e a essência das grandes mentes da humanidade: Jesus, Moisés e todos os outros Profetas, neste processo.

Esta Igreja da Florida tem apenas cinquenta membros, contudo o impacto que criaram em todo o mundo foi imenso. Apesar de tudo, desejávamos que a nossa ‘imprensa livre’ não tivesse dado tanta atenção a este grupo insignificante, mas sim que deixasse que isto fosse um momento de ensinamento.

Este pequeno grupo de Cristãos radicais alega ser verdadeiros Cristãos da mesma forma que aqueles que destruíram as Torres Gémeas em 2001 alegavam ser verdadeiros Muçulmanos.

A comunidade Muçulmana de todo o mundo está revoltada com esta intenção de queimar o Alcorão. A melhor forma de responder a tal acto seria ignorá-lo, contudo já é demasiado tarde para isso e agora os líderes religiosos, desde os EUA até à Indonésia, foram forçados a entrar neste ‘circo’.

O que é importante nesta situação é que um grande número de líderes religiosos de todas as tradições e oficiais governamentais nos EUA manifestaram uma condenação enfática à tentativa de queimarem o Texto Sagrado.

Os Muçulmanos deverão prezar esses líderes religiosos e governamentais que deram a cara para condenar Terry Jones.

Os Muçulmanos não deverão cair na armadilha que a maioria dos islamofóbicos caiu julgando a fé pelas perversões de alguns.

Os Muçulmanos devem lembrar-se que o Islão lhes exige que demonstrem respeito pelas pessoas de todas as religiões e que promovam o pluralismo que não é definido pela política do dia.

Qualquer um que queira queimar o Alcorão não conseguirá queimar a mensagem do Alcorão. O Alcorão é preservado nos corações e nas mentes das pessoas e existem mais de três milhões de Muçulmanos em todo o mundo que já memorizaram o Alcorão.

Os Muçulmanos deverão manter os altos valores morais e quando os outros falarem em queimar o Alcorão, deveremos perder algum tempo a memorizar mais alguns versículos do Alcorão e a preencher a nossa obrigação mais importante, a de ler e compreender o Alcorão.

História sobre a Queima de Livros

É habitual que o clero, exércitos invasores e outras pessoas queimem livros, conforme pode-mos testemunhar ao longo da história da humanidade. Tal acto poderá ser feito devido:

  • Às pessoas poderem estar paranóicas em relação a ideias emergentes que desafiam a sua compreensão do mundo ou
  • Às pessoas poderem estar inseguras na compreensão da sua própria fé.

Um olhar pela história da queima de textos religiosos dar-nos-á uma compreensão do ódio e da ignorância que existiu nos nossos círculos seculares e religiosos. Fica aqui uma revisão de alguns incidentes famosos de queima de livros:

A história testemunhou a queima da Biblioteca de Alexandria pelas forças Cristãs, da Biblioteca de Bagdad pelos Mongóis, a queima de livros e o enterrar de estudiosos na Dinastia de Qin na China, a destruição dos códices Maias pelos conquistadores e padres Cristãos espa-nhóis, a queima de livros Muçulmanos e Judeus por Católicos durante a Inquisição, a queima da Torah pelos Cristãos na Alemanha e a destruição da Biblioteca Nacional de Sarajevo. Em 1193, após derrotar Jai Chand, diz-se que o exército de Ghauri, maioritariamente Muçulmano, queimou a Biblioteca de Nalanda, conhecida como Dharma Gunj, Montanha da Verdade.

Há registos de que em 367 D. C., Atanásio, o bispo de Alexandria, emitiu uma carta pascoal que exigia que os monges egípcios destruíssem todos os livros excepto os que constituíam o ‘Novo testamento’.

Na sua peça de 1821, intitulada Almansor, o escritor alemão Heinrich Heine, referindo-se à queima do Alcorão durante a Inquisição espanhola, escreveu: ‘Aqueles que queimam livros acabam, cedo ou tarde, por queimar seres humanos’ (“Dort, wo man Bücher verbrennt, verbrennt man auch am Ende Menschen.”). Os livros de Heine estavam entre os milhares de volumes que foram queimados pelos cristãos na Alemanha.

A New York Society for the Suppression of Vice (Sociedade Nova-Iorquina para a Supres-são de Vícios), fundada em 1873, inscreveu a queima de livro no seu selo, como sendo um objectivo a cumprir. A Sociedade destruiu cerca de 15 toneladas de livros, 128 toneladas de chapas de impressão e quase 4.000.000 de imagens. A Sociedade também manietou o Congresso norte-americano para incorporar os seus objectivos na Comstock Law.

Após o conselho do Ministro Li Si, o Imperador Qin Shi Huang da China ordenou a queima de todos os livros sobre filosofia e história. A isto seguiu-se o facto de um grande número de intelectuais ter sido enterrado vivo, por não acompanhar o dogma do estado.

Em 168 A.C., o monarca Antíoco IV ordenou a queima do ‘Livro das Leis’ dos Judeus, que havia sido encontrado em Jerusalém.

Por volta do ano 50 D.C. um soldado romano apreendeu um rolo da Torah e queimou-o em público. Este incidente quase levou a uma revolta judaica contra o domínio romano.

Os livros de alquimia egípcia de Alexandria foram queimados pelo imperador Diocleciano, em 292. Em 303 Diocleciano também queimou livros cristãos. Em 1242, a coroa francesa quei-mou todas as cópias do Talmud em Paris, cerca de 12.000, depois de o livro ter sido “acusado” e “considerado culpado” no julgamento de Paris.

Por volta de 1480, Tomas Torquemada pro-moveu a queima da literatura não-católica, com particular atenção para o Talmud judeu e os livros árabes, após a expulsão de muçulmanos e judeus.

Em 1490 uma série de Bíblias hebraicas e outros livros judaicos foram queimados por ordem da Inquisição Espanhola. Em 1499, cerca de 5.000 manuscritos árabes foram consumidos pelas chamas na praça pública de Gra-nada sob as ordens de Ximenez de Cisneros, Arcebispo de Toledo. Em 1526, a tradução inglesa do Novo Testamento, de William Tyndale, foi queimada em Londres por Cuthbert Tunstal, bispo de Londres. A tradução alemã da Bíblia, feita por Martinho Lutero foi queimada nas partes da Alemanha que estavam sob domínio católico em 1624, por ordem do Papa.

Em 1656, as autoridades de Boston apreen-deram o livro Quaker em público.

Em 1731, o conde Anton von Firmian Leopold – Arcebispo de Salzburg – queimou os livros luteranos.

Em 1933, os cristãos queimaram obras de autores judeus e outros trabalhos considerados “não-alemães”.

A 10 de Maio de 1933, alguns jovens cristãos influenciados pela filosofia nazi queimaram có-pias da Torah.

A 23 de Março de 1984, centenas de cópias do Novo Testamento foram queimadas em forma de cerimónia pelos judeus ortodoxos em Jerusalém.

Na história recente, tem havido vários incidentes de queima de CD’s de música e outros livros de ficção e não-ficção.

Houve vários incidentes com livros do Harry Potter a serem queimados, incluindo aqueles dirigidos por igrejas em Alamogordo, Novo México e Charleston, Carolina do Sul. Discos dos Beatles foram queimados após uma obser-vação de John Lemon a respeito de Jesus Cris-to.

Em 1988, um grupo de cidadãos muçulmanos britânicos queimaram o livro de Salman Rushdie Versículos Satânicos em Londres, seguindo-se a queima do CD de Yusuf Islam, após este ter feito algumas declarações sobre Salman Rushdie.

Em Maio de 2008, um grupo de jovens judeus queimou um grande número de cópias do Novo Testamento Or Yehuda, Israel.

Este é um lado escuro da nossa humanidade. Devemos todos fazer votos no sentido de se tra-balhar para extinguir o fogo do ódio e da intolerância. (Fonte: Religious Social Interfaith – Article Ref:IC1009-4290).

Posted on

A minha Economia

CONVERSA EDITADA POR LÚCIA CRESPO
In Jornal de Negócios | Sexta-Feira, 2 de Setembro de 2011 | Weekend, págs. 20 | 21

Ainda não é uma da tarde, sexta-feira, 26 de Agosto. Mulheres negras com vestes coloridas, guineenses, sobretudo guineenses. Homens de túnicas compridas, brancas, beges. Às duas da tarde há oração na Mesquita de Lisboa, uma das cinco preces diárias por altura do Ramadão, este ano em Agosto. O calendário lunar assim o ditou. Está sol e quando está sol e muita gente, o solo da oração estende-se até ao pátio interno da Mesquita. M. Yiossuf Mohamed Adamgy está lá. Veio de Moçambique há 35 anos e, desde então, já escreveu 200 livros e livrinhos sobre o véu, a mulher no Islão, a carne de porco, o terrorismo, a liberdade religiosa. “Sobre a usura” – a usura na Bíblia e no Alcorão é o título do seu último livro. Algumas das suas obras estiveram expostas na feira do livro islâmica em Portugal, que terminou na semana passada

O Ramadão é o mês em que nós carregamos as nossas baterias espirituais para o resto do ano. Acordo a um quarto para as cinco, faço a minha refeição de alvorada, antes do nascer do sol. Não podemos comer nada até ao pôr-do-sol, nem sequer beber água. Nada. Não é fácil, mas olhe que o ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível. Pior é para os indivíduos que trabalham nas obras, transpiram, devem ter uma dificuldade tremenda. Há pessoas que até tiram férias nesta altura para se dedicar às orações e às recitações. Mas nos países islâmicos ninguém deixa de trabalhar, o jejum tem de ser feito normalmente, e isso, sim, é que é o sacrifício, o sentir a fome daqueles que não têm casa ou pousio.

Neste mês, as pessoas são muito caridosas, distribuem a esmola, o ‘zakat’. Cada um faz as contas ao dinheiro que lhes sobrou. Sobre essa quantia há uma taxa de 2,5%. É a própria pessoa que, de acordo com a sua consciência, retira esse montante para dar a quem necessita. Aqui, na Mesquita, há uma comissão que recebe a quantia ou o rancho, um cabaz com alimentos. Mas há esmolas durante todo ano. Temos viúvas, doentes, enfim, pessoas que não têm rendimentos, que até recebem uma mensalidade. Este ano, as pessoas deram menos dinheiro, mas há mais gente a pedir, inclusivamente pessoas não muçulmanas. Nós damos. Na ruptura do jejum, durante o pôr-do-sol, aparecem 30 a 40 pessoas para comer. Esperam que as orações acabem e acompanham-nos até ao refeitório. Também aparecem indivíduos da classe média a pedir, mas a comissão sonda a capacidade económica para não ser enganada, porque já vieram pessoas com carros que não parecem ser de alguém necessitado.

A sociedade portuguesa é caridosa. Ainda há valores, um pingo de consciência, as pessoas dão o que podem, isso é humanismo. É bom, pois a sociedade, sobretudo no Ocidente, está a tornar-se muito materialista. A Europa já perdeu os valores todos. Morais, sociais. E agora chega a parte económica. Eu sou do tempo em que, quando estudava no liceu, era obrigado a ir às aulas de Religião e Moral. Aprendi o Pai Nosso e a Avé Maria e não me fez mal. Eu tinha a minha religião, mas não me sentia revoltado. Soube filtrar. Vim de Moçambique há 35 anos e as minhas filhas já nasceram cá. Quando estavam no liceu, trouxeram-me um papel para assinar a isenção das aulas da Religião e Moral. Não assinei. ‘Mas nem eles, que são cristãos, vão…’, protestaram. Enquanto estiveram sob a minha alçada foram. As aulas de moral davam ao aluno um certo valor para ter escrúpulos, para respeitar os pais, os professores, para ajudar uma velha que vai na rua. Hoje não há isso. É importante ensinar as bases morais do ser humano, sem impingir esta ou aquela religião, sem a Avé Maria, mas ensinar o mútuo respeito, a coexistência entre as várias culturas.

A religião tem vindo, pouco a pouco, a perder-se. No Ocidente perdeu-se mais depressa, embora haja muita gente na Europa a abraçar o Islão, especialmente depois do 11 de Setembro, o que é curioso. E falo da classe intelectual, jornalistas, médicos…Talvez as pessoas estejam à procura de alguma coisa, têm uma espécie de fome espiritual. Aqui, em Portugal, também há pessoas que se convertem, mas menos que em Espanha e França. Somos um país mais pequeno…A verdade é que a comunidade islâmica está a diminuir em Portugal – seremos cerca de 40 mil, chegámos a ser quase 60 mil há sete anos – muita gente tirou bilhete daqui, não há trabalho. Voltaram para Moçambique ou preferem Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, embora a crise seja geral. Até há pessoas a irem para Angola. Vão para onde conseguem fazer a vida.

Hoje as cúpulas das religiões tentam compreender-se mutuamente, dialogar, sobretudo depois do 11 de Setembro. Tirando a tragédia, condenável, que muito me chocou, acho que, de alguma forma, os acontecimentos serviram para os muçulmanos reflectirem melhor sobre a sua própria religião, pois também eram ignorantes ou tinham tradições um pouco deturpadas, como a defesa de que a mulher não podia trabalhar. O Alcorão dá toda a liberdade, ao homem e à mulher. E, por outro lado, os não-muçulmanos começaram a estudar que bicho era o Islão. Ao longo destes 10 anos, publiquei grandes e pequenos livrinhos sobre o véu, a mulher no Islão, a carne de porco, o terrorismo, a liberdade religiosa. Isto porque, após os atentados, parecia que o terrorismo estava ligado ao Islão, infelizmente…

Acabei de publicar um livro sobre a usura, os juros sobre juros. Todas as religiões condenam a usura. A própria Bíblia também a proíbe, no entanto o Vaticano foi muito benevolente nesse tema, deixou passar. Hoje em dia há muita usura, isso que o FMI está a fazer é um crime, que culpa tem o povo de o Estado ter gasto mal o dinheiro? Nós é que temos de pagar? Nos países islâmicos existe menos usura e se, por vezes, existe mais é porque esses países foram contaminados… A grande maioria do mundo islâmico chegou a ser colónia do Ocidente. Mas, em geral, há menos usura. Temos a banca islâmica, através da qual, quando há empréstimo, esse deve dar lucros a ambos, quer a quem empresta, quer a quem pede emprestado. E a perda também é dividida. Aqui, nesta banca, a pessoa que empresta tem os juros assegurados. E veja, os bancos islâmicos não sofreram tanto como os bancos do Ocidente.

O mundo islâmico sofreu de duas coisas, de colonialismo e de ditadura. Há o povo a viver mal e, eles, os líderes, com fortunas nos bancos da Suíça. (embora o povo da Líbia não vivesse mal, ninguém podia era falar, mas o cidadão líbio tinha casa do Estado, bolsas para estudar, até tinha uma conta no banco onde pingava uma percentagem dos lucros do petróleo, tornando-o, até, menos trabalhador) A ‘Primavera árabe’, mais tarde ou mais cedo, era inevitável. Qualquer opressão tem limites, há-de sempre chegar uma altura em que o povo se ergue. A situação persistiu até agora com a bênção e a benevolência do Ocidente, que apoiou essas ditaduras, quer queira quer não. Andou com o Kadhafi na mão. E, na Líbia, continua a haver manipulação. Acho que os rebeldes estão a ser apoiados pelo Ocidente porque há interesses e porque a América está a afundar- se e tem que ir procurar a algum lado. Costumo dizer que quero viver para ver a América a ser verdadeiramente democrática. A democracia não tem a liberdade, a igualdade e a fraternidade que a França proclamava. Cada um tem os seus interesses. O ser humano está a deixar de ser humano. Além disso, as democracias do Ocidente não podem ser implantadas naquelas ditaduras, não é à força que se impõe a democracia. Agora acordaram e querem pôr lá uma democracia de um dia para o outro…

Posted on

As Madrassas no Reino Unido: uma ponte para a juventude muçulmana?

Por Asim Siddiqui – Fonte: oumma (versão portuguesa de Al Furqán)

Segundo os especialistas, verifica-se, frequentemente, um fraco nível de escolaridade e uma falta de sucesso profissional entre os jovens muçulmanos britânicos.

Segundo a Josepf Rowntree Foundation, um organismo benévolo independente que se con-sagra ao desenvolvimento e à pesquisa social, o elevador social dos muçulmanos britânicos sobe mais lentamente do que o dos seus homólogos hindus, cristãos e judeus. Esta tendência verifica-se sistematicamente em toda a Europa, onde os Muçulmanos são três vezes mais ameaçados pelo desemprego de que os restantes.

Os muçulmanos são, na Europa, um dos grupos sociais mais retraídos e um dos mais desfa-vorecidos a nível económico. É, portanto, indispensável elevar as suas aspirações, aumentar as suas oportunidades de sucesso e fazer com que os jovens muçulmanos estejam envolvidos na sociedade. Neste sentido, as mesquitas e as madrassas podem revelar-se úteis.

O Reino Unido tem cerca de 1600 madrassas, sendo que estes centros de ensino religioso funcionam durante o fim-de-semana ou após a escola e que a maioria está associada a mesquitas. Nada menos do que 200.000 crianças muçulmanas de diversas etnias, com quatro a quinze anos de idade, as frequentam.

Estes estabelecimentos oferecem os dois extremos da pedagogia, desde a aprendizagem de cor dos textos religiosos até um ensinamento interactivo, onde as disciplinas islâmicas e as dis-ciplinas escolares habituais são ensinadas num ambiente onde se verifica diversão e criatividade.

As famílias muçulmanas britânicas apreciam estas madrassas associadas a uma mesquita por-que é o único lugar onde as crianças podem aceder a uma educação islâmica essencial e por-que, por outro lado, apresentam a vantagem de poder desenvolver, nesse reservatório muitas vezes inexplorado de jovens alunos, a ambição e o sucesso profissional.

Infelizmente, algumas madrassas estão desligadas do mundo real, o que impede que as crianças possam alcançar o seu pleno potencial. Um relatório do Open Society Institute, “Muslims in Europe: A Report on 11 EU Cities”, confirmava que os métodos de ensino utilizados em muitas madrassas, baseados na aprendizagem de cor e na disciplina severa, não estão em sintonia com o pensamento e a prática pedagógicos contemporâneos, e não conseguem desenvolver as competências essenciais para o sucesso na vida activa da época actual.

Outro relatório, publicado pelo Policy Resear-ch Centre da Islamic Foundation salienta a necessidade de uma melhor articulação entre as mensagens emitidas pelas madrassas e as da es-cola comum. É também indispensável favorecer uma aproximação entre as mesquitas e os sec-tores profissionais para criar confiança e alargar os horizontes dos muçulmanos no Reino Unido e em toda a Europa.

Assim, a CEDAR (www.thecedarnetwork.com), uma rede profissional Islâmica na Europa, lan-çou um programa nesse sentido. Associando-se numa parceria com a Young Enterprise, a prin-cipal organização benévola no âmbito da forma-ção profissional e empresarial, oferece, em colaboração com as mesquitas e no recinto destas últimas, cursos de orientação profissional. Esta abordagem inovadora valoriza as sinergias que os jovens muçulmanos mantêm frequentemente com as mesquitas do bairro e a grande experiência profissional dos orientadores da CEDAR. Cria-se, desta forma, uma experiência de aprendizagem na qual os jovens muçulmanos podem realmente participar.

O programa de orientação visa, não somente, engrandecer as ambições dos jovens, mas tam-bém criar vínculos com os profissionais muçulmanos, que podem, seguidamente, servir-lhes de exemplo e com os quais podem estabelecer contactos duradoiros.

Assim, durante um seminário organizado recentemente na mesquita Tawhid, em Londres, uma sessão interactiva apresentando um conjunto de experiências de aprendiagem reuniu os alunos da madrassa e outros jovens do bairro. A estes jovens foram apresentadas ferramentas e técnicas que lhes permitam construir o seu percurso de vida em consonância com as suas próprias expectativas, e com o desenvolvimento das suas competências. Um concurso destinado à apresentação do melhor business plan para uma empresa social, envolvendo a construção de um centro comunitário, incentivava os alunos a reflectir acerca das necessidades práticas da comunidade local, muçulmana e não muçulmana, além do seu próprio mundo confessional.

A mesquita Tawhid, sobejamente conhecida pelo seu conservadorismo social, permitiu que um grupo de rapazes e raparigas trabalhassem em conjunto. Percebeu o valor de um programa que possibilita que crianças muçulmanas sejam produtivas num ambiente mais relacionado com o mundo real.

Bassim el-Sheikh, uma criança de 13 anos de idade, declarou no final do seminário: ‘Sou uma pessoa muito mais confiante, sei doravante trabalhar melhor em equipa; sei ouvir mais os outros e expressar-me.’

As mesquitas britânicas procuram, lentamente, aproximar-se dos jovens, das mulheres e dos não muçulmanos. As maiores, ultrapassando o seu papel estritamente cultural, pretendem transformar-se em centros holísticos, propondo aulas de inglês, um curso de iniciação à infor-mática, salas de desporto e eventos inter-confessionais regulares.

Se as mesquitas e as madrassas conseguirem ligar-se à sociedade comum, se desenvolverem as suas aspirações e as competências de vida dos jovens que as frequentam, será então possível evitar a “guetização” que assola algumas comunidades muçulmanas britânicas e europeias e favorecer a promoção educativa e profissional dos jovens muçulmanos.